Anjinhos

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(Camila)

"É tão gostoso namorar"-após anos de casamento refleti sobre isso.Eu e a Lauren não tivemos tempo de nos curtir, tudo foi apressado, eu fui morar com ela cedo demais, depois teve o coma, então as crianças. Não que eu me arrependesse de ter filhos, ou de ser casada, no entanto perdemos a parte mais encantadora de um relacionamento, os passeios, as viagens, as ligações intermináveis, essas coisas que acontecem em filmes.

--Ei o que você está pensando?Está tão longe, Camz!

--Eu estou lembrando de coisas que não vivemos.

--Como assim?

--Sabe Lauren...eu sou romântica e sonhadora.E sinto falta de estar assim com você.Sentir as pontas dos seus dedos no meu couro cabeludo...De ganhar flores roubadas...E de olhar as estrelas...

--Ohh meu anjo.Prometo ser uma companheira melhor e te fazer carinho até você não aguentar mais.

--Eu te amo Lauren!
--Eu amo mais, bebê!

Abracei a cintura da Lo, sentindo o cheirinho do amaciante na roupa, misturado ao perfume.

--Eu adoro esse seu cheiro.

As cores no céu se misturavam entre rosa , laranja e vermelho, o sol estava se despedindo, nos fazendo perceber que estava tarde e precisávamos ir embora.

O verde em áreas abertas parece brilhar ainda mais, e por alguns segundos me perdi naquele olhar.

Quando finalmente nos levantamos para ir pra casa, senti meu corpo ser lançado contra um tronco, e minha boca ser invadida por lábios quentes.

Segurando em minha nuca, Lauren enfiava a língua dentro da minha boca, explorando cada canto.

Eu estava quase sem ar, ao nos separarmos.E a garota segurou em minha mão, guiando-me até o carro.Carregando a nossa bebê com a outra mão.

***

(Karla)

É estranho ter todos os filhos da Laura , em casa. Mas a verdade é que eu os amo como se fossem meus.

A Alice gosta de jogar bola, é muito ativa, corre, pula e tem um jeito de quem vai ser atleta.

Pedro é o mais falante, gosta de brincar de cozinhar, faz várias "comidinhas" e trás para eu experimentar.

A Anjolie é mais quieta, gosta de desenhar, de brincar com tinta, com massinha, é observadora e inteligente,    dá ordem aos irmãos.

A Alex ainda é muito bebê, mas lembra a Laura, tem o mesmo gênio.Quando quer algo, só se acalma após receber.

Espero que eles gostem de mim, mesmo eu não sendo mãe deles.

--Amor, as suas mães chegaram, elas vieram buscar os trigêmeos.

--Ahhh, eles estão brincando, deixem eles aqui mais um pouco.Fiquem para o jantar.

--Por mim tudo bem!-Camila disse, sentando no sofá , ao meu lado.

Lauren concordou, tirando a Angelica do bebê conforto e sentando ao lado da esposa.

Elas eram o casal mais lindo do mundo, eu as admirava tanto.

--E aí eles se comportaram?--Lauren perguntou.

--Sim, eles são anjinhos.

--Isso é porque eles ainda não se soltaram.Hahahah!-Camila gargalhou.

Jantamos um peixe recheado preparado pela Laura.

Após o jantar, Lauren recebeu uma ligação que a deixou abalada.Ela saiu na sacada para falar, voltando com a boca branca.

--O que aconteceu, amor?-Camila perguntou, realmente preocupada.

--O meu pai sofreu um derrame, quase morreu.

--Nossa!Vamos lá no hospital.-Camila falou.

--Podem deixar as crianças aqui.

--Tem certeza filha?

--Sim.Vocês não precisam se preocupar.

--Ok.Obrigada.

As duas saíram, nos deixando responsáveis por suas preciosas crianças.Dessa vez até a Angelica ficou.

(Lauren)

Receber a noticia de que meu pai sofreu um AVC, me causou um choque, senti culpa por não ter visitado meus pais nos últimos meses.

Algo que me incomodou um pouco foi a insensibilidade da Laura, afinal ele é pai dela também e ela não expressou reação, como se fosse um desconhecido.Talvez eu esteja a julgando mal, porque eles nunca se aproximaram.

Chris estava segurando a mão do meu velho e minha mãe ao lado da maca, ambos pareciam assustados.

Estremeci ao entrar no quarto, abracei meu irmão e em seguida a dona Clara.O meu pai estava dormindo e eu preferi não acordá-lo.

Camila cumprimentou meus familiares e saiu em busca de um café.

Ficamos um tempo e nos despedimos, voltando para casa da Laura para buscar os meninos.

--Ele está bem foi apenas um susto.

--Ainda bem, Lo!

--Coitadas das garotas, elas devem estar exaustas.A Karla vai até desistir de ter um filho.

--Verdade.

Quando chegamos na casa das meninas, Laura nos recebeu bocejando, nitidamente cansada.

--E aí nosso pai está bem?

A frase saiu meio esgasgada, como se ela se arrependesse no ato, mas não fosse possível engolir as palavras.

--Sim.Ele perguntou se você ia visitá-lo.

--Vou tentar.

O assunto acabou aí.Então os monstrinhos cheios de energia correram para abraçar minhas pernas, enquanto Karla entregava a menorzinha em meus braços.

Camila segurou as meninas, enquanto Laura levou o Pedro até o carro, era nítida sua preferência por ele, ainda que ela tentasse disfarçar.

Em casa demos um banho coletivo nos trigêmeos, colocamos um em cada berço. E deixamos a caçula sem banho, porque ficamos com dó de acordá-la.

Quando todos dormiram, finalmente conseguimos ter um tempo para uma ducha.

Nosso banho juntas foi mais carinhoso do que sensual. Lavei os cabelos da minha gatinha, massageei as costas, em seguida ela repetiu o processo em mim, passando as mãos levemente em meus cabelos, em meus ombros, abraçando minha cintura, deixando a água quente cair sobre nós.

Nos enrolamos em toalhas, a cama parecia tão longe.Nos jogamos nela e adormecemos de cansaço.

Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora