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- Karine -

Com a quantidade de cerveja que eu coloquei pra dentro qualquer um se sentiria um pouco tonto. Conforme fomos conversando, rindo e dançando aleatoriamente, nas escondidas eu estava bebendo mais do que qualquer um ali. Era de lei quando estava triste com alguma coisa, assim como aconteceu na morte da minha mãe, eu descontar na bebida.

Caio e Pedro estavam se dando bem até, conversando sobre futebol e tudo, eu sabia que isso era uma jogada de mestre do Pedro, ele nunca se mostraria como um namorado inseguro pro cara que quase fodeu tudo dele em um certo momento.

Victor me dava umas encaradas firmes, e eu não negava umas também, estávamos flertando sem que ninguém percebesse, ou pelo menos eu estava tentando.

- Eu fui convidada pra várias festas de carnaval, inclusive sambódromo, o que eles não esperam é que eu vou levar minha tropa toda - Mari disse fazendo uma dancinha.

- Amiga, mas e se barrarem a gente? - perguntei manhosa.

- Não vão! - Pedro deu a letra. E se um Nogueira dá a letra, você pode confiar... ou eu estava muito bêbada e confiava em qualquer pessoa.

- Tô vendo que esse carnaval vai ser cheio de emoção! - Caio disse animado.

- Bota emoção nisso, amanhã vamos pra onde? - João perguntou.

- Amanhã tem festa, mas eu prefiro que a gente vá pra algum bloco - Mari falou.

- Eu também, só faço questão mesmo de ir pro sambódromo - Laura falou bebericando sua cerveja.

- Eu também, eu também! - gritei.

- Tá além da conta aí hein Karine - Malu me gastou e eu mandei língua.

- Vamos jogar uno e quem perder cada rodada bebe três doses de tequila? - João sugeriu.

Todos aceitaram, menos eu que queria ficar agarradinha com minha cervejinha e também queria ver se Victor dava uma dentro e ficava comigo.

- Acho que eu vou ficar conversando com Karine bebendo minha cerveja mesmo! - Victor disse.

- Hummm - Laura puxou os murmurinhos.

- Vão se foder! - xinguei - Vem pra cá, Vivi.

- Vivi? - ele perguntou se aproximando e rindo.

- Não gostou? - perguntei arqueando as sobrancelhas.

- Não po, adorei - ele disse rindo.

- Que saudade de você hein, última vez que nos vimos foi no ano novo do ano passado que você surtou indo embora - relembrei.

- Foi difícil te ver sem poder te querer! - ele soltou uma fase clichê que me fez cair na gargalhada na hora.

- Quando você virou um paizão solteiro? - perguntei comparando nada com nada.

- Desculpa, prefere que eu seja direto como sempre? - ele perguntou se aproximando.

- Nem precisa... vamos lá no quarto? - sugeri mordendo os lábios.

Ele assentiu e eu puxei ele pra dentro comigo. O pessoal acompanhou nós dois com a cabeça até onde dava, eu tinha certeza que eles estavam pensando em Luan, mas eu queria era mesmo que tudo se fodesse.

Entrei no quarto já empurrando ele contra a parede. Ele começou beijando meu pescoço com rapidez e eu puxando sua blusa completamente afobada.

Começamos um beijo ofegante e desesperado, parecia que não transávamos com ninguém a anos. Não parávamos de rir durante todos os nossos movimentos, ele então...

Joguei ele na cama que ficou sem saber o que fazer. Fiquei de joelhos em cima dele enquanto eu tirava a blusa, me inclinei até sua boca colocando-o pra chupar meu peito. Eu estava maluca!

Quando ele começou a apertar meu peito me veio uma dor desgraçada me fazendo sair de cima dele. Ele sentou na cama confuso e preocupado, enquanto eu não parava de respirar fundo.

- Karine, você tá bem? Eu te machuquei? - ele perguntou preocupado.

- E-eu e-eu - gaguejei - vou vomitar!

Fechei a boca pra prender o vômito e corri até meu banheiro. Pelo movimento do quarto ele não sabia o que fazia, se chamava alguém ou me ajudava, mas o esperto resolveu fazer os dois.

Ele entrou no banheiro pra segurar o meu cabelo e começou a gritar pra alguém vir ajudar.

- Meu Deus, o que aconteceu? - Laura perguntou me vendo colocar quase todas as minhas tripas pra fora.

Todo mundo estava ali me olhando cometer essa nojeira. Laura colocou todo mundo pra fora, incluindo Victor.

Terminei de vomitar e fui logo para a pia limpar minha boca e escovar meu dente. Me apoiei na pia com força e me olhei no espelho, só conseguia enxergar meu reflexo embaralhado.

- Karine, existe alguma possibilidade de você estar grávida? - Laura perguntou.

- Não amiga, eu só fiquei enjoada com toda essa bebida que eu coloquei pra dentro - menti. Tinha possibilidade, mas era quase um por cento.

- Vou te colocar no banho e você vai deitar, ok?

Eu assenti.

Acordei com um enjoo fora do comum, tudo isso se dava pela quantidade de bebida que eu ingeri na noite passada. Me levantei da cama, escovei o dente e fui pra cozinha me entupir de água.

Laura estava no fogão fritando um ovo. Peguei uma garrafa d'água na geladeira e parei ao lado dela.

- Que que cê tá fazendo? - perguntei.

- Ovo, tá cega? - ela perguntou rindo.

- Chata! - xinguei.

Deixei ela na cozinha e fui pra sala me jogar no sofá, coloquei na globo pra me distrair, eu estava tentando melhorar do enjoo já que tinha o primeiro bloco hoje e eu não perderia por nada.

- Tá melhor? - Laura perguntou se sentando na mesa ao lado do sofá.

- Mais ou menos, mas vou ficar - falei.

Ela fez careta e eu continuei quieta assistindo minha televisão. Eu estava morrendo de fome, mas sabia que se eu colocasse algo pra dentro traria de volta pra fora em questão de segundos.

Resolvi tomar um banho pra ver se passava aquele enjoo, botar água pra dentro só estava piorando tudo. Me levantei até a cozinha, senti minha cabeça girar e meu corpo amolecer, tentei me concentrar pra passar a tontura e respirar fundo, mas meu corpo caiu na hora me fazendo encostar na parede.

- Laura!? - a chamei com a pouca força que eu tinha.

Escutei o barulho do talher batendo no prato assim que ela o largou. Ela correu até a mim e me ajudou a ficar de pé de novo.

- Me leva até o banheiro? - pedi e ela assentiu me apoiando nela.

Era uma impossibilidade na minha cabeça eu estar grávida, eu e Luan sempre tomávamos muito cuidado, injeção, pílulas, camisinha, tudo que se tinha direito, a não ser no dia da resenha...

"Burra burra burra" pensei.

Ela me colocou sentada no vaso, me estiquei pra pegar um teste no armário que havia sobrado de uma vez que eu pensei estar. Esperei a vontade de fazer xixi e o fiz no potinho.

Laura me olhava preocupada enquanto roía as unhas, e eu só estava pensando que era só mais um alarme falso, afinal, toda vez que eu estava na beira da decadência me entupindo de bebida eu passava mal do mesmo jeito.

- Olha pra mim? - eu pedi.

Ela pegou o teste e ficou toda hora olhando no papel pra se certificar que o resultado estava certo. Pela sua reação, eu já sentia o meu mundo cair.

- Ka, deu positivo - ela contou com o olho caído e um tom de pena.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora