"Pai, ainda é cedo para me deixar!
Eu estou despedaçada.
Não posso ficar sem o meu herói, o grande e forte Michael, meu eterno rei.Seja onde for eu vou te reencontrar."--Mas ontem ele estava bem!O que aconteceu?-Camila perguntou aflita, no telefone, falando com a minha mãe.
Eu sabia, senti meu coração apertar, a falta de ar invadir meus pulmões, a boca seca.Uma vontade incontrolável de gritar.Estava tendo um ataque de ansiedade.
Lembrei das noites em que acordava chorando porque tinha pesadelo, ele vinha até o meu quarto e segurava minha mão, fazia carinho em meus cabelos até eu adormecer.
Recordei o dia em que ele me trouxe um cachorro da rua e a minha mãe surtou, então ele implorou feito uma criança, pra ela nos deixar ficar com o dog.
Foi ele quem me ensinou a andar de bicicleta, a dirigir, a trocar um chuveiro, a pescar e até mesmo cozinhar.É claro , meu pai não era perfeito, afinal ele traiu minha mãe, mas era o homem mais bondoso que conheci.
Ele tomava chá comigo, usando tiara de princesa, quando eu era pequenina, me levava tomar sorvete escondido da mamãe antes do almoço.
Era o meu pai o meu refúgio, quando eu caía e me machucava, ou tinha o ego ferido.Agora está nos braços de um anjo.
***
(Laura)Ir ao velório do Michael, foi tão estranho.Era como ser penetra em um evento fúnebre.Algumas pessoas me confundiram com a Lauren, outras me olharam com espanto.
--Quem é essa moça?O Michael teve uma filha fora do casamento?--Uma senhora perguntou a Clara, a deixando constrangida.
--Ela é a...
--Eu sou Laura, prazer!Sou irmã do Michael.
Clara arregalou os olhos, com a mentira.
--É incrível como existe gente sem noção!-Comentei com a viúva.
Eu me sentia culpada por não ter me aproximado do Michael, eu nem ao menos tentei ser filha dele.
--Sabe, Laura...meu marido era um bom homem , excelente pai.Ele queria ter contato com você, mas em respeito a mim, ele nunca te procurou.Eu disse a ele que não me importava, mas agora é tarde.Espero que me perdoe.
Abracei Clara, enxuguei gotas de tristeza escorrendo em seu rosto.
--Não se culpe, ok.
Lauren não saía do lado do caixão, assim como o Chris.
Camila estava em casa com as crianças e Karla resolveu ajudá-la.
Fui ao encontro dos meus meio irmãos, abracei Lauren, depois o rapaz.Trocamos algumas palavras e me despedi.
Ao sair do local, eu desabei, chorei como nunca havia feito.A dor de saber que eu nunca tive um pai e nunca terei, era forte demais.
***
(Chris)
Agora eu precisava cuidar da minha mãe, pois ela estava sozinha.
Envolvi os braços ao redor de Lauren e da mamãe, elas precisavam de apoio e força.Eu tentei ser corajoso, passar segurança, no entanto, quando menos percebi minha garganta apertou, eu precisava colocar para fora todo aquele pesar.
--Pode chorar, filho!Não é fraqueza.
Eu solucei, tentando esconder meu rosto nos ombros da minha irmã.
"Quem estou querendo enganar?Ela sempre foi a pessoa que me consolou e nunca o contrário".
--Obrigada por estar aqui.--Falei baixinho no ouvido dela.
***
(Lauren)O enterro é sempre mais triste, porque quando o sepulcro é selado, descobrimos nossa finitude.
Dessa vez Camila estava ao meu lado, e nossos pequenos corriam pelo cemitério, espantando os Quero-quero que circulavam pelo gramado.
--Mamãe eu achei um ninho.Venha ver!--Alice me puxou pela mão.
--Não pegue os ovinhos, filha.
Os três observavam atentamente os passarinhos.
--Mãe para onde vão os mortos?-Anjolie perguntou.
--Para terra, sua boba.Não viu o vovô?!Eles colocam na caixa e enterram.-- Pedro respondeu.
-- Eu não estou falando do corpo.Quero saber da luz, aquela brilhando alí ao lado daquela árvore.
Ele está sorrindo.Lauren olhou, mas não viu. Sentiu um arrepio, além do cheiro de charuto que seu pai fumava.
--Vamos embora, crianças!--Camila chamou.
Os trigêmeos correram em direção da mãe, enquanto Lauren andava devagar, com a caçula no colo.
--Ele disse que vai nos esperar!E que ama cada um de nós!-Angelica falou com uma voz nada infantil.
"É impossível um bebê com menos de seis meses falar.Eu devo estar ficando louca."
--Você empalideceu, aconteceu algo?Está passando mal?
--Camz, aconteceu algo muuuuito estranho.A Angelica falou comigo, mas a voz era da minha avó.
--Credo Lo.Estou com medo.
--E a nossa outra filha teve uma visão do espírito do meu pai.
--Tem certeza?Ela poderia estar só brincando.
--Eu senti, Camz.Era ele.
Em casa coloquei todas as crianças para dormir, após o banho e jantar.
Camila me olhava como se eu estivesse enlouquecendo.
--Amor, você precisa descansar.--Ela disse me puxando para um banho de banheira.
Na água, ela massageou meus cabelos, em seguida abraçou minha cintura, tentando me aquecer.
--Amor, você acredita em mim?
--É claro, Lo.Só acho que está cansada.
Precisa dormir.Camila pegou uma toalha, me ajudou a secar meu corpo.Beijou minha testa, segurou minha mão me guiando até nosso leito.
Deitei sem ao menos vestir um pijama, estava tão exausta, dormi rapidamente.
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Segredos obscuros (Em revisão)
Fiksi PenggemarA professora universitária Lauren, se apaixona por sua aluna Camila, de apenas 17 anos. O que ela nem imagina é que a estudante guarda um segredo terrível. *Não leia essa história se não tiver um emocional forte, há descrições de abuso, estupro e su...