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𝐦𝐚𝐫𝐚𝐭𝐨𝐧𝐚 1/6

- Malu -

Eu não podia acreditar no que tava acontecendo, não fazia ideia no final que isso iria, mas sabia que fodeu. Todo mundo tava tão bêbado e as coisas foram acontecendo tão aleatoriamente que eu nem consegui raciocinar direito, só me assustei e consequentemente fiz com que Mariana se virasse na hora. Se eu não tivesse tão zonza, eu talvez disfarçaria, mas foi inevitável.

- Karine sua filha da puta - Ela gritou alto demais fazendo todo mundo que tava com a gente olhar. Inclusive os dois.

Karine soltou Davi na hora e veio na nossa direção com uma cara de arrependida. Eu não sabia nem o que fazer.

- Sua desgraçada nem tente me explicar, você sabe que ele não é qualquer um pra mim - Mariana falava alto e apontando o dedo na cara dela. Pude ver Davi atrás desesperado, eu sabia que ele ia tentar vir falar com ela, mas sussurrei "não se mete" e ele se aquietou.

- Calma Mari, não vai brigar por homem, você sabe que isso é contra seus princípios - Tentei amenizar, mas me arrependi no mesmo momento quando ela me olhou com uma cara de ódio. Recuei e ela se voltou pra Karine.

- É o caralho Maria Luiza, isso não tem a ver com ele e sim com nossa amizade que pelo visto não vale de nada. - Cuspiu as palavras friamente.

- Mari desculpa, eu nunca tive essa intenção, vamos conversar lá fora - Karine tentou abraçar Mariana e a única coisa que ela recebeu de volta foi um empurrão.

Todos em volta já estava percebendo o que tava acontecendo. O clima mudou na hora. O empurrão foi muito mais forte do que pareceu fazendo Karine cair no chão, mas ela logo levantou. Tudo que eu queria era arrancar Mariana dali, mas do nada João apareceu e tirou ela, aconteceu tão rápido que eu nem percebi. Logo ela não estava mais ali. Ele sussurrou um "vem" pra mim e eu só assenti.

- Davi, não vem atrás da gente, isso vai dar merda. Gente, cuida dele e você vem comigo - Puxei Karine pelos braços e ela nem relutou. Por mais que ela tivesse cometido um erro feio, eu nunca abandonaria ela ali, nunca mesmo. Tem o mesmo valor que Mariana tem pra mim e eu não viraria as costas.

João e Pedro estavam sentados com Mariana na entrada da festa. Quando ela me viu chegar com Karine pude sentir o ódio em seu olhar e eu decidi nem me aproximar antes dela se acalmar. Pedro se levantou e veio em nossa direção.

- Vamos pro outro lado, deixa João cuidar dela - Ele disse e eu só o segui.

Sentaram em um banco que tinha próximo e eu preferi ficar em pé preparando meu sermão.

- Caralho Karine o que que te deu na cabeça? Você tá louca? Mesmo que tenha se passado muito tempo e mesmo com ela dizendo que não sente mais nada, você e eu sabemos mais do que ninguém que ela não superou a dor que ele causou e nem se acostumou com isso. - Ela fechou os olhos e afundou a cabeça nas mãos. Pedro só permanecia calado.

- Cara, eu nem entendi muito o que aconteceu. Tava todo mundo muito louco, eles até se beijaram, eu pensei que tava tudo bem por causa do álcool, do nada ele me beijou e eu nem pensei em nada.

- Mano, eu nem tenho nada a ver com isso, mas não adianta chorar pelo leite derramado. Voltem pro hotel e conversem - Pedro aconselhou.

- Gente, vou só comprar uma água e vamos, preciso melhorar - Ela saiu nos deixando a sós. Sentei ao lado de Pedro e bufei. Que merda que isso aconteceu.

- Foi mal atrapalhar tua festa - Quebrei o silêncio.

- Relaxa, meu trabalho é isso, já passei por coisas piores. E quem tá com a parte ruim mermo é João, então que se foda - Ele deu de ombros. Ás vezes ele parecia um fofo, mas ás vezes demonstrava ser tão frio - E vocês nem me dão trabalho. Pensei que monitorar vocês seria um castigo, mas foi uma benção. - Ri de lado. - E foi bem ter acontecido também, não aguentava mais Clara.

- Se você não gosta porque fica com ela? - Perguntei sem nem me preocupar com o título que eu levaria de fofoqueira.

- Sei lá, ela é minha ex, já foi muito legal comigo, não consigo tratar ela mal - Assenti. - Pra uma pessoa que não gosta de intimidade você faz muitas perguntas, sabia?

- Sei. Mas é que eu sei que nunca mais vou te ver depois daqui mesmo.

- Nunca diga nunca. - Ele riu e eu apenas ignorei observando Karine se aproximando com João e Mariana.

- Pedro, já que você tá responsável por elas, vai junto pra garantir a paz por favor - João falou dando um beijo na testa da Mariana e indo embora.

- Vem - Puxei Mari pra mim e a acompanhei até a van. Sei que Pedro ficaria com Karine, então resolvi dar atenção a mais afetada.

O caminho todo foi tomado pelo silêncio e eu tinha medo disso, tinha medo do que poderia acontecer naquele quarto de hotel. Eu estava fazendo carinho na cabeça dela, enquanto ouvia ela chorar. Por sorte Karine não se atreveu a tentar se desculpar. Eu nunca quis que isso acontecesse, que ocorresse uma briga entre qualquer uma de nós e faria de tudo pra que isso passasse. Não vou deixar nunca que elas se separem por causa do Davi, ele já fez muito mal a Mari, não deixaria fazer pra nossa amizade.

Pedro estava sendo bem legal conosco, aliás, ele já foi legal várias vezes e eu gostava disso nele. Mesmo que ele oscilasse entre se importar e tacar o fodase, ele me chamava a atenção. E pelo meu bem, decidi não fantasiar mais a questão sobre eu e ele.

- Posso acreditar que vocês podem ficar sozinhas? - Pedro perguntou voltando pra van assim que chegamos.

- Relaxa, eu cuido delas - Falei e ele piscou pra mim indo embora.

Entramos no quarto do hotel e me surpreendi que não ouvi um grito assim que chegamos. Mariana se trancou direto no banheiro e pelo som do chuveiro ela provavelmente queria esfriar a cabeça. Karine se jogou na cama afundando a cabeça no travesseiro, sabia que ela estaria chorando.

- Cara, você fez merda, mas eu entendo que o que aconteceu foi no calor do momento e ela vai entender também, não se preocupa. Nossa amizade é maior do que isso. Agora levanta daí, você tá toda suja - Dei um tapinha na perna dela e ela obedeceu.

- Espero que ela pense o mesmo. - ela disse enxugando as lágrimas.

Quando Mariana saiu do banheiro, pediu pra eu acordar ela um pouco antes de se arrumar pra festa de mais tarde, eu nem contestei, queria que elas conversassem, mas ela precisava de um tempo. Tomei um banho com Karine e fui tirar um cochilo também.

Acordei eram umas 18:30, antes de acordar as duas arrumei minha mala e desci pra comprar alguma coisa pra gente comer. Podia pedir pelo telefone do quarto, mas queria espairecer. Pedi pra que entregassem uma pizza e fui dar uma volta no jardim que uma vez Pedro tinha me levado pra vomitar. Era bonito e parecia que não recebia muitas visitas. A conversa com as meninas seria difícil, então queria pensar um pouco.

- Gostou daqui? - Tomei um susto quando Pedro apareceu atrás de mim.

- Que susto garoto - Ele riu.

- Tá fazendo o que aqui?

- Só pensando.

- As meninas já estão bem?

- Não, vou subir pra conversar com elas. Espero que tudo se resolva. - Ele assentiu.

- Ela gosta dele?

- João mandou você perguntar? - Rimos.

- Olha, não. Mas ele pareceu decepcionado ao saber que ela tem outra pessoa, o que me surpreendeu porque João nunca liga pra ninguém. - Ele confessou e eu me fiz surpresa.

- Minha ruivinha faz qualquer um se apaixonar - Ele revirou os olhos.

- E você? - Ele se aproximou ficando do meu lado.

- O que você quer saber? - Me virei pra ele.

- Tá fazendo aquele barbudo se apaixonar por você também? - Ri percebendo que ele se referia ao Caio. - Você tá vermelha - Ele disse tocando na minha bochecha.

- Você tá me envergonhando. Tô sem tempo, tchau - Me virei de costas e sai dali me enfiando dentro do elevador. Só pudi ver ele sorrindo e desviei o olhar.

Quando eu resolvo abandonar meu desejo de agarrar aquele filho da puta, ele vem pra foder com tudo. Só resolvi ignorar o que tinha acontecido e entrei no quarto me preparando pra enfrentar a fera.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora