Akemi - O teu nome começa com a letra C, né!?
Catarina - Sim, você já sabe ler?
Akemi - Não, mas eu conheço as letras, as tias da escolinha ensinaram outro dia.
Catarina - Isso é muito legal!- ela soletrou as outras letras do meu nome. Eu fiquei muito encantada por aquele rostinho, mas não foi um encantamento qualquer, era como se houvesse uma revolução dentro de mim e um sentimento novo e diferente, nascesse naquele exato momento. Algo que eu não podia explicar, só sentir.
Akemi - Qual é o teu nome profe?
Catarina - Catarina!
Akemi - Ah é bonito, o teu cabelo também é bonito...tu vai cuidar da gente também?
Catarina - sorri.- Eu não sou professora, sou assistente social e sim, de certa maneira também vou ajudar a cuidar de todos vocês.
Akemi - O que é assistente social?
Catarina - É uma pessoa que estudou bastante e um monte de coisas chatas como por exemplo: políticas, direitos sociais, culturais e humanos, para garantir os direitos dos cidadãos.
Akemi - Mas eu não sei o que é sociais e nem cidadãos.- ela gargalhou.
Catarina - É porque você é muito pequena, quando você crescer mais um pouco eu te explico melhor. Quantos anos você tem?- ela se apressa em mostrar 4 dedinhos.- Quatro?
Akemi - Sim!
Catarina - Mas você é muito inteligente e muito linda!
Akemi - Obigada! Tu também é linda. Tu não vai embora, né?
Catarina - Bom, eu trabalho aqui e no final do dia eu vou para casa. Mas vou estar sempre aqui para ajudar a cuidar de todos vocês.
Akemi - Como mamãe ou como profe?
Catarina - Acho que um pouco de cada coisa!
Francine - Vai brincar Akemi, daqui a pouco a gente vai entrar e você não brincou porque não para de tagarelar!
Akemi - Tá bom, tá bom!... Eu gosto de ti!
Catarina - Eu também!- ela disse aquilo tão espontaneamente que meu coração se encheu de alegria, imediatamente a abracei.- Gostei muito de conhecer você!- beijei seu rosto e ela saiu toda feliz para brincar com as outras crianças.
Entrei e fiz o meu trabalho, às vezes eu a via pelo lar, fazendo suas atividades ou brincando com as outras crianças...
...Nos aproximamos muito nos últimos meses, era um carinho recíproco. Cada dia perto dela era um aprendizado e eu mal dormia direito contando as horas para amanhecer, só para poder vê-la. Sinto que a amo desde a primeira vez que a vi.Akemi - Bom dia!!!
Catarina - Ui!- quase caio, pois ela saiu correndo assim que cheguei e se jogou no meu colo.- Bom dia, princesa linda! Você está bem?
Akemi - Sim, eu tomei iogute e comi todo o pão!
Francine - E o que mais você fez? Conta pra Cati.
Akemi - Eu fiz xixi na cama.- falo no ouvido dela.
Catarina - Eu não acredito! Achei que você fosse uma mocinha!- ela cobre a minha boca.
Akemi - Shiu!- falo baixinho.- Todo mundo vai ouvi, daí eles vão ri de mim.
Catarina - Ah tá bom, desculpa! Agora vai lá com a profe Fran, que eu tenho que ir trabalhar.
Akemi - Não!!! Eu quero ficar contigo!
Catarina - Crianças não podem trabalhar! Eu volto depois e fico mais um pouquinho com você, tá bom!?
Akemi - Tu vai trabalhar nas sociais?
Catarina - Sim eu vou!- gargalhei.
Akemi - Mas eu queria ir junto...
Catarina - Crianças só brincam, estudam,comem, tomam banho, dormem e algumas fazem xixi na cama.
Akemi - Não é pra fala isso!
Catarina - Eu não disse que foi você!- faço cóssegas nela que ri e consigo convencê-la a ir com a profe e as outras crianças.
Ana - Vocês duas se deram bem, né!?!
Catarina - Muito! Nossa, tô apaixonada nessa menina. Qual é a situação dela?
Ana - A mãe é depende química e tem outros dois filhos, um de cada pai. A filha mais velha está com a avó paterna, a Akemi e a outra mais novinha moravam com a avó materna, mas ela é idosa e teve um AVC que a deixou com dificuldade de locomoção. O pai da Akemi é ausente e não conseguimos localizá-lo antes de trazer ela pra cá...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não foi por acaso
Fiksi PenggemarCatarina Ribeiro, uma jovem estudante de Assistência Social de 24 anos,casou-se muito cedo por amor, porém o homem que ela acreditava ser o "amor da sua vida", não era exatamente quem ela imaginava ser. Sentindo-se desprotegida e totalmente desampar...