Catarina Ribeiro, uma jovem estudante de Assistência Social de 24 anos,casou-se muito cedo por amor, porém o homem que ela acreditava ser o "amor da sua vida", não era exatamente quem ela imaginava ser. Sentindo-se desprotegida e totalmente desampar...
Cleusa - No início ela ia todos os dias no cemitério e ficava lá o dia inteiro, dia após dia, depois foi como se ela tivesse se conformando, se é que se pode usar esse termo, mas foi diminuindo as horas que passava lá e depois as visitas. Mas ela ainda vai lá em algumas datas e hoje é uma delas.- noto que a história mexeu com ele.- Hoje seria aniversário dele, ele completaria 5 anos se tivesse vivo. É um dia muito triste para ela.
Lucas - A senhora sabe me dizer exatamente onde ela está?
Cleusa - Ah é claro, já fui muitas vezes lá com ela.
Lucas - Pode me dizer como chegar lá?- ela concorda, anota em um papel o endereço e eu saio dali com um peso enorme no peito. Sinto que falhei ao não conhecê-la melhor, ao não perceber que por trás do seu sorriso doce, tinha tanta tristeza. Como não notei essa ferida, essa dor que ela carrega sozinha? Que tipo de amizade tenho oferecido para ela?- me pergunto enquanto me dirijo para o cemitério. Depois de andar pelas ruas e acessos do cemitério procurando por ela, me sinto perdido e o relógio marcam 14h40. Continuo procurando por ela até que encontro um funcionário que me guiou até o início do acesso onde de longe a vejo sentada na grama. Me aproximo aos poucos para não assustá-lá, ela me olha mas parece não me ver, seu olhar é triste e vazio, seu rosto está vermelho e seus olhos inchados de tanto chorar. Nas mãos ela tem um bichinho de pelúcia, fico em silêncio respeitando o seu momento, sem demora sinto sua cabeça no meu ombro e apenas a abraço sem dizer nada. Ficamos assim em silêncio sei lá por quanto tempo, e algumas vezes ela enxugava o rosto quando algumas lágrimas insistiam em cair. O sol já estava se pondo quando ouvimos o toque de um sino. Ela olha para o bichinho de pelúcia em suas mãos, toca na lápide e fecha os olhos como se estivesse se despedindo ou fazendo uma oração. Fecho os olhos e oro também, ela coloca o bichinho de pelúcia sobre a lápide e se levanta, faço o mesmo.- Cê tá bem?
Catarina - Estou!- respondo, mas acho que ele não ficou muito convencido.- Que horas são?
Lucas - São 18h12.
Catarina - O sino toca às 18 horas!- penso alto.
Lucas - O meu relógio está uns cinco minutos adiantado. Como você veio pra cá?
Catarina - Caminhando!- ele me olhou espantado.
Lucas - Caminhando? Da sua casa até aqui?- ela confirma.- Quanto tempo cê levou?
Catarina - Mais ou menos uma hora e meia.- conversamos enquanto saíamos do cemitério.- Como você me achou aqui?
Lucas - Eu liguei mas você não atendeu, então te procurei nos lugares possíveis.- ela permanece em silêncio.- Até achar a dona Cleusa, e ela me disse que você estaria aqui...- Vem, vou levar você pra casa! A levo para casa dela, o caminho todo ela não diz uma só palavra e sua tristeza é nítida.- Desde que horas você está lá?
Catarina - Não sei ao certo... saí de casa eram umas 7h15 da manhã, por aí...
Lucas - Cê comeu alguma coisa?
Catarina - Não... não estou com fome.
Lucas - Ficou o dia todo sem comer nada?
Catarina - Eu bebi bastante água!- ele chamou minha atenção, mas é impossível sentir fome com tantos sentimentos revirando a minha cabeça. Ele me trouxe para casa, entrei e fui direto para o banho, eu só queria que a água morna levasse toda essa dor que estou sentindo, junto com as lágrimas ralo abaixo.
Lucas - Catarina, cê tá bem?- bato na porta do banheiro pois ela demora. Como ela não responde dou um tempo e entro, mesmo sem sua permissão. Ela está sentada no chão do pequeno box com o chuveiro ligado. Desligo o chuveiro, pego uma toalha e me abaixo ficando na sua altura, a cubro com a toalha e ajudo ela a se levantar.
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