Passado

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(Lauren)

      Minha esposa havia suportado tantos problemas ultimamente, que o seu emocional estava destruído.Sendo que a descoberta dos ossos de Toni, fora a gota d'água.
        A mãe de Camila, logo após a soltura do pedófilo, o dopou e o jogou em um poço abandonado, na antiga chácara.Onde o cadáver apodreceu por longos dezesseis anos.Foi o que a advogada nos contou na última visita.

         Eu me ocupava de todas as tarefas relacionadas aos bebês, enquanto a mamãe se recusava até mesmo a amamentá-los.
         -Tire essa coisa de perto de mim!!Eu não aguento mais esse choro!EU VOU ARREMESSAR ESSA MENINA NA PAREDE!-Camila gritava.

          Ela não se alimentava há dois dias, além de dormir excessivamente.
Era depressão pós parto, não poderia ser outra doença.

          -Amor, você precisa lutar, resistir!Eu te amo tanto!Por favor só uma colherada!-Falei, levando o talher até a boca da minha amada.
         Cabello cerrava os lábios e virava o rosto para o lado.Me fazendo derramar lágrimas por vê-la naquele estado.
     Eu não reconhecia aquela mulher, o brilho dos olhos castanhos apagará-se por completo.Parecia fria e sem vida.

          Mani veio visitar a amiga, mas não conseguiu obter nenhuma resposta ao conversar com ela.
          -Ei Camiii!Você é mais forte do que pensa!Eu acredito em ti!-Normani falou, tentando animá-la.
          -Você está exausta,Lauren.Deixe que eu te ajudo com as fofuras.Eu amo tanto esses meus afilhados.-Mani , disse pegando um dos bebês.

          -Eu volto de licença em fevereiro ,porque a Alice nasceu antes...Eu vou precisar contratar uma babá.E talvez seja necessário...internar a Camila.-Susurrei.
          -Eu posso vir passar um tempo aqui.O que acha?-A minha comadre ofereceu ajuda.
          -Obrigada pelo apoio, mas acho melhor...não.Porque ela não deixa que ninguém se aproxime dela.

           -Não a interne.Chame a doutora Linda, ela saberá o que fazer.Está tratando da Camz há anos.-Mani comentou, ao folhear um pequeno caderno de capa vermelha, jogado em uma mesa de centro.

           -Alô, Linda Martin ?Aqui é a esposa da Camila Cabello, Lauren Jauregui.Você pode vir aqui, é uma emergência.
            -É claro.Me mande o endereço por mensagem.-A psicóloga solicitou.
     
     ***
(Camila)

    -Olá, Camila!Você vai prestar atenção nesse pêndulo.Tente relaxar ao máximo, vou contar até dez e você vai pensar em sua lembrança mais feliz da infância.

      -  Eu estava em cima de uma árvore bem lá no topo, então eu fechei os olhos e abri os braços, sentindo o vento no meu rosto, eu parecia voar, esse era um dos meus sonhos.
     - Os raios de sol tocavam a minha pele, esquentando suavemente...Ouvia os passarinhos assobiando e sentia o cheiro de araçá.
    -  Minha única preocupação era saborear as frutas vermelhas, jogar as que estavam muito maduras na minha prima para provocar e tentar virar de cabeça para baixo nos galhos, como uma macaquinha.

    -Você precisa voltar agora, em três, dois...um.-Dra.Linda falou.
 
  Mas eu fui conduzida a uma outra memória, nada legal.

Em pé em frente a pia do banheiro, sentia entre as coxas o membro em vai e vem, nesse momento, meu maior medo era engravidar, fechei os olhos aguardando aquele demônio terminar...logo o líquido foi expelido.
Me causando um nojo profundo,  encarava o meu rosto no espelho, não me reconhecia.
  -  Ao tomar banho, me sentia suja, um verme...que nadava em meio a merda.

    -Camila,volte!-Linda falou, me sacudindo.
     -Eu estou aqui...mas eu não queria estar...eu quero morrer!Me deixe em paz!-Falei sem nem ao menos olhar para a profissional.

      -Ela vai precisar de um psiquiatra, para indicar medicamentos, eu sinto muito, Lauren...O caso dela é bem sério.Aconselho o internamento, há fortes tendências ao suicídio.
     
  Lauren abraçou a minha cabeça, derramando lágrimas em meus cabelos, beijando minha testa em seguida.
  -Eu não vou te mandar para o hospital novamente, meu amor.Nós vamos lutar contra esse mal.Você ficará bem, eu juro!-Lauren falou em meu ouvido.

    -EU TE ODEIO!Não quero você perto de mim.Me deixe sozinha...eu não tenho mais vontade de viver.-Falei batendo os braços em seu peito.
     Eu sentia raiva, ódio, melancolia, mas as vezes eu não sentia nada e esse era o pior vazio.Um enorme buraco negro na alma.
      Eu queria amar aqueles bebês, mas eles me irritavam profundamente.Tão dependentes...barulhentos e me lembravam o erro.

       -Cami!Eu vim te ver...como está?-Karla apareceu no quarto.
       -Eu tenho repulsa de você!VOCÊ É FILHA DE UM MONSTRO!-Gritei a empurrando para fora .
       -Por favor...não fale assim comigo...Cami, me magoa tanto.
       -Eu não quero falar com ninguém.Será que vocês não entendem?-Falei trancando a fechadura.
        -Abra a porta, amor!!-Lauren implorou.
        Eu não repondi.Apenas deitei na cama, me cobri por completo e adormeci.
         ***
(Lauren)

A Camila está em crise, melhor arrombar essa porta, mana!-Laura falou, ao chegar e saber do ocorrido.

-Eu tenho outra chave.-Respondi.

Ao abrir, percebi que ela estava dormindo.

-Sinto muito...Karla.Ela não está em sã consciência.Esqueça o que ela disse pra você.-Falei a abraçando.

-Eu sei...Ela nem parece a Camila.-Karla disse, soltando dos meus braços, encarando Laura.

Para completar a cena o meu filho chegou, com um semblante carregado de sofrimento, pelo fim de seu noivado com Avril.

-Mãe?O que ela faz aqui?-Olhando, para Laura com fúria.

-Eduardo...esse não é o momento.Ela é sua tia.Não seja infantil.Estamos com problemas bem mais sérios, agora.

-Eu vim ver a Camila.-O jovem falou, tentando relevar.

-Ela está dormindo.Mas eu aviso que você esteve aqui.

O Dudu que eu criei, não era o mesmo, o rapaz com o ego inflado, não lembrava em nada o meu pequeno garoto.

-Mãe...ei !Eu volto outra hora!-Se despediu, sem ao menos me tocar.

-Vocês vão dormir aqui?-Perguntei as meninas.

-Sim.-Ambas responderam.

-Eu cuido das crianças!-Laura complementou.

-Obrigada!-Falei, exausta.

"Eu preciso de fé...Meu Deus me ajude.Me dê garra, sabedoria."
Fiz essa prece...enquanto a água quente levava embora parte daquele dia.

    
         
        
   

Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora