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Lucas
Fui para o escritório, mas como já tinha deixado os documentos preparados não tinha muito o que fazer. Dei uma lida em alguns documentos, mas a minha cabeça não está aqui, pego a chave do carro e vou atrás da única pessoa que parece me entender neste momento. Ligo para ela no caminho, mas só chama até cair, estaciono em frente ao seu apartamento, aperto o interfone inúmeras vezes, mas ela não atende. Mesmo sabendo que ela não trabalha mais durante o dia no RestoBizz vou até lá na esperança de saber dela, mas uma colega informa que hoje ela está de folga. Olho para o relógio e já são meio dia.- Será que ela está na faculdade?- me pergunto. Mas pelo horário ela já deve ter saído, ligo novamente e nada.
Entro no carro e vou até o hospital do câncer infantil, onde ela é voluntária talvez ela esteja lá e por sorte encontro a coordenadora dela.- Oi, bom dia!

Cleusa - Bom dia querido, como você está?

Lucas - Bem, graças a Deus e a senhora?

Cleusa - Muito bem. E os seus pais?

Lucas - Estão bem também!

Cleusa - Agradeça novamente à eles a última doação, as crianças amaram verdadeiramente!- ele sorri.

Lucas - Direi sim!

Cleusa - Veio "voluntariar" hoje?

Lucas - Na verdade, estou procurando a Catarina. A senhora a viu?

Cleusa - Ah...a doce Catarina!- ele concorda com a cabeça.- Tão pequenina e com um coração tão grande!

Lucas - É verdade! Eu não consigo falar com ela e ela também não está atendendo o celular... então pensei que talvez ela estivesse por aqui!

Cleusa - Hoje?- ele me olha sem entender.- Hoje é muito difícil você falar com ela.

Lucas - Por que? Ela está bem?- pergunto preocupado.

Cleusa - Querido, venha até o meu escritório.- assim ele fez e me acompanhou.- Você a conhece ?

Lucas - Somos amigos há uns ...10 meses para ser mais preciso!

Cleusa - E ela não te contou?

Lucas - O que? A Catarina é muito especial, mas ela também é muito fechada, no que se diz respeito a ela... já senti que ela estava querendo dizer alguma coisa, mas parece que depois ela desistia. Sei lá!

Cleusa - Sente-se, fica a vontade. - assim que ele sentou, começo a conversar.- A Catarina é muito sozinha e sinto que você se importa com ela, só por isso e somente por isso, vou te contar um pouco sobre a história dela.- ele presta atenção em mim.- A Catarina vem de uma família religiosa muito conservadora, onde tudo é pecado, cheia de ordens e princípios distorcidos.- ele me ouve atentamente.- E eles geralmente se casam cedo para evitar certos "pecados", se é que você me entende.- ele concorda com a cabeça.- Ela casou com 17 anos, por amor e muito apaixonada, foi o primeiro namoradinho dela. Alguns meses depois ela ficou grávida e veio a conhecer o seu "único e verdadeiro amor", segundo palavras dela mesmo.- sorrimos.- Bem... resumindo um pouco, o relacionamento não deu certo,por motivos que só cabem a ela lhe dizer. Ela ficou com a guarda do filho e tudo parecia ir bem, até o menininho adoecer. Ela recorreu a muitos médicos, gastou o que tinha e o que não tinha, foram muitos diagnósticos equivocados até ela receber o diagnóstico correto. Ele tinha um tumor na cabeça, um câncer raro...- ele ficou visivelmente abalado.- Eu a conheci aqui, ela veio buscar tratamento para ele. Tinha que conhecê-lo, um menino lindo, sorridente, uma criança feliz e ela uma mãe forte, cheia de fé e esperança. Mas o caso dele era grave e a demora do diagnóstico o prejudicou muito, o tratamento deixou ele ainda mais debilitado e infelizmente dois meses depois ele acabou não resistindo e faleceu.

Lucas - Nossa que história triste, não consigo nem imaginar o quanto ela sofreu!- falo triste.

Cleusa - Ela sofreu muito, aquele menino era tudo para ela.

Octávia Spencer - (atriz da foto do capítulo) - como Cleusa.

Não foi por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora