Hormônios

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Terceira Pessoa

Lydia seguiu ao lado da amiga Amber pelo Central Park, caminhando pelo gramado extenso e bem cuidado. Inspirou o ar fresco do ambiente aberto, observando o sol terminar de se esconder atrás das árvores enquanto a noite ameaçava nascer com o meio crepúsculo no céu.

A mulher negra, de tranças platinadas, lambeu o sorvete italiano que tinha na mão, soltando um gemido baixo de satisfação enquanto fechava os olhos.

– Deus, como isso é bom! – Elogiou ao sentir o sabor metálico derreter sobre a língua.

Martin riu baixinho, a imitando ao saborear o sorvete de morango que trazia. Elas caminharam, atravessando o gramado e adentrando na calçada extensa que era rodeada por árvores belas no qual as folhas dançando com o vento leve. Amber lançou um olhar de esguelha para a ruiva que estava distraída com o caminho.

A mulher arranhou baixinho a garganta, e por mais que não desejasse trazer preocupações para a cabeça da amiga, perguntou:

– E então, conversou com sua família?

Lydia a lançou um olhar desaprovador.

– Você disse que iria me distrair. – Acusou, embora o rosto estivesse carregado de divertimento ao provocar a amiga.

Amber deu uma risada e abaixou os olhos envergonhada. Ainda com o tom bronzeado da pele se adequando ao vermelho das maçãs do rosto, explicou:

– Só estou curiosa sobre seu desabafo. E preocupada.

Lydia engoliu ar, os ombros sobrecarregaram com as emoções que atingiram os pensamentos. Desconfortável, ela engoliu seco, escolhendo as palavras que saltavam na língua.

– Katherine e mamãe estão preocupadas, você sabe como nosso curso de enfermagem tem sido uma merda e...

– Eu sei. – Amber murmurou, e compaixão inundou seus olhos escuros nos de Lydia. – E não precisa citar o fator número dois.

O peito de Lydia agitou-se pela mera menção à Henry, e naquele simples segundo, foi como se o chão aos seus pés se abrisse. Ela engoliu as emoções que ameaçaram atingir os olhos, se concentrando na conversa ao lamber os lábios grossos e dizer:

– Querem que eu vá visitá-las em Boston assim que o semestre acabar.

– E você quer? – Amber disparou.

– É uma pergunta difícil de responder agora.

– Justo.

Quando Amber correu os olhos pela calçada, seus pés travaram e um sorriso atrevido surgiu na boca. Parada, ela arrancou Lydia dos pensamentos excessivos ao segurá-la pela mão, tendo a atenção dos olhos verdes em seu rosto iluminado.

Martin analisou a expressão satisfeita com atenção, o cenho franziu enquanto questionava:

– O que foi?

Amber voltou a atenção para a amiga e seu sorriso se enrolou ainda mais para um lado do rosto.

– Sua distração chegou.

Confusa, Lydia olhou na direção que antes prendia a tenção da mulher. Seu queixo caiu ao se deparar com Bruce sentado em um banco, distante, as mãos pairando nos bolsos da calça enquanto os olhos observavam a calçada a frente.

Ríspida e nitidamente nervosa, Martin voltou para Amber com a voz apertada em sufoco.

– Você o chamou?

Amber se divertiu, controlando uma risada que aqueceu a garganta. Os olhos quase apavorados da ruiva expuseram sua insegurança e nervosismo, obrigando Amber a tocá-la nos ombros e se aproximar.

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