Azuis ou Verdes?

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É com muito pesar que te envio essa mensagem para informar o falecimento da Avril nessa manhã.Aguardamos a sua presença no enterro amanhã às 14 horas, no cemitério da Saudade.

Ps: Estou ansiosa para conhecer o meu netinho.

Camila.

Após meses conhecendo vários países, decidimos voltar para o Brasil, porque eu não queria ganhar o meu bebê, em outro lugar.Optamos por morar no Rio de Janeiro.

Eu realmente adorava caminhar pela praia aos finais de tarde, receber a simpatia dos cariocas, além de não estar tão longe das minhas mães, apenas há algumas horas de distância.
Isso me trazia algum tipo de conforto, mesmo que não as visse por um bom tempo.

Villanele fez todas as minhas vontades durante a gravidez, e continuava a me paparicar como se eu fosse uma celebridade.

Além de ser uma ótima amante na cama, ela demonstrou ser uma excelente companhia.Mesmo assim eu pensava na Laura todas as noites antes de pegar no sono.

O meu pequeno milagre se parecia tanto com ela que seria impossível manter a mentira de que eu o havia adotado em conjunto com minha namorada.

Apenas Oksana sabia sobre a origem do Noah , nem mesmo minhas mães ficaram sabendo sobre a gravidez, caso contrário, com certeza contariam para a Laura ou insistiriam para eu ficar.

Nem sei porque passo tempo imaginando como seria diferente se tivesse contado à ela.

Agora ela está livre para ficar comigo, contudo eu não estou.
E se eu pisar na bola com a Villanelle colocarei em risco a vida de todas as pessoas que amo, entre elas a própria Laura.

--Amor, por que está tão pensativa?Aconteceu alguma coisa?--Villanele indagou preocupada.

--Podemos ir visitar as minhas mães?Quero apresentar o novo membro da família.--Disse pegando o garotinho do bebê conforto.

--Disse pegando o garotinho do bebê conforto

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--É claro.Quando quer ir?

--Agora!

A impulsividade nunca foi mal vista aos olhos da ex assassina.Então prontamente começamos a arrumar a bagagem.

Ela nem imaginava que a minha ex estava velando o corpo da esposa.
Mas parecia desconfiada.

Quando entramos no táxi rumo ao aeroporto,ela segurou na minha mão, olhou profundamente nos meus olhos e afirmou com convicção "Ela finalmente morreu, não é?!"

Confirmei com a cabeça, mordendo o lábio inferior, almejando disfarçar meu nervosismo.

Não dirigiu a palavra a mim, até chegarmos ao destino.Causando a sensação de que eu havia ferido o ego dela.

--Karla, que saudade!--Mamãe falou me abraçando, enquanto a minha namorada segurava o bebê.

Lauren apareceu na porta, com um dos meus irmãos no colo, e o restante agarrado em suas pernas.

--Quanto tempo, hein!--Disse, envolvendo o braço na minha cintura.

A minha companheira foi cumprimentada com beijo no rosto, e logo o bebê foi tirado do colo dela, pela minha mãe.

--Oh que coisinha mais linda.

Lauren lançou os olhos em direção ao bebê, me encarando em seguida.

--Quanto tempo, ele tem?

Após a resposta, ela aparentou estar calculando mentalmente, além de focar a visão na cor dos olhos do Noah.

--É inacreditável que tenham conseguido adotar esse menino lindo tão rápido.--Falou abismada.

Tentando mudar de assunto, perguntei sobre o aniversário das crianças, se estava próximo, além de tirar presentes de várias partes do mundo, de uma das nossas malas.

--Tenho que resolver uns assuntos aqui na cidade, te encontro mais tarde, Karla!

Villanele parecia outra pessoa, distante e fria, como se a verdadeira, se mostrasse apenas pra mim.

Assim que ela saiu comecei a fazer perguntas sobre o estado emocional da Laura, e as respostas me nocautearam.

--Estamos indo, você vem?

--Não, eu prefiro esperar até amanhã.Eu não aguento muito tempo em velórios.

--Vamos, filha.Ela ficará melhor com a sua presença.

Acabei cedendo.

(Laura)

A pequena Alex agarrada em meu pescoço indagava a razão da mãe  estar em uma caixa como a Branca de Neve, me insistindo para beijá-la e acordá-la.

--Meu amor, a mamãe está la no céu, ela estará sempre te olhando lá de cima.

--Não, ela está aqui!--Insistiu batendo em meu peito, incorformada.

Engoli o choro, virando o rosto para o lado.E de repente meus olhos alcançaram uma miragem, não era real, por que seria?

--Laura, eu sinto muito por sua perda!-Karla disse baixinho, há uma distância de um metro.

Um cobertor em seu colo começou a se mexer, então imaginei que fosse um filhote de cachorro ou gato.

Quando a manta foi afastada percebi que se tratava de um bebê.

--De quem é essa criança?-Falei, soltando a Alex no chão suavemente.

Meu coração estava subindo pela boca, gaguejei, tremi.

--Esse é o Noah, meu filho.

--O que?Você não era estéril?

--Eu e a Villanelle adotamos ele.

Ela agora tinha uma família com outra pessoa, e a culpa era minha.
Uma consequência de uma escolha, afetando ditetamente na vida dela.

--Posso segurar?-Sussurei.

Ela me passou o garoto dorminhoco, abrindo um sorriso singelo.

Não sei por qual motivo senti uma conexão com o menino, em instantes as lágrimas seguradas  escorreram sem piedade.

Karla pegou a polaquinha no colo, cheirando os cabelos da minha filha.

--Eu senti saudades desse cheirinho,
Alex!

--Mamãe, quero pegar o bebê também!-A menininha falou quase gritando

Os olhos da criança se abriram em resposta a voz estridente, revelando azuis esverdeados realmente encantadores.

Algo me dizia que a Karla estava mentindo, talvez fosse o olhar que ela desviava constantemente.Ou fosse o desespero, a necessidade de algo para suprir a minha tristeza.

Trocamos as crianças de colo, assim que a Camila se aproximou.

--Meus pêsames!-Ela falou me abraçando.

Em seguida foi a vez da Lauren.

Mesmo com muitas palavras de apoio, eu me sentia um caco, pior do que um lixo, porque falhei na missão de fazer a Avril feliz e perdi o grande amor da minha vida.






















Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora