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Catarina - Eu não vi a irmã mais nova dela aqui. Onde ela está?

Ana - Ela é um bebê, tem só 10 meses e ficou com uma tia que pediu sua guarda.

Catarina - E só a Akemi foi retirada da família?- tento entender.

Ana - Na verdade ela foi entregue, como medida provisória já que a mãe está em tratamento contra o vício, a avó não tem saúde e nem condições financeiras de criá-la e os demais parentes que foram entrevistados, disseram que não tem condições ou interesse em ficar com ela. Então ela acabou sendo deixada aqui.

Catarina - Mas pelo visto, ela reagiu bem a situação...

Ana - No início ela chorava muito para dormir, mas é uma criança muito amorosa e não dá trabalho nenhum.

Catarina - É muito carinhosa mesmo, acho ela bastante carente, ela sempre pergunta se vou voltar.

Ana - Ela já passou por muitas situações, às vezes acho que o medo de ser deixada novamente é que faz ela fazer xixi na cama.

Catarina - Pode ser. E a adaptação da escolinha, ela já entende que mora aqui?

Ana - Ela acha que aqui é uma escolinha de dormir, mas ela ainda é muito pequena, não entende bem. A avó já veio várias vezes ver ela, mas também depende de quem a traga até aqui. E a mãe, veio umas duas ou três vezes junto com a avó, mas agora já tem duas semanas que ninguém vem vê-la e também não deram notícias.

Catarina - Como consigo uma autorização para ela passar o final de semana comigo?

Ana - Não sei se isso é possível, somos educadores e profissionais da área, não é indicado esse envolvimento com os internos.

Catarina - Ok! Mas, essa menina trouxe uma alegria imensa para a minha vida, por favor me ajuda. Pelo menos diz que vai tentar.- praticamente imploro.

Ana - Vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada.- ela sorriu e me abraçou.

Catarina
No final do meu expediente por volta das 18 horas, fui vê-la e assistimos desenho juntas com outras 8 crianças. Ela ficou o tempo todo no meu colo e fez a maior choradeira quando eu disse que tinha que ir embora.

Akemi - Eu quero ir junto!

Catarina - Não dá meu amor!- tento explicar com meu coração apertado.

Akemi - Mas eu não quero ficar sem ti!

Catarina - Mas você não vai ficar! Você vai jantar, escovar as canjiquinhas.- ela ri.-  Vai dormir e quando você acordar, eu vou estar aqui de novo,ok?- minha conversa não a convenceu, ela chorou bastante e no fim, quem já estava quase chorando era eu. Acabei ficando e ajudei a dar o jantar para ela e para as outras crianças, ajudei na escovação e só fui embora quando ela dormiu. Mesmo assim colocar ela na cama e sair foi bem difícil para mim.
Depois de dois dias a Ana me entregou um documento que me autorizava a levar a Akemi para passar o final de semana comigo. Pensa numa felicidade...
Assim que terminou o expediente nem passei para me despedir pra ela não chorar. Fui ao mercado e comprei tudo o que crianças gostam, enchi a geladeira de coisas gostosas e comprei as frutas favoritas dela.
Quase não consegui dormir de tanta ansiedade, louca para ver amanhecer e ir buscá-la. E assim que amanheceu não perdi tempo.- Oi, bom dia!

Ana - Bom dia! Que animação.

Catarina - Não vejo a hora de levar a Akemi.- ela me olha.

Ana - Desculpa Cati, mas ontem a noite a avó e a mãe a levaram.- ela fica visivelmente chateada.

Catarina - Tudo bem! Ela foi bem?

Ana - Ela reclamou bastante, porque eu tive que acordá-la e ela estava com sono, mas acabou indo. Foi pouco depois que você saiu.

Catarina - Ok!- falo um pouco desanimada.- Será que elas pretendem trazer ela de volta?

Ana - Sim, elas trarão ela na segunda feira no início da tarde.- conversamos mais um pouco, ela se despede e vai embora.

Não foi por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora