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Maratona 6/10

— Até que enfim alguém amoleceu o coração desse meu irmão, pensei que ele nunca ia desencanar e ia ficar rodando de mulher em mulher — Pierre, o mais novo, disse levantando pra me cumprimentar.

— Cala a boca, pirralho! — Pedro disse dando uma banda nele.

— Eu com 17 anos e você ainda me chama de pirralho? Vai se foder — ele disse mandando o dedo do meio e começando uma lutinha.

— Vocês dois são muito mal educados, deixando a menina aí olhando vocês se batendo igual dois idiotas. Oi Ma, sou o Phelipe, o mais responsável e maduro como você pode ver — ele disse se levantando do computador e apertando minha mão.

Eu ri.

— Sai daí Phelipe, você o mais maduro? — Pierre disse caindo na gargalhada.

— Não caia na dele, amor. Ele só gosta de dar em cima de todas as minhas minas — Pedro contou.

— Todas? — perguntei fingindo estar puta.

— Vixi, vou voltar a jogar! — Pierre disso dando play em seu jogo.

— Na-não, algumas — ele se corrigiu coçando a cabeça.

— Tô brincando idiota! — falei rindo.

— Mas claro né, tu só pega gostosa. Letícia, Clara, não pude resistir e aquela Amanda lá também — Phelipe disse contando nos dedos.

— Mas eu sou a mais legal, tenho certeza disso. Aliás, conheço todas essas — conclui me gabando.

Pedro me fitou com um sorriso no canto dos lábios e uma sobrancelha arqueada, surpreso com minha confiança.

— Assim que se fala cunhada, tem cara de ser a mais divertida mesmo! — Pierre falou se virando e fazendo um hi-5 comigo.

— Mas me conta mais Phelipe... ele trouxe todas essas pra cá, foi? — perguntei já ultrapassando o limite antes da intimidade.

Eles tinham uma sala de videogame, tinham computadores e jogos de tabuleiro em umas estantes. Pareciam ser viciados.

Me sentei na cadeira ao lado de Phelipe e Pedro ficou encostado na parede me olhando.

— Todas, e até mais. E olha que ele tem a casa dele — ele me contou.

Eu assenti querendo saber mais. Eu só estava provocando Pedro mesmo, na verdade nada disso me interessava.

Phelipe já tinha 18 anos, parecia ser bem maneiro pra conversar e Pierre parecia ser o mais
nerdzinho que gosta de jogar o tempo inteiro.

— Só do bonde dessa Amanda ele pegou todas, ainda bem que deixou uma tal de Júlia pra eu pegar também. Irmão bom é aquele que compartilha — ele disse rindo e dando um soquinho com Pedro.

— É, descobrindo que meu namorado já pegou o bairro inteiro, um galinha mesmo — provoquei negando com a cabeça.

Ele me olhou preocupado se eu estava falando aquilo sério mesmo, e até fez uma careta pra que eu relevasse.

— Mas ele nunca trouxe ninguém pra conhecer nossos pais não, só a Letícia mesmo e porque ela o obrigou, é uma gata, mas eu não a suporto — ele disse colocando a língua pra fora e fingindo colocar o dedo na garganta.

Eu gargalhei. Eu já amava esse garoto.

— Já te amo cunhadinho! — eu disse abraçando ele de lado.

— Sei que o papo de vocês tá muito bom falando de mim, mas agora quero ficar com minha namorada. Posso ou você também quer trocar de irmão? — Pedro perguntou pra mim.

— Tenho escolha? — brinquei. Ele me olhou sério — Brincadeira rabugento, vamos!

— Vai ficar pra festa, né? — Pierre perguntou e eu assenti.

— Pena que o pai não compra cerveja pra essas festas de trabalho, só bebida ruim, mas qualquer dia desses podemos sair pra tomar uma! — Phelipe me chamou e quando eu ia responder, Pedro me arrastou pra fora do quarto.

— Bebida ruim? — perguntei curiosa pra ele.

— Eles não gostam de whisky, vinho, gim, essas coisas — ele explicou.

Janaína veio de encontro a gente e nos levou pro quarto de hóspedes. Nem Pedro sabia em qual nós íamos ficar, o que isso pra mim era uma loucura (eram mais de 1?).

O quarto era incrível e enorme. Com vista pra piscina de trás da casa e todo quintal daquela mansão. Tinha uma banheira com uma janela de vidro pro quarto. Eu me senti em um verdadeiro hotel de luxo.

— Pedro, que que isso? Isso aqui é um hotel e eu não sabia? — perguntei colocando minha humilde bolsa em cima da cama.

— É extremamente exagerado, eu sei. Mas é a minha mãe... sempre foi assim — ele disse tirando o tênis e se jogando na cama.

— Eu amei, tudo lindo e só esse colchão provavelmente compra minha casa — brinquei me deitando do lado dele.

— E o que que você achou deles? — ele perguntou se virando pra mim.

— Seu pai já bateu na sua mãe? — perguntei sendo direta.

Desde que o pai dele tinha chamado a mulher pra conversar eu cogitei um monte de coisas horríveis na minha cabeça.

— Não, não que eu saiba. Mas por quê? — ele perguntou confuso.

— Sei lá, a maneira como ele olhou pra ela, a repreendendo..

— Eu sei que você é presente nessa causa, mas eu te juro que ela é bizarra, não tem muito do que defender. Você viu na sala como ela estava te tratando, ela é louca — ele disse já saindo um pouco mais do controle.

Ele levantou da cama e começou a andar pelo quarto em círculos ao me responder.

— Tá, ela pode ser desse jeito de fútil, mas você não sabe o que se passa dentro dela, Pedro. Você sabe se ela já sofreu muito com ele pra ser assim? Sempre julgou ela, não é? Nunca deu espaço pra ela desabafar, tô certa?

Ele assentiu roendo as unhas. Ele parecia muito atordoado com as coisas que eu estava falando, eu pretendia parar, mas queria fazer ele enxergar que talvez ela seja a grande sofredora de tudo.

— Então.. eu sei que ela foi muito severa comigo, mas não sei o que ela passa, então não quero que isso afete os meus julgamentos sobre essa situação.

— O que que você acha que ela passa então, Maria Luiza? Me fala!

— Não sei, eu não faço a mínima ideia. Eu conheci sua família agora. Mas sei lá... imagina, você idolatrando a pessoa que mais faz ela sofrer, ela parece te amar muito e isso pode afetar muito a ela fazendo ela ser assim.

— Chega! — ele pediu parando de rodopiar e se sentou na cama de volta.

Eu parei de falar e nem quis mais tocar no assunto. Ele merecia um tempo pra pensar.

— Vamos tirar um cochilo antes da festa? — ele perguntou sem olhar pra mim.

— Sim — sussurrei abraçando ele pelas costas e fazendo um carinho.

Apoiei meu queixo em seu ombro e fiquei o acariciando por alguns segundos. Eu o conhecia e sabia que ele estava pensativo.

Ele virou, me deu um selinho e puxou o seu lado da coberta para se deitar. Eu fiz o mesmo, a noite pelo visto seria cansativa.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora