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Acordei bem mais calmo, o sono me deu uma energizada. Catei meu celular todo quebrado no chão pra levar no conserto, tomei café da manhã com minha família - o que me deixou bem mais leve depois de ver o relacionamento deles melhorando - e me despedi pra voltar pra minha casa.

Passei no McDonalds pra comprar meu almoço, fui atrás de um amigo meu que consertava telas e depois passei no mercado pra comprar umas cervejas.

As ruas ainda estavam cheias, não seria mais carnaval pra gente, mas ainda era o último dia de carnaval pra todo mundo. Dei bom dia pra Zé e o presenteei com uma cerveja, ele adorava quando eu chegava com uma pra ele tomar depois do serviço.

Uns minutos antes de ir embora da casa da minha mãe, Janaína me chamou pra conversar comigo. Tinha me dito pra pensar melhor nas coisas e pra parar de ser nervoso pra não perder tudo na vida. De uma certa forma aquilo tinha me deixado mais leve e menos ansioso.

- Moleque, onde que você tava que não atende o celular? - João levantou vindo me abraçar assim que eu entrei em casa.

Franzi as sobrancelhas vendo os quatro bobocas na sala fazendo sei lá o que.

- Estamos atrás de você desde 8h da manhã! - Bruno falou.

Já eram 13h.

- Eu fui pra casa da minha mãe! - contei colocando meu lanche em cima da mesa.

- Puta que pariu, fiquei preocupado! - Luan disse suspirando aliviado.

- Eu hein, tô estranhando vocês - eu disse rindo ao colocar as cervejas pra gelar.

- Estranhando o que, po? Você saiu daqui por conta do caralho que Zé disse - João falou fuxicando o saco do meu lanche.

- Sai daí rapa - dei um tapa na mão dele.

- E como tu tá? - Bruno perguntou.

- Tô suave e vocês? - eu disse tentando fugir do assunto.

- Cara, ela não beijou ele, não vai surtar terminando com a mina atoa - ele completou.

- Você tá falando isso porque é tua prima! - contrabati.

- Tá maluco cara, Karine me disse que ela colocou ele pra fora e tudo - Luan contou.

- Mandar a real pra vocês? Não quero saber, pelo menos agora não. Já surtei pra caralho ontem, até chorar chorei, vocês sabem como é raro essa porra acontecer comigo - eu disse dando um mordidão no meu hambúrguer.

- Tá certo! Divide aí comigo essa batata - João pediu e eu revirei os olhos rindo.

- Compramos tudo pro churrasco pra nada! - Bruno bufou.

- Pra nada por quê? Vamos fazer mais tarde só entre nós, ué. - sugeri - A não ser que vocês queiram sair com as meninas.

- Tá doido, nosso dia hoje então - João falou.

- Até porque elas estão juntas também! - Luan completou.

Terminei de comer meu lanche e subi pro meu quarto. Liguei meu videogame e coloquei um call of duty pra esculachar nos tiros.

- Posso? - João disse entrando no quarto e apontando pro videogame.

Assenti entregando um controle pra ele.

- Caralho moleque, vou te confessar, nunca pensei que eu fosse te ver sofrendo por mulher como eu sei que você vai sofrer por ela - ele disse me cutucando com o cotovelo.

- Sabe? - perguntei rindo e ele assentiu - Pois é, uma hora chega pra todos!

- Tu sabe que ela não quis isso, né!? - ele insistiu no assunto.

- João, é sério, não quero falar sobre isso. Não sou mulher que adora desabafar com amigo sobre os sentimentos - eu disse sério.

- Mariana tirou toda masculinidade que eu tinha, você não faz ideia... - ele disse rindo e eu franzi as sobrancelhas - Enfim, isso de não querer desabafar é algo babaca que nos ensinam na infância, você pode falar se tiver vontade, não é coisa de mulher!

- Porra to estranhando vocês mesmo - eu ri.

- É sério...

- Eu sei, mas que que eu posso fazer? Não consigo! - bati na tecla.

- Cê que sabe, eu nem queria jogar mesmo! - ele disse jogando o controle na cama e se levantando - Até nosso churrasco!

Ele bateu na minha mão e saiu do quarto. Dei pause no jogo e me joguei na cama olhando pro teto.

Aquela dúvida de se você está sendo injusto com algo começou a bater em mim. Eu sabia que eu tinha visto ela se afastando dele, mas eu não sabia como aquilo tinha começado.

Tentei apagar os pensamentos da minha cabeça tentando encontrar alguma distração. Meu quarto estava uma bagunça, aproveitei pra fazer uma coisa que eu não fazia nunca, arruma-lo.

No meio da loucura que estava meu armário encontrei a blusa que Maria Luiza adorava de usar. A blusa que estranhei ser muito parecida com a minha em Porto, e realmente era.

Seu cheiro ainda estava lá. Eram horas sem ver ela, mas me batia uma saudade, uma vontade de correr atrás dela e esquecer a porra toda.

Larguei a blusa em cima da cama, terminei de arrumar o quarto e tomei um banho.

Eu tinha que vê-la, eu tinha que conversar com ela antes de tomar qualquer decisão. Eu não poderia largar meses de muita luta pra dar certo com essa garota por um orgulho, por uma decisão inusitada. Eu precisava tentar entender a situação.

Sai do chuveiro correndo, vesti a blusa, coloquei uma calça de moletom, calcei meu chinelo havainas branco e procurei a chave do meu carro pelo quarto.

A campainha tocou.

- Bruno, atende aí! - gritei.

Continuei procurando, a campainha não parava de tocar, bufei. Achei a chave e desci pra abrir a porta.

- Oi Pedro! - arregalei os olhos.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora