RaphaelFalta pouco para a alvorada. Vênus ainda brilha no céu, e já estou de pé num bosque perto da minha casa. O lugar úmido, com árvores entrelaçadas, de chão com pedras cheias de musgos e bichos rastejantes, não é atrativo para mim! Meus sapatos estão sujos e grudados de folhas e lama, e o ar gélido, queima meus pulmões. Quem em sã consciência marcaria um encontro num lugar desses? Se uma donzela me visse agora, certamente me classificaria como um psicopata que se veste elegantemente e trama atos sórdidos contra a humanidade. A classificação seria injusta. Claro que me visto elegantemente, mas, não tramo atos terríveis. Sou bom, e apenas eu: o Arcanjo Raphael. Em toda sua glória e riqueza.
— O olhar altivo e coração orgulhoso, tal lâmpada dos ímpios é pecado — Não me movo para olhar para quem fala atrás de mim. Conheço bem o dono da voz que ousa me recitar provérbios.
— Fatum, eu tenho espelho em casa, e não estou pecando. As pessoas reconhecem minha elegância e beleza. Fazer o quê? Ninguém resiste a olhos verdes, cabelos macios ao toque, músculos na medida certa, um sorriso estonteante e; uma piscadela que promete o paraíso. — sorrio insinuante, pena que ele não vê, porque ainda estou de costas. — Ah! E não esqueça as covinhas. As mulheres se rendem a elas! — Estalo os lábios.
— Chega de se auto elogiar. Fale-me sobre sua família, seu filho e filha. Hoje é o dia em que farão amigos e inimigos — Se achega parando ao meu lado.
— Nossa, que coisa chata! Pra quê falar isso? Diga simplesmente que as aulas do ensino médio começarão, aquilo é um inferno. Todo mundo sabe disso! Canastra você hein! E não finja se importar com meus filhos, por favor. — Fatum me ignora e pergunta.
— Você me convocou antes do tempo para quê?
— Antes do tempo, o que quer dizer com isso? — Não espero sua resposta e sigo comentando o que realmente importa — Fiz uma visita a uma garota, e o anjo que cuida dela é estranho...
— Leve-me até ele — Fatum ordena como se fosse meu chefe. Só que não!
— Não o levarei até ele. O que tenho para te dizer não se refere somente a Nathan Aiken. — Sacudo os pés para tirar o excesso de folhas e assinalo para que passe na minha frente. — Quem me intrigou foi a garota. Ela é diferente. — Ele toma a dianteira e continua a conversa.
— O anjo ao qual visitou é Nathan Aiken?! — inquiri com espanto. Ergo as sobrancelhas e torço a boca. O engraçadinho fica ótimo atuando — Deixe o garoto em paz, não mexa com quem tá quieto. Ele é um anjo excelente! — fala com se referisse a um deus.
— Ele não é um anjo excelente! Assim como a garota também não é o que deveria ser!
— O quê ela deveria ser? — indaga com enfado na voz.
— Normal?
— As Prometidas não são normais — afirma Fatum como se eu fosse um tolo que não soubesse do fato.
— É esse o ponto Fatum, eu sei quem a garota é, e Nathan Aiken a protege de uma maneira que… beira a insanidade. — Paro por um instante, mas ele continua a caminhar. — E eu só quero entender a razão, não era para ser assim, a ruiva é...
— Estou ciente da vida que o anjo leva, e ela não te interessa — me corta com autoridade — Tome conta da sua que é desregrada!
— Não me importo com a vida, ou com aquele filho da puta que me deixou com o peito doendo! Só estou interessado na garota.
— Respeite seu irmão e as decisões que ele toma — admoesta.
— Ele me desrespeitou primeiro, ainda enfiou aquela mão nojenta em mim. Aposto que tenho germes até a alma!
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ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)
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