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Catarina - Mas...

Cleusa - Meu bem, deixa tudo o que aconteceu para trás. Agora é tempo de solidariedade.- ela deixa escapar algumas lágrimas.- Eu sei que ainda existe muito sentimento aí, e por parte dos dois, mas tem uma vida envolvida e um pai e uma mãe com o coração dilacerado.- ela me ouviu bastante abalada, passamos mais um tempinho juntas e depois ela foi embora.

Catarina
Nem consegui me concentrar no trabalho depois daquele encontro e de toda aquela história. Fiquei muito mal, era como se eu tivesse revivendo todos os momentos horríveis que passei com o Rafael.
Por fora eu tentei disfarçar e parecer bem, mas por dentro o meu coração estava partido e eu só conseguia pensar no Lucas e no Arthur.
Depois daquele dia, todos os dias eu fui ao hospital no meu horário de intervalo. Procurei a dona Cleusa e expliquei que queria estar por perto, mas ainda não queria encontrar com o Lucas. No início ela não entendeu nada, mas também não recusou e nem questionou o meu pedido. Eu só queria vê-lo, mesmo que distante e passar boas energias para ele e o Arthur.

Cleusa - Que bom que você tem vindo!

Catarina - Oi!- me assustei quando ela se aproximou.- Eu...eu estava passando e pensei que talvez pudesse ver o Arthur...

Cleusa - Sabia que você jamais deixaria de prestar sua solidariedade para o filho do homem que você tanto ama!- ela não responde.

Catarina - Eu...

Cleusa - Não precisa dizer nada. Ele está lá na capela agora, sempre faz isso enquanto o bebê faz a quimio. Você poderia ir lá, orar com ele...

Catarina - Eu queria ver o Arthur, mas não sei se a Flávia permitiria...se tivesse um jeito dela não me ver, não quero criar problemas.

Cleusa - É difícil, mas não é impossível!

Catarina
Ela me levou por dentro, onde somente os profissionais andam, chegamos até o setor e ela conversou com uma enfermeira. Tive que ficar esperando, enquanto elas entraram e momentos depois a enfermeira me chamou e me levou até uma sala onde vesti uma roupa toda verde e uma máscara de médico. Depois ela me levou até a sala onde o Arthur e outras crianças estavam fazendo quimioterapia. A Flávia estava sentada ao lado dele que dormia, e era de dar dó. Tão pequeno e já passando por tudo isso. A Flávia está tão abatida e magra, também senti muita compaixão. Ela não me reconheceu, talvez pela máscara e pediu para eu olhar o Arthur para ela ir ao banheiro. Me aproximo e acaricio seu pezinho, mesmo abatido pelo tratamento, ele é uma criança linda. Assim que ela retorna do banheiro, saio dali um pouco desnorteada e passo pelo Lucas que não me reconheceu, talvez por eu ainda estar vestida de enfermeira e com a máscara.

Cleusa - Como foi lá?- vejo seu abatimento.

Catarina - Muito triste! Mas obrigada por me ajudar a ver ele.

Cleusa - Eu que agradeço, por você ter escutado seu coração e vindo até aqui!- a levo até o doutor Davi, que está acompanhando e atendendo o Arthur.

Catarina - Muito prazer! Eu sei que não tenho o direito de lhe pedir isso, mas será que o senhor poderia me dizer qual é a situação do Arthur Pillar de Oliveira?- ele e a dona Cleusa se olham, vejo que ela sorri para ele e então seguimos nós três para a sala dela.

Davi
Explico para ela a situação do Arthur, os tratamentos que fizemos nos últimos meses, ela ficou visivelmente sensibilizada.- Nos planejamos um transplante, mas a mãe que é compatível está com uma anemia bem importante e estamos tratando, mas eu não queria esperar muito. O organismo dele está pronto para receber, depois não sei como será!

Catarina - Eu sei como é, eu não era compatível com o meu filho e quando ele precisou, eu não pude fazer nada...

Davi - Eu coloquei ele na fila de espera, mas o que nos resta é aguardar um doador compatível. Sinto muito por você já ter passado por isso!

😱Continua?😱

Não foi por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora