32- Este é meu filho

759 124 220
                                    

             
                           Nathan

Nathan… acorda. Nathan… ô Naaaate...

Anjos não passam por fases, não são bebês que nascem, crescem, tornam-se adolescentes e envelhecem gradativamente, eles são formados com a idade de um jovem adulto. Eu sou um anjo com séculos de idade, mas agora, me comporto como um adolescente que pede mais cinco minutos de sono a mãe, no caso a Raphael, que insiste em me chamar. Porém, não dou um salto da cama por causa dele, mas, porque sinto que... Minha Rosa precisa de mim.
— Dora! — grito olhando em volta, e de imediato não reconheço o lugar, e lentamente as imagens se encaixam, o ataque de Helen, alguém tirando minhas roupas e... Alysson o que ela...— Que merda! O que foi que eu fiz! — Enterro os dedos nos cabelos e caio de volta nos travesseiros.

— Deu uns amassos na ruivinha, agora tá arrependido, né? E antes que pergunte como fiquei sabendo disso, Elijah me contou, ainda assim não resisti, e fucei sua mente quando deitei do seu ladinho para te esquentar — A voz de Raphael soa pelo cômodo escuro, ele anda até mim, mas a impressão que tenho é que há vários deles diante de mim — Olhe pelo lado bom, você estava febril, não tinha noção do que fazia e acabou se declarando para bruxa ruiva. 

    — Eu fui possuído, não tinha noção dos meus atos, a culpa é de quem a trouxe aqui. Por que não trouxeram Sophia? Ela me alertou sobre o que aconteceria comigo, com certeza saberia o que fazer.

— Pergunte a Elijah, ele te responderá precisamente. Eu falei para ele arranjar alguém para te ajudar, e ele trouxe a bruxa — Raphael fala indiferente. 

    E continua com falação costumeira, porém me desligo dele, não por ser mal-agradecido pelo que fez por mim, mas, porque todo meu ser vibra de medo. Dora não está bem. Concentro-me em ligar meus pensamentos aos dela, mas descarto a ideia, pois ela se assustaria mais do que já está ao ouvir minha voz na sua cabeça. A segunda opção é sondar o que está acontecendo através dos seus olhos. Essa é a maneira mais segura de não assustá-la. Decidido, uso a ligação que temos, e num abrir e fechar de olhos vejo a dificuldade que ela enfrenta.

— Dora está numa floresta e corre perigo. Leve-me até ela. — Corto a falação de Raphael, e ergo-me ignorando a náusea e a tontura que sinto. 

    — Eu te indiquei um homem de confiança, ele está cuidando dela. E meu filho não a deixaria sozinha — Raphael retruca calmamente. 

    — Eu não engoli a história desse seu filho. Gostaria de saber como ele chegou até você, mas depois conversaremos sobre. Agora, minha preocupação é com a Dora. E você me ajudará quer queira, quer não. 

    — Mal-agradecido! Você ficou uma semana de cama, esquentei suas costelas, troquei seu soro, e é assim que me agradece? 

    Raphael viaja, quem o ouve falar acredita que eu estava no soro mesmo. A encenação ofendida dele é boa, porém não me convence. 

    — Raphael, Dora necessita de mim. — profiro entre os dentes. — Se você não quiser me ajudar entenderei. — entoo uma leve ameaça. — Pelo que percebi, fiquei apagado tempo demais, e você quer me contar o que sucedeu, então, ajudaremos Dorotéia e depois deixarei que você vomite tudo que deseja. E Prometo que terei paciência contigo. 

    — A garota não corre perigo Nathan, deixe-a, o que tenho a dizer é sério demais! Você não pode sair em disparada, ela tem meu filho, Kirk e... 

    — A paciência é uma virtude, e resta bem pouco dela em mim. — Ele tenta me decifrar, mas meu comentário é suficiente para que decida. — É graças a você que estou de pé, mas se algo acontecer com Dora, eu morro. 

ENTRE A VIDA E A MORTE - LIVRO 1 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora