Coincidências

04

Pedro

Estávamos mostrando o hotel para os formandos, e até que era tranquilo. Todo mundo indo pros seus devidos quartos e se organizando pra festa mais tarde.

Eu amava trabalhar aqui, não me divertia como eles, mas era bom também. Conhecia muita gente, viajava, e curtia muito com o muleques.

A parte ruim é que éramos restritos de muitas coisas, e por conta disso acabei quase sendo expulso e demitido real.

No fim do ano passado conheci uma menina, ficamos várias vezes e eu até que gostei, estávamos curtindo muito as escondidas, e tava divertido, mas acabou que ela se apegou mais do que devia e toda hora ficava no meu pé e por eu conhecer muita gente sempre estava com pessoais diferentes, consequentemente muita mulher. Até que veio o surto.

- 4° andar, corredor b, quarto 205 - informei para as mimadas - a festa é as 23h, estejam prontas.

- Isso se conseguirmos ir - Maria Luiza disse decepcionada apontando pra Karine que já estava rindo falando sozinha.

Provavelmente começou desde o avião.

Eu ri. - É dona Maria Luiza, sobrou pra você.

- Não pensem vocês que eu vou ficar em quarto de hotel tomando banho de água fria, eu vou é beijar muitas bocas por aí - Karine disse toda torta.

Todos rimos. A ruivinha estressada saiu arrastando as duas para o quarto e eu fiquei ali parado olhando todo mundo animado no hall do hotel.

Era engraçado ver esses formandos tão animados assim, aquilo era tão normal pra mim que nem sei, mas lembro quando foi a minha vez. Incrível, vim igual aqueles moleques que nunca viu uma buceta na vida, não sabia nem pra quem olhar já que todas aqui eram lindas. Agora olha onde vim parar, não podia nem dar em cima de uminha sequer.

Comecei a procurar os moleques que já não estavam mais ali coordenando ninguém. E num piscar de olhos o hall começou a esvaziar.

Essa festa de boas vindas era muito ruim pra quem chega a noite, pelo fato de estarem cansados da viagem de avião, e alguns -como karine- já começam a beber desde lá, então aí que cansa mesmo. Tem que ter muito pique.

Avistei João e Magalhães sentados em um sofá da recepção conversando. Provavelmente estavam esperando a equipe toda se juntar para uma reuniãozinha que tem sempre quando nós chegamos. Era chata por ser repetitiva, sempre a mesma coisa, regras que restringia a gente de tudo. Com certeza eu iria escutar algumas gracinhas.

- E aí babá - Magalhães zoou e eu bufei.

- Sacanagem o que fizeram comigo - reclamei.

- Né nada, foi dar um mole desses.

- Molecote aqui não perdoa ninguém - foi a vez de João me encher a caralha do saco.

- Vai se foder Drumondd, tu vai cair nas graças da mimadinha que eu tô responsável e eu vou te dedurar pro Lacerda hein - Eu ri.

- Tá falando da Mari? - Magalhães perguntou com ar de deboche, não entendi, mas assenti.

- Você acha que você tá responsável por ela? Só ta como representante das outras duas mesmo, porque ela é independente filhão. Veio por acordo com Carlos, fechou parcerias. Aquela ali come de graça, bebe de graça, faz o que quiser.

- Ue, quem é essa? - João se interessou.

- Ela é uma daquelas influenciadoras de São Paulo, não é uma das grandes, mas tem um público jovem bom que interessa a agência. - Explicou.