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Maratona 1/5

Passei boas horas assistindo série sem comer nada. Calcei meu chinelo e resolvi descer pra ver se tinha alguma coisa pra comer nos armários da cozinha.

Pedro estava largado no sofá da sala vendo televisão, nem me dei ao trabalho de falar com ele, só passei direto pra cozinha. Fiz um misto quente pra mim e peguei o resto de coca-cola que tinha na geladeira

— Tá esquecendo de nada não? — ele perguntou enquanto eu passava silenciosamente pela sala.

— Eu? — perguntei olhando pra mim pra ver se eu estava com alguma coisa de errado.

— O agradecimento por ter te aturado ontem né, o mínimo. Até limpar teu vômito limpei.

— Pessoas que cobram gratidão não merecem meu obrigada! — falei nada com nada, mas queria escapar desse agradecimento.

— Poxa, assim você me magoa — ele falou.

Dei um sorriso falso de deboche e subi de volta pro meu quarto. Estava zero afim de conversar.

A semana estava sendo agitada. Tinha cinco dias de recesso pro carnaval mais o final de semana, então os professores estavam colocando no nosso cu em quesito trabalho.

Entreguei os relatórios de Fundamentos do Lazer e de Análise Macroeconômica e meti o pé pra casa. Queria almoçar e esperar Karine chegar pra ela passar os dias na minha casa já que o pessoal iria viajar hoje pra Saquarema.

Mandei mensagem pro Bruno garantindo minha carona e fiquei esperando ele na porta da facul.

— E aí Maluzinha, vai ficar pelo RJ carnaval? — Miguel perguntou aparecendo do meu lado.

— Vou sim e você?

— Também. Eu e a galera da minha turma estamos marcando de ir amanhã pro bloco da favorita todos juntos, topa? — ele perguntou.

Até me animei um pouquinho mais. Miguel era de um período superior ao meu, o conheci uma vez que entrei na sala errada com Karine e ele me fez ficar pra conhecer um pouco de uma matéria que eu me interessava, mas ainda não tinha.

— Topo sim, me manda mensagem depois. Ok? — ele assentiu e saiu atravessando a rua.

Logo em seguida meu primo chegou. Queria conversar com ele sobre Sarah, mas a todo momento o filho da puta ficava no telefone resolvendo problemas do trabalho.

— Pode me dar uma atenção? — perguntei.

— Faaaala carente — ele disse desligando o celular.

— Não vai sacanear Sarah lá não hein, a mina é maneira pra caralho contigo, relevou tua ficada com a Carol, e vocês se gostam, não vai de maluquice fazer alguma loucura.

Eu disse dando uma lição de moral.

— Ok dona Maria, obrigada pelo conselho — ele debochou e eu dei um tapinha em seu ombro.

Chegamos em casa e pra minha surpresa Laura, Júlia, Davi e Victor estavam estatelados no chão da minha sala. Corri pra abraçar os malucos, até senti uma pitada de arrependimento de não ir nessa viagem.

— Caraca, vocês nem me contaram que viriam... — falei pasma parando na frente deles.

— Agora não podemos mais fazer surpresa? — Davi perguntou. — Que saudade de você lá por SP!

— Simm, como que tá lá? Novidades? — eu perguntei me sentando ao lado deles.

— Tudo normal, monótono, mesmas pessoas e mesmos ambientes. Eu queria era esse vidão que você tá tendo! — Laura disse.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora