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Catarina
Me despedi do Lucas e do Arthur, mas não consegui ir embora e assim que eles entraram no quarto fiquei do lado de fora esperando.

Lucas - Viu, eu sabia que cê iria conseguir!

Flávia - É... obrigada!- falo admirada olhando o Arthur mamar.- Ele é tão lindo, né!- ele concorda com a cabeça.- Nem acredito que saiu de mim!- rimos.

Lucas - Cê... não pensou nele quando pegou aquele frasco de comprimidos?

Flávia - Eu só queria que aquela sensação horrível passasse. Eu não queria fazer mal para ele... nunca!

Lucas - Podia ter conversado comigo, ou pedido ajuda, qualquer coisa.

Flávia - Eu disse pra você que eu não estava bem, mesmo assim você foi embora.

Lucas - Eu achei que...

Flávia - Que fosse frescura, ou drama? Eu sei, mas aquele dia foi sério. Nada do que eu tinha feito, nenhuma das minhas tentativas de mudança fez você querer ficar comigo, com a gente. Eu estava muito abalada, me sentindo sozinha e apesar de ser um momento especial pra mim está sendo muito difícil. Todas essas mudanças na minha vida, no meu pensamento, no meu corpo, nos meus sentimentos... não significou nada pra você!

Lucas - Não é bem assim! Notei mudanças em você, mas isso não tem nada a ver com nós dois. Não somos mais só eu, você e o que já tivemos. Somos nós dois, pais do Arthur e por ele!

Flávia - Você nunca vai voltar pra mim, não é?- falo com os olhos marejados, ele não responde.- Eu quis tanto você comigo, sentindo ele mexer na minha barriga, crescendo dentro de mim, foram sensações e descobertas que eram pra ser divididas entre nós. Mas estar passando por tudo sem você foi dolorido demais pra mim.

Lucas - Eu sinto muito por você se sentir assim, eu fiz o melhor que eu podia, mas cê já sabe que eu tenho outra pessoa...

Flávia - Eu me sentia um fardo pra você, pro seu pai e chegou a um ponto que nada mais era agradável, tudo era triste e sem graça...se eu não podia ter você, eu não queria mais viver...

Lucas - Nós temos o Arthur agora e ele precisa muito de você, dessa maturidade que você está desenvolvendo e eu vou estar sempre por perto como estive todas as vezes que você precisou. Não estaremos mais juntos como um casal, mas estaremos sempre juntos como pais, por um bem maior!

Flávia - sorrio de canto.- Ainda amo você! - ele baixa a cabeça e olha para o chão.- E quando tudo ficar difícil e eu não souber o que fazer?- choro.- Vou poder contar com você?

Lucas - Lógico, eu vou sempre fazer tudo o que for possível pelo nosso filho.-limpo seu rosto, enxugando suas lágrimas.

Flávia - E se o melhor para ele for ter os pais juntos. Você faria isso, abriria mão dela, por nós?

Catarina
Do lado de fora do quarto pude ouvir toda a conversa deles. Não a condeno, já passei por isso e sei que não é fácil, são muitos sentimentos misturados e muita insegurança. Saio do hospital e vou pra casa, fiquei pensando em uma maneira de administrar a situação, mas nada me vinha na cabeça.
Liguei para dona Cleusa, a minha coordenadora de voluntariado do instituto do câncer infantil e conversamos um pouco, ela sempre tem bons conselhos. Mais tarde o Lucas ligou para avisar que chegaria mais tarde, tomei um banho e tentei comer alguma coisa.

Lucas - Oi amor!- beijo ela.

Catarina - Oi! Achei que você fosse chegar mais tarde...- ele me olhou sorrindo.

Lucas - Não me quer mais?- tiro o casaco.

Catarina - Não é isso! É que como a Flávia teve alta e bebê novinho exige um pouco de cuidados, achei que você fosse ficar mais...

Lucas - Cê sabe que ele é calminho. Sinto até o cheirinho dele dos dias que ele ficou aqui...

Catarina - Eu também!- falo com saudade.- Três dias passaram muito rápido, mas ele está bem agora.

Lucas - Eu tentei dar banho nele hoje, mas me molhei mais do que dei banho nele.- ela ri.- Ele é a coisa mais linda do mundo, depois do banho, dormiu no meu colo.- ela me observava, enquanto eu falava.

Catarina - Que bom, eu quero muito que você seja um pai presente...

Lucas - Eu vou ser, mas quero mesmo é ser um bom pai!

Catarina - Vai ser! Porque você é uma boa pessoa, o Arthur é uma criança de sorte por ter você como pai!- ele sorriu e me beijou.

Não foi por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora