Catarina
Na segunda feira o meu dia ficou muito mais bonito logo após o almoço, quando dei de cara com aquele rostinho sorridente. Ela me contou sobre o seu fim de semana e parecia muito feliz. Eu também me sinto feliz por ela ter se divertido, mas um sentimento que não sei explicar toma conta de mim. Talvez um pouco de ciúmes ou egoísmo da minha parte, por não ter conseguido ficar com ela, sei lá.Ana - A mãe dela está na recepção, ela quer saber se você pode atendê-la.
Catarina - Claro!
Ana - Como orientadora social, não como uma pessoa com muito amor pela filha dela, ok!?
Catarina - Entendi!- deixo ela ali, brincando com as coleguinhas e vou ao encontro da mãe dela.- Boa tarde, tudo bem?
Sandra - Oi, tudo bem sim!- ela me cumprimentou e fomos para sua sala, onde sentei-me de frente para ela.- A Akemi falou em você o final de semana todo.- ela sorriu.
Catarina - É? Nos aproximamos muito desde a chegada dela aqui. Ela é uma criança muito amorosa, cheia de graça e super inteligente.
Sandra - É mesmo? Porque ela apronta todas!- rimos.
Catarina - Isso é normal, coisa de criança saudável. Como foi o final de semana dela?
Sandra - Bem... ela não me aceita muito, é mais apegada com a minha mãe. Mas você já deve saber da história, e eu também... não sou muito boa no meu papel de mãe, mas eu sempre tentei fazer o melhor que posso.
Catarina - Acredito que sim!
Sandra - Mas ela se divertiu bastante, viu as irmãs, alguns primos e brincou bastante.
Catarina - Que bom!- conversamos mais um pouco e percebo que ela me fazia muitas perguntas aleatórias sobre a minha vida.
Sandra - Quis te conhecer por dois motivos: primeiro porque Akemi não para de falar em você e segundo porque queria entender qual o motivo dela querer estar aqui...
Catarina - Me desculpe, mas até onde eu sei, não foi uma escolha dela estar aqui, ela foi entregue.
Sandra - Sim, sim! Mas ela pedia o tempo todo para voltar, porque ela queria a profe Cati.
Catarina - Que amor!- falo lisonjeada.
Sandra - Queria saber como ela criou um elo tão grande com você, porque ela é tinhosa!- ri.
Catarina - Ela é uma criança incrível e eu não tenho filhos, mas gostaria muito de ter e simplesmente amo Akemi como se ela fosse minha! Com todo respeito.
Sandra - E talvez ela seja, mesmo que involuntariamente.- consigo sentir o amor, só de ver a forma como ela se refere a Akemi.
Catarina - Involuntariamente?
Sandra - É, tipo um encontro de almas. Como se vocês já se conhecessem de outras vidas...essas coisas que não tem explicação, mas só a gente senti.
Catarina - Ah tá! Entendi.- até que conversamos bastante, ela foi embora e ficou de voltar outro momento para conversarmos mais.
Poucos dias depois...
Catarina - Bom dia!
Ana - Bom dia! A Sandra está esperando por você...
Catarina - Tá bom!- vou até a recepção.- Oi, bom dia!
Sandra - Bom dia!- seguimos novamente para a sala dela. Conversamos sobre a minha gravidez da Akemi, sobre alguns dos meus relacionamentos que não deram certo, sobre os problemas que tive com álcool e drogas, mas basicamente nossa conversa se resumiu a Akemi.
Catarina - Você sabe que sou assistente social e eu gostaria muito de saber quais são os seus planos para a Akemi. Quanto tempo vocês pretendem deixá-la aqui? Essas coisas.
Sandra - Eu não sei responder...eu não tenho um emprego, também não posso contar com o pai dela, a minha mãe não tem mais saúde e a minha família não tem condições. Estou tentando conseguir um emprego, mas é muito difícil, ninguém quer contratar uma dependente química em tratamento. Às vezes eu digo pra ela que assim que der eu vou levá-la para morar comigo, mas ela responde que quer ficar aqui com você.- ela sorriu.
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Não foi por acaso
FanfictionCatarina Ribeiro, uma jovem estudante de Assistência Social de 24 anos,casou-se muito cedo por amor, porém o homem que ela acreditava ser o "amor da sua vida", não era exatamente quem ela imaginava ser. Sentindo-se desprotegida e totalmente desampar...