Batalha de olhares

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(Karla)

Minha cabeça doía tanto que parecia ter sido atingida por uma bola de boliche.Além disso meu estômago estava revirado ao ponto de me fazer desejar vomitar.

--Que sede!--Exlamei ainda de olhos fechados.

Os raios solares entravam pela janela quase me cegando, então levantei da cama para puxar a cortina azul escura do quarto da ...Laura?

Quando percebi onde estava senti o sangue bombear mais rápido, "idiota, idiota, idiota" repeti mentalmente, antes de entrar no banheiro.

Tentei lembrar da noite anterior, mas apenas alguns flashes de memória embaralhada pairavam no meu cérebro.Estava bebendo em casa, escondida no quarto, quando recebi uma ligação.E misteriosamente acabei pegando um transporte, vindo direto para a boca da loba.

"E se eu saísse a francesa?Evitaria uma discussão desnecessária."

Tomei um banho para tentar melhorar, boa escolha, a água ajudou a despertar por completo.

Ainda enrolada em uma toalha branca felpuda, procurei minhas roupas pelo quarto, sem sucesso resolvi vestir uma da Laura.

--Caralho, só tem vestimenta preta.Parece a Mortícia.

Peguei a t-shirt 1975, a predileta dela e uma calça jeans, por sorte usamos o mesmo número.

Desci as escadas tentando não fazer barulho, afinal não era um bom dia para conversar.

--Karla, você estava indo sem se despedir?-Ouvi a voz rouca e triste, se aproximar de mim, quando segurei o trinco da porta.

--Eu preciso ir, eu tenho aula.

--Não sem antes tomar café, eu fiz panquecas.--Disse fazendo uma cara de cachorrinho.

Se ela soubesse o quanto me afeta com um beicinho e olhos piscando.

--Ok, mas vamos manter distância, por favor.

A garota de olhos verdes abriu o sorriso mais lindo em comemoração.

A segui até a mesa, onde um desjejum do programa Ana Maria Braga nos aguardava; com frutas, pães, biscoitos, suco natural e uma pilha de panquecas americanas, que eu adorava comer com mel.

Se meu apetite estivesse normal, com certeza devoraria tudo aquilo, mas a ressaca estava me destruindo.

Além de todos aqueles alimentos, no centro da mesa um vaso de flores coloridas enfeitava o ambiente.

--Adorei o look, minha garota preferida na minha camiseta preferida!--Falou se aproximando para beijar meus lábios.

Eu virei o rosto sendo atingida pela maciez da boca na lateral do rosto, quase próximo a orelha.E aquilo surpreendentemente me deixou arrepiada."Por que ela tinha que ser tão linda e apaixonante?"

--Se estivéssemos juntas, hoje seria nosso aniversário de três anos.

--Você lembrou?Falei levantando da cadeira, sem disfarçar a alegria.

--Na verdade eu li no meu diário, ontem.--Laura explicou, mordendo o lábio inferior ,abaixando os olhos envergonhada.

--Eu nem sei o que dizer!-Falei passando a mão entre os próprios cabelos.

--Você nem tocou na comida.

Peguei uma banana cortei em rodelas, joguei em cima da panqueca, lambuzei com mel, rezando para não passar mal.Então comi lentamente, sorrindo de leve enquanto mastigava.Isso fez a Laura enrugar o nariz em resposta.

Segredos obscuros (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora