Uma Grande Família

286 28 10
                                    

-- A paciente apresentou sinais de  alterações visuais, dificuldade em respirar e optamos por uma cesárea de emergência.Estamos monitorando a pressão.--Disse o dr.Karev.

--Posso ver a minha esposa?-Eduardo perguntou, entre lágrimas.

--O senhor pode ir até  o quarto, mas ela está sedada.

--E a bebê, podemos vê-la?--Perguntei realmente aflita.

--Sim, a criança está na UTI!

A minha filha se parecia comigo, porém com os cabelos claros da Avril.
Assim como no nascimento da Alice, não era permitido entrar no espaço de tratamento intensivo, então nos dirigimos até a emergência.

Ao entrarmos no quarto da paciente, vimos o filho de Lauren, ajoelhado ao lado da cama, em uma oração silenciosa.

Consegui ter empatia pelo rapaz, ele poderia ser um careta, todavia amava a esposa e só de pensar em perdê-la, estava arrasado.Se dependesse da fé,  com certeza ela ficaria bem.

Optamos por deixá-los a sós, voltando até a sala de vidro, onde a bebê recebia cuidados médicos.

"E se Avril morrer,como vamos cuidar dessa criança?Oh Deus, não leve a mãe do meu baby."

Após alguns minutos, fomos chamadas pelo Eduardo.

--Ela acordou e quer falar com vocês duas.

Karla estranhou ter sido convocada, contudo seguiu ao meu lado.

--Laura, Karla, eu quero que vocês cuidem da Alex!Eu sei que farão um bom trabalho.

--Ei , por que está falando isso?Você está bem!--Falei, segurando a sua mão.

Mas ela não estava, o sangue inundava o fino lençol branco que a cobria, no que parecia ser uma hemorragia.

--UM MÉDICO POR FAVOR!-Karla gritou, saindo no corredor.

As convulsões fizeram com que a loira de debatesse na cama, enquanto eu tentava segurá-la para não cair.
Em pouco tempo a equipe médica apareceu, então eu precisei sair.
Abracei Karla buscando conforto. A vontade de chorar era tão forte, que não aguentei.

***

--Ela vai ficar bem!Mas perdeu muito sangue e precisa urgente de sangue tipo O-.Alguém de vocês tem esse tipo de sangue?Estamos com um estoque baixo, devido ao acidente de ônibus que ocorreu ontem!--O médico pediu.

--Eu tenho!-Karla falou.

A cena inimaginável, a minha companheira doando vida a Avril, foi até emocionante.

Lauren e Camila apareceram para tentar ajudar, no entanto os tipos sanguíneos não permitiam.

--Como ela está?-Lauren perguntou, preocupada.

--Agora está estabilizada!-Karev respondeu.

Eduardo foi abraçado pela mãe, desabando a chorar, em seu ombro.

--Eu prometi que se ela sobrevivesse eu iria me tornar padre, e minhas preces foram ouvidas!

--Você não pode se tornar padre, acabou de se casar, filho!

--Eu  amo a Avril, mãe, mas eu não a desejo.Eu nunca tive vontade de ter relações, acho que sou assexuado.
Deveria ter seguido minha vocação.

--Ela precisa de alguém para cuidar dela, principalmente agora.Você não pode abandonar a sua família.

--Que família?Esse bebê nem é meu!Sinto muito, mas eu não consigo.Estou indo embora!

--Eduardo, se você fizer isso, esqueça que é meu filho!Nunca mais me procure.

O rapaz saiu sem demonstrar sentimento algum.

Passou por mim me encarando, achei que fosse me dar um soco, pois cerrou a mão, olhando de lado.

--Lauren, ele está alterado, tenha calma.Logo ele volta.

--Não, Laura...quando ele coloca algo na cabeça, teima, ninguém consegue tirar.Assim que a Avril receber alta, vou levá-la,com a bebê para a minha casa, pois ela não tem família aqui.Eles moram no Canadá.

--Ela pode ficar na minha casa, eu cuido dela.-Comentei.

Lauren apenas me olhou, e eu entendi o recado.Karla jamais aceitaria que a minha ex dormisse sob o mesmo teto.

***
Um mês depois

(Avril)

Passar por um parto às pressas, uma experiência de quase morte e ainda ser abandonada, me deixaram mais forte, porque o que realmente importava era que a minha filha estava bem e que logo eu receberia alta.

--Eu agradeço a sua oferta, Lauren!Mas eu prefiro ir para minha casa, não quero atrapalhar vocês!

--Não será incômodo algum, você é da nossa família agora, temos uma ligação.--Camila falou demonstrando ser sincera.

O médico trouxe a bebezinha e a entregou em meu colo, era hora de deixar aquele ambiente frio.

****

No lar de Lauren e Camila, tudo estava preparado para receber mais uma criança, elas buscaram os pertences da Alex e decoraram um dos quartos de hóspedes.

--Eu realmente, acho exagero ter que ficar aqui, mas se o médico recomendou, fazer o que né?!

--Olhe que gracinha essa loirinha, minha pequena, Alice!Ela é a sua irmã!-Lauren, mostrou à filha.

--Olhe que gracinha essa loirinha, minha pequena, Alice!Ela é a sua irmã!-Lauren, mostrou à filha

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os gêmeos estavam tentando ficar em pé, se apoiando nos móveis, para tentar olhar também.Então eu sentei no sofá, mostrando a criança aos meio irmãos.

--Uma coisa eu tenho que admitir, a Laura faz filhos realmente lindos!--Lauren afirmou, passando o braço em volta dos pequenos.

--Venham comer!Eu fiz lasanha!--Camila chamou.

Laura abriu a porta, anunciando sua chegada:

--Eu ouvi lasanha??

--Amor?Você fez uma bem grande né? Por que a Laura chegou!-Lauren zombou da garota, me fazendo rir.

Karla parecia não me odiar tanto, soube até que perguntou à Lauren se eu estava bem, dias atrás.

Laura veio direto até a filha pedindo para pegá-la.Me senti uma das esposas de um sheik árabe.Era engraçado como todos levavam a situação numa boa.

O casal  trouxe de presente um body do Rolling Stones, tão lindo.Eu agradeci e continuei observando a minha Alex no colo da sua genitora.
Percebi que Karla a olhava com admiração, seus olhos brilhavam.

Era uma grande e diversa família, ligada pelo amor e estranhamente me senti tão bem alí.Cheguei a cogitar a possibilidade de não ir embora para minha terra natal.

Após a refeição deliciosa, Laura indagou:
-O que tem de sobremesa?

Não é ao acaso que tem fama de comilona!












Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora