S E I S

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Então já que é assim, se por ele eu sofro sem pausa, quem quiser me amar também vai sofrer nessa bagaça

BROKEN

Ressaca é uma merda de encarar no dia seguinte, mas a gente continua bebendo.

Abro os olhos tentando me acostumar com a claridade vinda da janela, minha cabeça lateja e sinto vontade de vomitar, parece que entrei numa briga e fui a maior prejudicada, meu corpo tá todo doído, me sinto um lixo.

Me levanto devagar do sofá vermelho onde estou deitada, olho a minha volta tentando lembrar onde estou, o lugar se parece com um depósito, à caixotes espalhados por todo o lado e muita coisa velha, faço menção de me levantar, mas tomo um susto quando percebo que estou pisando em alguém. Daniel. Ele está deitado de bruços no chão, seu cabelo mais bagunçado que o normal e como sempre dormindo de boca aberta, coloco a mão na boca para abafar o susto que eu tomo, como viemos parar aqui?

Me levanto com cuidado para não pisar em cima dele e saio pela primeira porta que vejo me deparando com o bar do Daniel, não há ninguém aqui dentro, pois ainda está fechado, as cadeiras estão em cima da mesa esperando para serem organizadas, e o sol tenta invadir o lugar pela brecha da janela, vou até o banheiro feminino e examino meu rosto pelo espelho, estou um bagaço, cabelo amontoado, maquiagem borrada parecendo a noiva cadáver e o vestido amarrotado, minha aparência reflete o desastre e a confusão que tenho aqui dentro. Abro a torneira da pia e lavo meu rosto, enquanto faço isso, aparece um filme na minha cabeça de tudo que aconteceu ontem, sem me dar conta as lágrimas escorrem dos meus olhos e se misturam com a água que lava meu rosto. Para James pode não ter sido real, mas para mim cada momento que vivemos juntos foi real e eu o amei, o que mais dói é saber que esse amor não significou de nada para ele...

Enxugo o meu rosto no papel toalha e pelo reflexo do espelho me deparo com Daniel atrás de mim, eu não deveria ficar surpresa com a visão dele sem camisa, por diversas vezes quando ele dormia lá em casa eu o via desta mesma maneira, já era algo normal, mas vê-lo atrás de mim segurando em uma mão um copo de água e na outra um analgésico me leva a época em que eu era jovem e todos os meus pensamentos era preenchidos por Daniel.

-Bom dia.- Ele da um sorriso preguiçoso, seu cabelo bagunçado e sua postura relaxada trazem de volta um adolescente de quinze anos que um dia fora.

-Bom dia.-Digo com uma careta, minha cabeça lateja mais forte e nem mesmo um Daniel semi nu pode tirar essa sensação.

-Tome, vai ajudar.-Ele me entrega a água e o analgésico, pego das suas mãos e bebo tudo de uma vez, odeio tomar remédio.

Daniel sai do banheiro e eu o sigo, ele vai para trás do balcão e prepara alguma coisa para nós, eu retiro um dos bancos que estão em cima do balcão e me sento nele.

-Não tenho nada que seja considerado um café da manhã saudável aqui.-Ele me entrega um pote com amendoins e um copo com alguma bebida que desconheço.-É uma receita nova que estou testando.-Ele se justifica quando fito a bebida cor de rosa.

-Sabe que beber antes de meio dia já pode ser considerado alcoolismo né?

Ele ri.

Estendo meu copo para ele e brindamos por nenhum motivo aparente, bebo do líquido rosa e sinto o gosto doce e amargo se misturarem fazendo a fusão perfeita.

-Delicioso.-Digo com a boca cheia de amendoim.

Ele me serve mais da bebida e coloca um pouco para ele também, jogo um amendoim na cara dele quando ele enche mais o copo dele do que o meu.

O cupido é uma criança mimada - Broken Heart Onde histórias criam vida. Descubra agora