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- Mariana -

João parecia eu com dez anos de idade fazendo mala, porque além de demorar um ano, fazia bem na hora que estávamos prestes a sair de casa.

— Te aviso logo que você que vai dirigir! — ele falou terminando de colocar as últimas blusas na mala.

— Até parece, vai tratando de ficar bem acordadinho — eu disse apertando o pau dele.

— Que isso maluca, quase arranca o Drummondzinho fora — ele falou fazendo carinho no pinto.

Revirei os olhos e puxei as malas pro elevador de serviço. Iríamos de carro até Minas, viagem longa, mas seria legal.

— Mariana, pra quê essa quantidade de mala? Me diz pelo amor de Deus — ele perguntou vendo a mala do meu carro sem espaço pra nada.

— Aí não enche, você sabe como sou, como vou adivinhar que roupa vou querer usar no dia? — falei entrando no banco do carona.

— Só vou dirigir até metade do caminho, depois é você! — ele disse estressado.

— Fica tranquilo amor, minas é logo ali, você chega rápido! — falei fazendo ele me dar aquele olhar fatal.

Comecei a rir sozinha.

Estávamos muito cansados da noite passada. Tínhamos ficado acordados até de madrugada com o pessoal e acordamos cedo pra viajar logo.

Eu estava extremamente nervosa de conhecer a família do João e com medo também de presenciar alguma briga entre ele com o cunhado, mas eu estava preparada também.

Ele tinha me alertado sobre a tal irmã postiça tarada dele, e mesmo que ele achasse que seria um problema, isso não me assustou. Eu me garantia.

— Nunca pensei que acharia uma mina tão irada quanto você, foi sorte! Obrigada Deus — ele disse olhando pro teto do carro e fechando os olhos.

— Seu maluco, você tá dirigindo! — eu sacudi ele rindo.

— É sério, garota! To feliz de estar te levando na casa da minha mãe, ela tá muito animada — ele falou sem tirar o sorriso do rosto.

— Até parece que nunca levou nenhuma menina na sua casa, para de caô João — eu falei desconfiada. É claro que na brincadeira.

— E se eu te contar que não mesmo? Você acreditaria? — eu neguei — Eu nunca levei ninguém na minha casa, nem sequer falei sobre com minha mãe. Você foi a primeira, aliás, se não tivesse sido por ela em uma ligação, eu não teria ido atrás de você naquele bar.

— Você nunca me contou essa história, João — falei surpresa.

— Não achei que fosse importante — ele disse sem tirar os olhos da estrada.

— Mas fala...

— Lembra que eu fui pra Minas na época que estávamos nos aproximando mais? — eu assenti — Eu tive uma briga séria com o marido da minha irmã, caímos na porrada, eu o machuquei e minha mãe ficou do lado dele, me pediu pra ir embora, foi horrível...

Ele nunca tinha me contado nada disso.

— Por isso você começou a agir daquele jeito?

— Sim, por isso mudei com você, eu não estava bem. Mas enfim, no dia que vocês foram pra Olégario, ela me ligou e falou de você, foi quando lembrei que tinha falado de você pra ela, coisa que nunca fiz... e aí percebi que era você quem eu queria mesmo.

— Nossa, dona Wânia me ajudando antes mesmo de ser minha sogra. Tô em dívida! — falei rindo.

— Tá nervosa? — ele perguntou me olhando.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora