Esperança

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Hospital Phoenix ,13 de março de 2035.

  -Lauren, eu conheci uma garota hoje no trabalho, ela é igualzinha a você.O nome dela é Laura,que ironia...Ela tem apenas 16 anos, não precisa ficar com ciúmes...Aliás, quando eu olhei nos olhos dela eu senti um fio de  esperança...Ainda acredito que você vai acordar.Só pode ser um sinal de Deus.
    - Eu só queria que você soubesse o quanto eu te amo .-Balbuciava essas palavras, ao mesmo tempo em que as minhas lágrimas escorriam nas vestes brancas da paciente.
    -Camila, eu estou feliz em ver você!-A voz veio de um rapaz com um sorriso doce e olhos acesos.
    -Dudu?Que surpresa.
    -Eu vim contar a minha mãe que minha formatura em medicina é nesse final de semana.Eu gostaria que você fosse.
    -É claro que eu vou, estou muito orgulhosa por sua conquista ...e acredito que ela também está.Você é um grande homem ,agora.
     O rapaz me abraçou e juntos tentamos colocar para fora toda a tristeza de não poder desfrutar da consciência de Lauren.
     Todos os dias eu ia a Unidade de Tratamento Intensivo, contava a minha esposa sobre meu dia, lia algumas histórias, cantava, as vezes chorava enquanto acariciava as mãos frias...
     "Porque eu disse que ela estava morta?"Meus pensamentos me puniam, era muito mais fácil dizer que ela se fora, do que explicar a real situação.Quando ela veio para esse quarto pensei que seria por pouco tempo, mas os dias tornaram-se semanas ,meses e anos...E por alguns instantes pensei em desistir, era torturante vê-la definhando.
     Eu precisava desesperadamente de um milagre.Não só eu ,mas a família havia perdido o brilho, os pais de Lauren custeavam todo o tratamento, Chris ajudava e eu mal conseguia arcar com as despesas do apartamento.
Além da questão financeira, a energia necessária para acreditar que ela voltaria do coma,consumia cada um de nós.
    Eu não queria sair do lado de Lauren, morria de medo que ela retornasse e eu não estivesse alí.Ou que algo acontecesse aos meus sogros e por essa razão as máquinas que a mantinham viva fossem desligadas.
     -Sabe,Cami...eu acho que ela não vai voltar.-Ele disse com voz trêmula.
     -Não diga isso, Eduardo!De todas as pessoas do mundo;você é a que mais deveria crêr no poder da cura.Você é um exemplo.
     -Mas é diferente, eu não passei pelo mesmo que ela.
     -Eu queria que mantivesse a confiança.
      -Desculpe, estou fragilizado com essa situação , minha mãe sempre foi forte.É só mais uma luta.Ela vai vencer.
       -Isso aí.Agora vamos ter que comprar muitos jalecos brancos né ??-Tentei quebrar o gelo.
       -Cami...posso te apresentar como minha mãe aos meus colegas?
        -É ...seria uma honra.
        Nos despedimos e segui para casa,    ao entrar tive uma impressão de que não importava o que eu fizesse para tentar ser positiva em relação ao amor da minha vida estar longe por tanto tempo, eu estava mal.
        Abri um vinho e comecei a ouvir "Costumes de  Maria Bethânia", queria tanto voltar no tempo e reviver pequenos momentos...
Um beijo depois do café, a conversa antes de dormir,a risada após algo bobo que eu disse.

Lauren volta pra mim!!!

   

Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora