*Contém spoilers da Série "Killing Eve".Além de algumas adaptações.
--Ana foi minha professora de inglês e francês.Por dois anos, nós tivemos um caso, na verdade ela me seduziu, já que eu era apenas uma adolescente.--A loira contou me olhando diretamente nos olhos, enquanto cortava um pedaço de carne.
--E o que aconteceu com ela?
--Cometeu suicídio, pobre Ana!-Respondeu, mastigando.
A mulher contava a história sem demonstrar tristeza genuína, embora se dedicasse a me convencer de ter sido a vítima dessa história.
--E quantos anos você tinha exatamente?-Perguntei curiosa.
--Quando a conheci tinha catorze.
--Que pedofila! E sua família como reagiu?
--Meus pais morreram em uma explosão, quando eu tinha oito anos, então fui morar com o meu tio Frank.
Ele morreu esse ano.Mas na época ele nem ligou.--Deve ser difícil ser tão solitária, perder todas as pessoas importantes em sua vida.--Abracei a loira, esfegando suas costas ternamente.
--Karla, você pode me chamar de Villanelle.-Respondeu sorrindo, desvencilhando dos meus braços.
Meu celular tocou repetidas vezes, pensei que fosse a Laura, por isso ignorei, após meia hora retornei.
--Alô.Por que me ligou, mãe?
--Onde você está, Karla?Estamos preocupadas.
--Estou na casa de uma amiga, podem ficar tranquilas.
--Filha, aconteceu algo com a Laura, ela desmaiou após uso excessivo de álcool e acabou batendo a cabeça.Estamos com ela no hospital, se puder vir até aqui, te passo o endereço por mensagem.
--Obrigada por avisar, eu vou sim!
Senti uma dor insuportável no estômago, como se tivesse sido golpeada.Eu amava aquela mulher tão profundamente, mesmo diante da traição não conseguia imaginar ela machucada, isso me causava tanto mal.
Expliquei para Villanelle o ocorrido, logo ela me ofereceu uma carona.
Ao chegar ao local me deparei com Avril do lado de fora segurando a pequena Alex.Respirei fundo, contei mentalmente até dez, passei por ela sem dizer nada.
--Karla, eu sinto muito!-Avril disse em uma voz quase inaudível.
Fingi não ouvir, andei em passos largos, até encontrar Lauren e Camila na recepção.
--Mãe, em que quarto ela está?
--No 23.
Deixei a loira para trás conversando com as minhas mães, apressei o passo até descobrir onde minha gata de olhos verdes estava.
Parei na entrada para me certificar de que ela estava acordada, analisei a situação, nada de sangue, parecia bem.
--Oi Laura, eu vim te visitar...Isso não significa que te perdoei.--Falei me aproximando da cama.
O olhar perdido me confundiu.
--Quem é você?
--Laura, não tem graça brincar com algo tão sério.
--Infelizmente ela perdeu a memória.
Nós estamos fazendo mais alguns exames, mas ainda não sabemos se a amnésia é temporária ou definitiva.--A dra.Shepherd explicou.--Pode chamar a minha irmã por favor?O nome dela é Taylor.--Laura implorou em prantos.
--Amor, a sua irmã está...
--Não tive coragem de terminar a frase.Saí da sala, impaciente.Minhas mãos tremiam, aquilo era demais pra mim.
A sensação de ser esquecida é bem pior do que ser traída.--Ela lembra de vocês?-Indaguei a Lauren e Camila.
--Não lembra de ninguém, é como se ela tivesse os últimos anos apagados.--Avril respondeu.
--Eu não falei com você!Não me dirija a palavra!-Respondi secamente.
--Karla, agora não é hora de discussões.Precisamos manter a calma.Por enquanto a Laura ficará internada, no entanto quando ela ganhar alta, será bem complicado.
Seria bem importante alguém cuidar dela.-Camila explicou.--Preciso colocar na ficha da paciente o contato para emergência!--Uma enfermeira pediu.
--Eu cuido!--Respondemos juntas, eu e a loira oxigenada.
--Somos praticamente casadas.--Falei, pegando a prancheta da mão da enfermeira.
--Eu sou a mãe da filha dela!-Avril jogou sujo.--Tentando pegar o objeto da minha mão.
Eu não resisti, bati com a pequena tábua na cara da amante da minha mulher, formando uma marca vermelha.Nesse momento Avril levou a mão ao rosto, deu as costas e saiu sem olhar para trás.
Em seguida anotei meu número e devolvi a prancheta à profissional assustada.
Villanella observando a cena riu sem medidas.
--Precisamos ir, deixamos as crianças com a minha mãe, ela deve estar se descabelando.--Lauren falou rindo de nervoso.
--Prazer em conhecê-las-Minha nova amiga falou ensaiando um aceno real.
--Você vem comigo?Ou vai passar a noite no hospital?
--Vou ficar!Sinto muito.
--Ok.Sem problemas.--Villanelle disse beijando o canto da minha boca, causando um arrepio em meu corpo.
Saiu andando sensualmente, segundos depois virou pra mim e sorriu de canto, de um jeito safado.
Mordi o lábio inferior involuntariamente, esbocei um tímido sorriso e um até mais.
Voltei a atenção para Laura, no quarto de paredes brancas sentei em uma cadeira ao lado da cama.Ela dormia
pesado, respirando ofegante, como se sentisse extremo cansaço.Fiz carinho nas madeixas escuras, imaginando como eu gostaria de estar em seu lugar.Esquecer todos os acontecimentos horríveis dos últimos anos, recomeçar.
Por um segundo me afastei."E se ela estiver fingindo?" Não!Isso é maluquice, seria uma forma de manipular não só a mim, mas a todos.
Me aproximei da pele pálida inalando o perfume gostoso, o meu vício.Laura minha heroína, morfina, nicotina...
"Que delícia!" Soltei a expressão, deitando aconchegante ao lado da minha droga preferida.Abracei seu corpo, e assim adormeci.
Algumas horas depois, acordei com uma sacudida.
--Ei querida, não é permitido deitar na cama dos pacientes!
Olhei em seu crachá estava escrito "enfermeira Rose", mais um nome para minha lista de asco.
--Sinto muitíssimo!-Falei debochando, enquanto me dirigia ao banheiro.
--Este sanitário é só para a paciente.O de acompanhantes fica ao final do corredor , à direita.
--Obrigada!-Respondi, tentando segurar para não fazer xixi naquela mulher.
Laura acordou agitada, sentou na cama rapidamente , parecendo sentir dor.
--Ei moça, você pode me trazer água?
--Sim.Eu já volto Laura.
Corri para aliviar a bexiga.Alguns minutos depois, voltei com uma garrafa contendo o líquido pedido por ela.
--Obrigada!Você é muito gentil!Qual é o seu nome?Você é enfermeira aqui?
--Meu nome é Karla.Eu sou sua namorada.Pelo menos era...Até você me trair!
Ela pareceu confusa.
--Eu sinto muito se te fiz mal.Eu realmente não lembro.--Falou com sinceridade, fazendo um beicinho tão conhecido por mim.
Como eu queria beijá-la.
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Segredos obscuros (Em revisão)
FanfictionA professora universitária Lauren, se apaixona por sua aluna Camila, de apenas 17 anos. O que ela nem imagina é que a estudante guarda um segredo terrível. *Não leia essa história se não tiver um emocional forte, há descrições de abuso, estupro e su...