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• Maratona 2/5

- Bruno -

Épocas de fim de ano sempre me deixavam muito pensativo. Aquilo de analisar como foi seu ano e querer traçar metas para o próximo ser melhor ou diferente era bem real na minha vida. Nunca fui aquele tipo de moleque que cagava pra vida, pro futuro e não sabe trocar uma ideia decente, sempre fui do jeitão de gostar de conversar sobre tudo, desde falar sobre acontecimentos até filosofar sobre a vida. E por isso, quando chegava essa época, minha mente trabalhava DEMAIS.

Além dos meus estudos e planejamentos profissionais, Sarah era uma pessoa bem recorrente aos meus pensamentos. Na real, eu nunca cheguei a um denominador comum. Ela era uma incógnita pra mim. Poderia ser fácil como normalmente é ("não quero e pronto"), mas não era bem assim e eu não sabia nem qual eram os meus sentimentos quanto a isso e eu iria deixar pra lá. Tentar esquecer, não pensar no que sinto e sim no que necessito. E nesse momento, não é de uma coleira.

— Que que foi que está todo pensativo aí? — Maria Luiza perguntou.

— Ah — eu disse despertando.— Só pensando. — dei um sorriso fraco.

— Eita, Brunão tá apaixonado! — Carlos, meu primo, falou e eu taquei uma almofada nele.

— Se manca, que dia que você me viu apaixonado? — eu perguntei o encarando.

— Hmmm, deixa eu pensar... Mariana talvez? — ele falou e eu mandei o dedo.

Malu me encarou por alguns segundos. Pelo o que conhecia dessa minha prima ela estava tentando decifrar o que estava me angustiando só pela minha feição, mas manteria um belo sorriso no rosto pra não existir perturbação.

— Quer? — Eduarda disse com a garrafa de vinho na mão. Encarei ela sério e ela riu enchendo minha taça.

— Vamos começar as brincadeiras? Temos aqui detetive, banco imobiliário, perfil, uno e imagem e ação, qual querem primeiro? — tia Luiza disse colocando a pilha de tabuleiros em cima da mesinha de centro da sala e sentando no chão.

O nosso natal sempre foi animado. Minha tia e minha mãe se esforçavam pra inventar brincadeiras e distrações pra que tudo ficasse o mais animado possível. Sem contar a quantidade de bebida que meu tio colocava pra rolo. Quanto a tradição, sempre seguimos, ceia e presentes só após as meia noite.

Ficamos jogando por muito tempo e como sempre saíram diversas brigas chatas entre os nossos outros primos. Isso era o que não faltava por aqui, o ruim era quando acontecia entre os adultos.

Depois que as mulheres decidiram ficar jogando just in dance no xbox, eu fiquei na área da piscina com meu pai e meus dois tios tomando umas brejas, batendo um papo e ás vezes dando uma olhada no celular.

Fiquei encarando a foto por alguns minutos, mas quando vi que o relógio estava perto das meia noite, agilizei minha vida e fui me divertir com a família.

- Mariana -

Terminei de jantar com minha família, abri os presentes com as gêmeas e fui encontrar o pessoal em um barzinho.

— Eu tenho pena é da Luiza, ama um natal e esses embustes vem pra atazanar a vida dela — eu falei bebendo um gole da minha cerveja.

— Já falei pra ela que cansei disso, se fosse só a minha família com a do Bruno seria tão gostoso de passar juntinhos, mas com esses capetas tudo muda — ela falou.

— Acho que dessa vez ela vai ouvir a gente! — Bruno disse.

— Próximo natal podíamos juntar as nossas famílias. — Karine sugeriu.

— Concordo! — Eduarda disse.

— Eu quero é saber do nosso ano novo... — Bruno falou e nós assentimos.

— Vai ser foda! — eu falei.

— Ahhh, vocês vão pra onde? — Eduarda perguntou.

— Búzios! Pode esquecendo, você não vai! — Bruno disse.

— Ué, por que não? Você não manda em nada, Bruno. — Karine falou.

Rimos e continuamos conversando. O bar estava começando a encher e já estávamos ficando altinhos. Eu e Bruno ás vezes trocávamos alguns olhares, mas eu sempre tentava desviar disso. Tô correndo de problema.

— Oi, posso saber seu nome? — um menino surgiu do nada por trás da Malu.

Bruno deu uma encarada no moleque que quase desistiu de saber o nome dela. Nós rimos e eu dei um chute na canela dele por debaixo da mesa.

— Maria Luiza, e o seu? — ela disse.

— Guilherme! Eu e os meus amigos estamos por ali jogando uma sinuca, se quiserem... — ele falou com um sorriso lindo no rosto.

Bruno desistiu de bancar o protetor e cedeu ao convite do menino. Fomos todos participar do jogo. Ele tinha amigos lindos, mas com álcool na mente eu não estava conseguindo resistir ao meu sentimento passado pelo Bruno.

— Coe Guilherme, vai jogar direito ou vai ficar dando mole pra essas metidinhas? — Bruno brincou e Guilherme encarou ele dando um sorriso de lado.

— Desculpa, é que eu estava facilitando pro lado da sua prima! — ele disse e ela deu um tapinha no ombro dele.

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