47

10.7K 785 163
                                    

- João -

Busquei mais dois baldes de cerveja e até deixei por minha conta. Os moleques sempre tomavam a frente de tudo, mas acabava que eu me sentia mal por isso também.

- Quem mandou você pagar seu filho da puta? - Pedro disse falando mais alto que a música.

- Relaxa irmão, peguei uma grana boa por ter trabalho mais uma semana na viagem. - menti e ele me olhou desconfiado. - Relaxa.

Ele assentiu e voltou a ficar do lado de Letícia. E até me enojava ás vezes, mas taquei o foda-se. Em uma visão panorâmica, Isabela estava pendurado no pescoço do Bruno, Gabriel e Rafael conversando com Malu, Sarah e Karine, e Mari, Luan e Gabriela rindo e gravando stories. Nenhum ambiente estava me interessando muito, então decidi dar uma volta.

- Hora do perdido? - Luan disse me puxando pelo braço e eu ri.

- Eu não tenho ninguém pra dar perdido, já você... - eu falei olhando diretamente pra Gabriela. Ele bufou.

- E essa aí? - ele falou olhando por detrás de mim. Me virei e Mari estava parada.

- Ele não tem nada pra se preocupar quanto a mim, afinal, fazemos uma boa dupla na pista. - ela contou.

Deu uma piscadinha pra gente e se virou pra continuar conversando com Gabriela. Essa mina era muito doida, e eu adorava. Dei um tapinha nas costas do Luan e fui dar um role pela pista. Conhecia um pessoal espalhado, dei uma cumprimentada e voltei pro camarote.

Peguei uma cerveja e me joguei em um sofá que tinha. Esse clima entre todos nós já estava me dando nos nervos. Era sempre todo mundo junto, zoando, dançando e brincando e agora cada um pro seu lado.

- Quer companhia? - Mari perguntou olhando pro espaço vazio ao meu lado.

- Pensei que estava preocupada com Bruno. - dei uma implicada e ela sentou.

- Quem te disse? - ela perguntou.

- Seus olhos, os dele, os das suas amigas - eu falei bebericando minha cerveja.

- Ah, você é bem observador, né? - ela falou deitando no meu ombro e colocando a mão por dentro da minha coxa.

- Sou! - eu disse sério. Não queria cair na provocação dela como sempre.

Bruno deu uma encarada, mas logo voltou a beijar Isabela. Eu não estava era entendendo nada. Quando que eu ia ver meus dois melhores amigos grudados em duas minas chatas pra caralho?

- Não vai me dar um beijo? - ela perguntou apertando minha coxa.

- Sei lá, acho que agora não... Começo de festa ainda, sabe como é. - eu falei e ela voltou a se sentar normal.

Ela olhou nos meus olhos e eu a encarei de volta sem me intimidar. Depois de cinco segundos, caímos na gargalhada.

- Idiota! - ela falou empurrando meu ombro.

- Vem, vamos beber mais! - eu falei puxando ela pro bar.

- Whisky? - perguntei.

- Por minha conta! - ela falou.

Estava no final do show da Luisa Sonza. Dennis já tinha tocado e ainda faltava Iza. Pra gente era como se a noite tivesse acabado de começar. Todo mundo se entrosando por causa do álcool na mente e dançando junto. Era esse o final de semana que eu queria ter.

- Vamos dar uma volta? - eu disse sussurrando no ouvido da Mari e abraçando-a pela cintura.

- Cê que manda! - ela falou colocando seu copo em cima da mesinha.

- Ah, é? - eu disse com um sorriso malicioso virando ela pra mim.

- Claro que não. - rimos. - Mas vamos!

Karine, Malu e Pedro entenderam logo o que estávamos prestes a fazer. Eles achavam loucura, mas era uma loucura boa. Sentamos no bar da pista e pedimos um drink. Primeiro analisávamos pra depois atacar.

- Não topa um homem de jeito nenhum? - ela perguntou desejando que a resposta fosse sim.

- Não inventa. - eu disse fechando a cara e ela riu desistindo.

Avistei uma morena sentada do outro lado do bar, olhei pra Mari e ela estava prestando atenção na mesma coisa que eu.

- Eu ou você?

- Eu, claro! - ela disse já se levantando e indo até a mina.

Fiquei parado observando de longe, não queria estragar o momento dela, garantindo que ela nunca estragaria o meu. Mesmo que ela já tivesse o feito. - ri lembrando da cena em porto com a Letícia que conheci na boate.

Ela trocou meia dúzia de palavra e já tava beijando a mina. Mariana tinha uma facilidade indescritível pra pegar qualquer tipo de gente. Não que comigo fosse diferente, mas ela era sensacional nesse quesito.

- Posso atrapalhar? - eu disse parando ao delas.

- Não! - a mina disse me olhando de cara feia. Lá vem! Mariana ria disfarçadamente. Filha da puta! - Homem é uma raça ruim mesmo, não pode ver uma buceta perto de outra que já quer vir pra cima. Se manca!

Mariana a essa hora já estava rindo muito sem nenhum disfarce. Preferi nem responder e só sai andando. Ela deu um beijo de despedida na garota e veio atrás de mim ainda rindo.

- Fala sério, João! Macho escroto! - ela disse imitando a mina e eu mandei o dedo pra ela.

- É Mariana, sou muito bom com você. Isso acaba aqui, cê vai ver! - eu disse em tom ameaçador e ela me olhou rindo e desafiando.


- Karine -

Eu estava feliz de ver Maria Luiza feliz. Brincando, rindo e dançando com toda a galera. Nesse último mês, apesar da boa fase de vida nova, tinha a fase ruim de "tem muita coisa acontecendo; muita gente se aproximando; muito problema pra resolver" e mesmo que essas coisas fossem coisas normais pra qualquer um pra ela não era.

- Eu tô na brisa e nada me abala, que delícia e assim eu cantoÔ... - cantei.

- Se joga nessa brisa até o dia amanhecer... - Malu completou dançando ao meu lado.

- Vou pegar mais bebida, pera... - eu falei pra ela que assentiu ainda dançando.

Cheguei no balde e já não tinha mais nada lá. Estranhei, até porque tínhamos acabado de comprar mais um balde.

- Acabou a bebida? - perguntei pro Luan.

- Se você não viu ali é porque acabou. - ele disse sem nem olhar na minha cara.

- Grosso! - falei e ele deu de ombros.

Tinha perdido até o clima de dançar. Vi Mariana rindo sozinha no sofá e me joguei ao lado dela.

- Tá rindo de quê? - perguntei.

- Do João... - ela falou ainda rindo e eu continuei prestando atenção sem entender nada. - Ele acabou de pegar Sarah e quando passou do meu lado nem brincou e nem falou comigo. Não entendi nada.

- Mentira que ele pegou ela? - eu perguntei incrédula e ela assentiu. Até onde eu tinha entendido ela ficava com Bruno. - Tá bêbada né porra, rindo por isso sozinha.

Eu ainda nem tinha pegado muito o ritmo das histórias daqui. Tudo muito confuso. Parecia até eu em Porto.

- Você é chata! Tá com cara feia porque? - ela perguntou dando mais um gole na bebida dela.

- Aquele Luan, escroto pra caralho, um grosso! - reclamei.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora