Um: Não atenda o telefone
Você sabe que ele só está ligando porque está bêbado e sozinho
Dois: Não o deixe entrar
Você vai ter que expulsá-lo novamente
Três: Não seja amiga dele
Você sabe que acordará na cama dele pela manhã
E se você estiver debaix...
Puxar assunto nós não puxa, mas é cada olhada no visto por último.
BROKEN
[Passado]
Quando éramos mais novos, a minha casa era o refúgio que Daniel tinha para fugir das brigas incessantes dos seus pais, ao contrário da minha família, Daniel nunca teve um lar, lembro que houve um dia em que estávamos eu e Bruno jogando cartas na sala de estar e de repente nós ouvimos alguém bater na porta.
Bruno foi mais rápido que eu e saiu correndo para atender dando de cara com um Daniel todo machucado, era mais uma daquelas noites que seu pai voltava de viagem bêbado e espancava ele e a mãe.
-Posso ficar com vocês hoje?- Daniel não espera que nós digamos algo, apenas sai entrando e se senta no sofá para assistir um pouco de tv, mamãe não estava em casa, ela havia saído com a tia Josi e Bruno era o responsável da casa.
-Quer jogar?- Meu irmão convidou Daniel que silenciosamente se sentou e se juntou a nós.
Toda vez era assim, os pais de Daniel brigavam e ele ia lá para casa, mas naquela noite foi diferente, de madrugada eu tive fome e decidi ir até a cozinha afim de encontrar algo para comer, mas ao descer as escadas eu ouvi um barulho baixo como se alguém estivesse chorando, desci correndo para ver se a pessoa havia se machucado e dei de cara com um Daniel encolhido no canto do sofá, a cabeça dele estava enterrada nos braços cruzados em cima dos joelhos, meu coração se apertou ao vê-lo daquele jeito, mesmo Daniel sendo apenas uma criança de onze anos eu nunca tinha o visto chorar antes, por nada, muito menos reclamar, quando ele se machucava Daniel nunca reclamava de dor, ao contrário de mim que por qualquer motivo murmurava, toda vez que eu o via cair, ele se levantava com um sorriso e fazia piada disso, era como se ele não fosse permitido a sentir dor...
Mas naquele dia eu vi um Daniel sem toda aquela armadura de garoto forte, apenas uma criança triste.
Me sentei ao seu lado no sofá, mas ele não levantou a cabeça, eu estiquei o meu braço e envolvi suas costas curvadas, Daniel me surpreendeu quando se aproximou de mim encostando sua cabeça em meu ombro, eu acariciei as suas costas até perceber que ele havia pego no sono.
Nunca contei a ninguém sobre o que aconteceu naquele dia.
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[Dias atuais]
Meu domingo amanhece bastante barulhento, o som da minha mãe na cozinha lavando os pratos me desperta, me levanto e vou até o banheiro, mas dou de cara com uma porta fechada e um Bruno cantarolando dentro dele, frustrada, eu vou para a sala e encontro Lohayne preparando a mesa do café da manhã.
-Oi! Não sabia que vocês viriam para cá hoje! Como está se sentindo, mamãe do ano?
-Estou bem! Um pouco de enjoo, mas é normal nessa fase da gravidez!- Ela sorri radiante.- Acabamos de voltar de uma consulta e Bruno decidiu vir aqui já que era caminho.
