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Mais tarde...

Enfermeira - Os pais do paciente transplantado querem conhecer a alma generosa que salvou o bebê deles.

Catarina - Não, pelo amor de Deus!- peço e ela sorri.

Cleusa - Já imaginava que você diria isso!- falo entrando no quarto para vê-la.

Catarina - Você voltou! Não quero te dar nenhum trabalho, eu estou bem.

Cleusa - Trabalho nenhum e vou voltar quantas vezes forem necessárias.- ela ri. Conversamos um pouco, mas saí, assim que a enfermeira a medicou para dor e ela adormeceu.

Flávia - Enfermeira!- a chamo quando a avisto no corredor.- Desculpa a insistência, mas eu preciso saber se vou conseguir conhecer a doadora do Arthur?

Enfermeira - Eu fiz o que pude, mas...

Flávia - Por favor! - imploro.- Eu seria extremamente grata, se pudesse agradecer pessoalmente essa pessoa que salvou a vida do meu filho.

Enfermeira - Eu entendo, mas eu preciso da autorização do doador. Não posso simplesmente levá-la sem que ela autorize.- ela insiste tanto e chorou tão emocionada, parecia estar tão grata que acabou me comovendo e contra todos os princípios éticos a levo até o quarto, onde a paciente está.

Flávia
Entro e a vejo dormindo, a luz está apagada e ela está ligada ao soro, oxigênio e um outro aparelho que mede seus batimentos e sua pressão. A enfermeira explica que é só um procedimento padrão e que ela está muito bem. Me aproximo e levo um enorme baque ao reconhecer ela.
Lágrimas caem no meu rosto ao lembrar imediatamente de todas as coisas que fui capaz de fazer, armar e pensar contra ela. E agora, mesmo depois de tudo que fiz, ela está aqui, dando ao meu filho uma segunda chance de viver bem.- penso. Seguro em sua mão e agradeço.

Enfermeira
A mãe do bebê,ç ficou extremamente emocionada e agradecida.- Você precisa ir embora agora, se alguém a ver aqui ou se ela acorda estarei perdida!- ela concordou e saiu, fiquei ali por mais alguns minutos, não demorou muito a dona Cleusa chegou para passar a noite com ela.

Flávia
Fiquei completamente sem ação, muitas coisas passaram pela minha cabeça e chorei muito, mas muito mais por pensar no tipo de pessoa que fui capaz de ser até agora.

Catarina
Tive uma ótima noite e no dia seguinte após o almoço ganhei alta. Eu tinha terminado de tomar um banho e me vestir, comecei a arrumar as minhas coisas e estava muito feliz em saber que o Arthur tinha passado a noite bem.

Flávia - Oi! - falo entrando no quarto, ela e a senhora que a acompanha me olham, mas ela não diz nada.- Não me pergunte como, mas já sei de tudo...eu passei aqui ontem a noitinha, mas você estava dormindo.- ela me olha surpresa.- Confesso que fiquei muito surpresa ao ver você.

Catarina - Eu não quero discutir, eu...

Flávia - Eu vim te agradecer. Mas eu sei que não existe nada na vida que eu possa fazer para agradecer tudo o que você fez pelo meu filho.- ela me olha sem entender e me aproximo dela.- Esse ursinho é o preferido do Arthur, eu trouxe ele pra você... tem até o cheirinho dele pra você lembrar sempre dele...

Catarina - Eu sempre lembro dele!- falo segurando o ursinho e mais uma vez sou surpreendida quando ela me abraça forte. Mas assim como apareceu, ela também foi embora.
Pego as minhas coisas, os papéis da alta juntamente com as recomendações médicas, o ursinho do Arthur e vou embora acompanhada da dona Cleusa que fez questão de me levar para casa.

Cláudia - Onde você estava minha filha?

Flávia - Fui dar uma volta para espairecer.

Fernando - É bom, relaxa um pouco e vocês dois estão precisando descansar um pouco.- falo ao ver o rosto inchado dela e o cansaço aparente do Lucas.

Lucas - É... vou buscar um café. Vocês querem?

Flávia - Eu sim!- meus pais recusam.

Não foi por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora