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- Sarah -

Todo mundo já estava ficando louco. Eu era a que menos bebia, então a minha função era rir das idiotices que todos faziam bêbados. A galera da produção do evento tinha disponibilizado várias bebidas de graça pra gente e os meninos ainda compraram mais.

Todos que estavam nessa viagem eu tinha curtido muito conhecer. Era como se fossem meus amigos há anos, sempre me tratavam com muito amor e amizade. Minha personalidade ajudava muito em fazer eu enxergar isso. Sempre fui de ver o lado do bom das coisas e das pessoas, tento ao máximo não absorver nada de ruim. Minhas amigas até estranham essa minha calmaria.

Conhecer Lobão foi super legal. Ele era uma pessoa divertida e muito engraçada, e eu curti ficar com ele, apesar de não ser exatamente quem eu queria estar nesse momento.

— Eu vou na garupa pa pa, vem me deixar maluca. — Malu cantou olhando pra mim — Vem dançar com a gente sua maluca.

— Tô tranquila amiga, tô me divertindo muito olhando vocês passando vergonha — eu disse e ela cerrou os olhos.

— Eu não, quem tá são aqueles ali ó — ela disse virando pro João e Magalhães. Eles estavam cantando uma mina juntos e ela claramente estava entediada.

— Me admira João que não deixa uma passar — eu falei rindo.

— É, mas ele tá muito bêbado, deve estar sendo chato pra caralho. Vou lá salvar a garota! — eu assenti.

Ela pediu licença, e puxou eles pra perto. Consegui ver de longe eles reclamando e eu só conseguir gargalhar.

— Quer mais? — Bruno perguntou segurando uma cerveja na mão, me dando um certo susto de fazer meu coração palpitar. Assenti, era meu segundo copo em duas horas de festa. — Porque tá quietinha?

— Você sabe que sou assim — eu falei. Ele parou ao meu lado, virado pra frente, sem olhar na minha cara.

— É, eu sei. Tá gostando da viagem? Das pessoas? — ele perguntou.

— Sim!

— Tô vendo — ele disse ainda fixado no pessoal.

Ficamos em um silêncio profundo. Queria virar as costas e sair, mas não tinha nenhum motivo pra isso e eu queria manter a paz.

Lobão se aproximou e me deu um selinho. Olhei de rabo de olho, Bruno deu um sorrisinho e saiu.

Eu não entendia esse moleque e nem queria fazer questão de entender. Ele decretou esse afastamento entre nós e agora agia como se eu estivesse fazendo alguma coisa errada. Mas ao contrário de outras vezes eu não deixaria de fazer o que estava me divertindo pro bem de outra pessoa quando essa pessoa não quer o meu. Ou quer, não sei, tanto faz.

— Dança comigo, tá parada aí igual vara pau — Lobão disse me fazendo rir.

— É funk, como assim dançar com você?

— Da mesma forma que eu danço com elas, só gastação! — ele disse e eu assenti.

Comecei a dançar com ele e me divertir. Bruno observava de longe de cara fechada, era o único, porque o resto estava só rindo e zoando.

- Luan -

— Eu tô pras fodas! — João gritou do nada.

— João doidão, era o que eu temia — falei rindo.

— Temia? Eu sou sua salvação, pensa só... você está encalhado — ele falou na lata me fazendo rir mais ainda — e eu sou o melhor pra pegar mulher dessa porra. Juntou o útil ao agradável, deu no que? Nós dois na pista atrás de uma gata, bora! — ele disse acelerado me puxando pelo braço.

— Vai com calma aí, João! Hoje sua lábia não está boa não, a menina ali não estava aguentando mais — Malu disse fazendo ele emburrar.

— Nunca foi boa — Mariana falou baixo. Os dois bêbados não iria prestar, não mesmo.

— É? E como eu consegui te amassar? — ele falou embolado. Esse moleque era uma comédia, comecei a gargalhar.

— João nunca falou amassar na vida, deve tá bem bêbado mesmo — eu disse.

— Eu só podia estar louca mesma pra você conseguir isso — ela retrucou.

Eu e Malu só com o olhar concluímos que tínhamos que sair dali. Os dois continuaram discutindo e disfarçadamente fomos saindo.

Malu se juntou ao resto das meninas que estavam dançando e eu me bandeei pro lado de Pedro e Bruno, o resto tinha decidido dar um rolê. Coisa que não faltava muito pra eu fazer.

— Tá rolando entre você e Malu? — Pedro perguntou do nada.

Meu coração quase saiu pela boca. Bruno olhou confuso esperando por uma resposta. É, eu estava mais do que fodido.

— Não, de onde você tirou isso? Ela é minha amiga teu maluco — eu disse tentando me esquivar.

— Eu vi vocês no banheiro do espaço hall — ele falou sério. Pedro não brincava em serviço nunca, frio igual um gelo e conseguia encurralar uma pessoa no momento certo. Filho da puta.

— Que? — Bruno me olhou indignado.

— Cara, fica tranquilo, foi só aquela vez — menti — e nós nem tocamos mais nesse assunto. Somos só amigos. Não sinto nenhuma vontade.

— Eu não tô puto não, só queria saber mesmo. Não tenho nada com ela, vocês não me devem satisfações — ele falou.

— Filho da puta você transou com ela? — Bruno perguntou. Pedro pareceu se incomodar e tentou disfarçar olhando pro nada, mas eu conhecia esse puto e sabia que era exatamente isso que ele queria saber.

— Não! Não viaja!

Eles dispersaram e saíram de perto. Senti um alívio dentro de mim, não fazia a miníma ideia de que Pedro tinha visto e muito menos que ele me colocaria contra a parede. Tomei como uma verdade pra mim que ele estava cagando pra ela, mas não tinha mais certeza disso. Enfim, nada a ver comigo, nada pra eu me meter.

Peguei um whisky e enchi meu copo. Louco pra ficar louco igual ao João, esse assim tava em uma situação boa, ou eu pelo menos achava antes de ver ele ainda discutindo com Mari.

— Tá com sede? — Karine perguntou atrás de mim.

— Não, porque?

— Copo tá transbordando — ela disse rindo.

— Ah — eu falei notando que tinha mais do que eu havia percebido. — Obrigada fiscal de copos alheios — eu disse e pela primeira vez ela riu ao invés de interpretar como um fora.

— Vou te fazer rir mais, que sorriso! — elogiei. Mesmo pelo escuro vi seu rosto ficar vermelho em segundos.

— Obrigada Luan Bohrier Muniz — ela disse acrescentando seu sobrenome ao meu. Dei risada.

Magalhães puxou ela pra longe e eu decidi ir dar um role pela pista.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora