Segredos obscuros (Em revisão)

O casamento e a morte

A cerimônia ocorreu no final de janeiro, em uma chácara como planejado.

Ambas as noivas vestiam preto, o que não chocou muita gente, considerando ser a cor preferida das duas.

Enquanto a Avril optou por um vestido e tiara, Laura apenas prendeu os cabelos e entrou em uma camisa social e uma calça fina.

Lauren e Camila aceitaram ser madrinhas, não sem antes me consultar ,para ter certeza de que não me magoariam.

As minhas mães simplesmente brilhavam em vestidos escuros, literalmente as mais belas.

As garotinhas Alex, Alice e Anjolie jogaram pétalas de rosas pelo caminho, realmente fofas de daminhas, o Pedro carregou as alianças e acabou tropeçando ao chegar próximo a pessoa responsável pelo ritual.

Não haviam parentes do lado da loira, nem mesmo amigos, ela parecia algum tipo de excluída por razões homofóbicas, e a Laura coitada, só tinha a irmã, além de algumas amigas da Camila.

Minha vontade era gritar com todas as forças "PARE ESSE CASAMENTO!"
mas algo me impediu, talvez a vergonha, ou a ideia de ser rejeitada...

A juíza abençoou o casal, fez o ultimato e logo elas disseram "sim"  selando a união com um beijo.

A dor me perfurou em todos os pontos, me senti destruída, completamente sem chão.

Meu estômago embrulhado fez com que eu acabasse vomitando por toda a extensão de grama, até o carro.Por sorte Villanelle estava me aguardando em um táxi.

--Pra onde quer ir?--Ela indagou sorrindo tristemente.

--Para o mais longe possível.

Em algumas horas estávamos no aeroporto, ainda sentada esperando o vôo pensei em voltar, terminar a faculdade, continuar morando com a minha família, mas a tortura de conviver com a Laura completamente inacessível, me maltratava.

Desde a noite de natal, não nos falamos, e era melhor assim.

--Você é tão boa pra mim, obrigada por tudo!

--Karla, eu amo você e também esse ser crescendo na sua barriga.--A perigosa Oksana disse com um olhar de cachorrinho.

Respondi com um abraço apertado.
Nosso contato corporal aumentava progressivamente e embora meus hormônios gritassem por sexo, ainda não havíamos avançado até essa etapa.

Gostar dela não era nada difícil, além da beleza, da gentileza, e do histórico de sofrimento, a imprevisibilidade dela me atraía.

--Vamos para Paris, meu anjo!

Sempre sonhei em conhecer a Cidade Luz, no entanto eu temia por sair do país e estar em um local desconhecido com uma pessoa que ainda não confiava plenamente.De repente fui tomada pelo medo.

Era tarde para desistir, então entrei no avião rumo ao destino romântico.

(Laura)

Nunca imaginei que casaria tão jovem, todavia o destino prega peças nas pessoas.E descobrir que a expectativa de vida da mãe da Alex era de apenas seis meses, fez com que eu focasse em cuidar dela.

Avril parecia tão vulnerável, como se implorasse por socorro, mesmo assim foi a noiva mais linda que eu já vi.

A festa foi bastante animada, até o momento em que percebi a ausência da Karla.

--Onde ela está?- Perguntei discretamente à Camila.

Infelizmente recebi a notícia de que a Karla havia ido embora com a nova namorada, para morar em algum lugar da Europa, isso me entristeceu, estragando meu dia.

Passamos a lua de mel, em casa,  devido ao tratamento.

Cada dia sem saber notícias da minha ex, me aproximava do abismo.Eu não conseguia disfarçar a tristeza, a depressão me atingiu com força.

Eu tentava ser forte, pela minha companheira doente, pela família.Contudo eu me sentia vazia, sem razão para viver.

Não conseguia me concentrar nos estudos, ou no trabalho, só pensava em dormir, não me alimentava e por pouco não voltei a beber.

Os dias pareciam se arrastar, como se eu já estivesse morta, sendo torturada em um looping infernal, tudo era cinza.

--Laura, eu estou sentindo muita dor, por favor me leve para o hospital!

Segurei a Avril em meus braços, carregando o corpo levíssimo até o carro.Avisei a Lauren que estávamos indo para o hospital e solicitei a ela buscar a Alex na escola.

--Eu te amo Laura, todos esses meses ao seu lado, me fizeram muito feliz.

Meus olhos se enxeram de lágrimas, senti um nó na garganta, me impedindo de pronunciar  "eu te amo também" porque eu não amava, eu gostava muito dela devido a nossa convivência, mas amor...Isso é raro.

Havia chegado a hora de dizer adeus, superando as expectativas, a minha esposa viveu dez meses.Faleceu a caminho do hospital, naquela manhã, sem ouvir a frase que merecia.