DoraEuforia, júbilo, contentamento, gáudio... Junte esses sinônimos e incorpore em uma pessoa: tia Sophia. Foi dessa maneira que ela ficou quando contei que fui convidada para o baile de boas-vindas. Eu expliquei que não foi exatamente um convite, que fui persuadida e arrebatada pela sensualidade de Raphay, e minha explicação só fez aumentar a condição eufórica dela. Sua reação foi pegar a bolsa e me arrastar porta afora para comprarmos um vestido adequado para ocasião, e sem alternativa me deixei ser levada.
Eu não parei para pensar no tamanho da cidade em que vivemos. Faz quase duas semanas que estou morando aqui, e não saí sequer uma vez para passear. Meus planos era convidar meus amigos para passearmos pela cidade no dia do trabalhador, mas não cheguei a comentar sobre o assunto com eles. Agora, tenho a oportunidade de conhecer o shopping e as butiques sofisticadas com variedades de roupas e sapatos. Para quem curte as tendências da moda o ambiente é ótimo, mas eu não gosto disso. No entanto, cá estou, entrando e saindo de lojas, passando os cabides nas araras, sem me interessar por nada.
— É melhor desistirmos, tia, fomos em tantas lojas e não encontrei nada que me agrade. Posso usar o vestido rosa que você me deu de aniversário, ele faz a linha semi formal. — digo pessimista.
— Tenha paciência. Você achará o vestido ideal — suspiro exaurida — Querida, escute. Toda menina quer ir ao baile para ser rainha e encontrar seu rei, ou quer mostrar o vestido maravilhoso que comprou para as amigas. No seu caso, vá ao baile porque quer se divertir. E nada melhor que ter um amigo como Raphay para acompanhá-la. E ele merece dançar com uma imperatriz bem vestida.
— O baile elege rainhas, tia. — A corrijo.
— Rainhas são eleitas, uma imperatriz conquista o que é seu — rebate.
Meus olhos disparam, e meu coração bate avassaladoramente. Tia Sophia falou com asseguração, não a parte da imperatriz, mas a de Raphay, ser meu. Ela oculta algo. Desde o jantar notei que anda me empurrando pra cima dele, e quando penso que não, arranja um jeito de tocar no nome do moreno. E como não tenho com quem conversar, divido com ela, o que passa na minha cabeça e no meu coração. Sempre conversamos no meu quarto, ela coloca uma erva para queimar no canto da porta, e diz ser para espantar a bisbilhotice alheia. E eu não contesto, pois, o cheiro da erva é agradável e relaxante. Deito no seu colo, e ela acaricia meus cabelos, meu rosto, me beija... Todo seu carinho me assegura seu amor, e eu me sinto amada, então conversamos... Sophia me aconselha de maneira que eu entenda, saiba o lado bom e ruim, e me deixa tomar as decisões que desejo. Mas, mesmo que tenha ouvido muitos dos seus conselhos, ainda me surpreendo ao ouvir certas coisas que ela fala. Coisas como a que acabei de ouvir, e que fazem meu coração acelerar. E para ocultar meu embaraço, falo a primeira coisa que me vem à cabeça, e que não deixa de ser verdade.
— Eu não sei dançar — Meus ombros caem— Lembra dos natais? Nathan e Elijah, nos tiravam para dançar. Eles dançavam com todas nós, e na minha vez, agiam normalmente, mas prendiam o riso. Eu tentava não pisotear os pés deles, mas acabava frustrada. — bufo chateada. — Não adianta um vestido bonito, um par maravilhoso e pisar no pé dele, quando dançarmos.
— Você me disse que ele te prometeu algo. Qual foi a promessa?
— Que minha noite seria mágica.
— Então confie. Esse rapaz exala vivacidade, desfrute do que ele te oferece. Acredite, o passado já passou, ele precisa ser lembrado, mas o que fazemos hoje, determina nosso futuro — Ela tira um vestido da arara e me mostra — O que acha deste aqui? Talvez você possa mudar o futuro quando vesti-lo para ir ao baile.
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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