45- Meu presente de despedida

937 116 636
                                    

               Mil perdões, galera, após a correção o capítulo ficou maior que o esperado.

                            Dora

Paro na varanda da casa de Alexia. Se bem que com uma enorme piscina externa, um terraço, colunas e fachadas brancas, a natureza ao redor e as imensas janelas de vidro, a casa deveria ser chamada de mansão. A porta de madeira é entalhada com temas angelicais, a maçaneta reluz dourada e ao lado há um quadrado com números, creio que a porta também abra com um código. Sem coragem de tocar a campainha, contemplo a decoração da varanda pensando no ontem. Eu recebi uma mensagem de Alysson, me abalei com a notícia e fui abraçada por Raphael, e pela primeira vez na vida me senti segura nos braços de um homem que não Nathan. Infelizmente tive que ir embora, e a primeira coisa que fiz ao chegar em casa, foi procurar Sophia e abraçá-la fortemente. Dei meus pêsames pela morte de sua irmã e lhe contei as últimas palavras de Circe. Pensei que me interrogaria, mas Sophia sorriu e disse que, quando se ama às vezes é necessário se sacrificar pela pessoa amada. E Circe se sacrificou para entregar um recado a mim, — ela se sacrificou por amor a Sophia. Não contrariei minha tia e fiquei com minhas dúvidas já que Circe disse que não a perdoaria, mas uma coisa é falar, outra é fazer. Então deixei o dito pelo não dito.

 Ficamos deitadas na minha cama. Sophia contou várias histórias sobre a vida das Três Irmãs. Ela riu; chorou e se distraiu; mas também quis saber de mim, e eu contei a aventura que vivi com Raphael. Sophia adorou ouvir o relato. Morri de vergonha ao contar que ele viu a tatuagem que fiz. Ela se alegrou me lembrando que foi a própria quem me levou ao estúdio para fazê-la. Sophia é a única que sabe da minha “rebeldia”. 

A conversa sobre Raphael prosseguiu, e segundo minha tia, ao tirar minha roupa, ele me olhou como quem olha uma paciente. Ela afirmou que Raphael jamais faria nada fora dos padrões, — eu apenas caí nas provocações dele. Será que ele era tão comportado como dito? Quem sabe? A verdade é que ambos os lados tiveram sua cota de provocações, e bem intensas por sinal. Não quero nem pensar! Volto ao presente arfando lamentosamente. Me abri com Sophia em relação a Raphael, mas quando contei sobre Nathan e sua Marca, dissimulei meus sentimentos, e agora, faço o mesmo. Empurro o ontem para o fundo da mente, e treino um sorriso antes de tocar a campainha. 

Alexia congestionou meu telefone com várias mensagens me pedindo para vir a casa dela. Ela recebeu a notícia da viagem muito bem e disse ter um bom motivo para se alegrar. Hoje é dia do trabalhador, e todos comemoram o feriado à sua maneira. Alexia resolveu fazer uma festa de despedida. Para mim não há motivos para festas, Raphay vai embora, no fundo, eu não queria isso, mas se é para a proteção dele, me resigno.

Maris atende a porta e me conduz pelo saguão até uma sala, e não escondo meu ar surpreso ao ver a opulência do lugar. Eu não passei por aqui ontem, se tivesse teria reparado na escada de mármore e nos móveis brancos com adornos dourados, teria parado para admirar o belíssimo lustre de cristal no meio da sala. Não, eu não vi esse cômodo, pois desci para o primeiro andar e sai da casa por outro lugar. Deduzo que eu estava nos aposentos particulares de Raphael e eles ficam em outra ala.

 E pensando no diabo... A primeira pessoa que vejo ao chegar na sala é o Anjo da Cura. Ele encontra-se sentado no bar, seu olhar me prende e me deixa… ansiosa. Não sei qual a influência desse anjo sobre mim, só sei que ele mexe comigo. Raphael, mantém um sorriso de lado e coloca o indicador nos lábios pedindo silêncio. Tenho vontade de tirar o sorriso com um soco, porém, sou civilizada, e levanto o lábio superior numa tentativa de sorriso. Imagino que o idiota não tenha contado para Raphay e Alexia que dormi aqui. É melhor assim. Raphael me provocou, eu o provoquei e se continuarmos assim... é melhor tomar cuidado, sou nova nesse negócio de luxúria, mas sei que é uma via de mão dupla, ela afeta não só a mim, mas a quem dirijo o poder. Mais uma vez olho para Raphael, que toma de uma golada só, o líquido verde do copo e displicentemente vira-se falando.

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora