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- Malu -

Terceiro período da faculdade estava sendo tranquilo. Terminei a semana com todos os trabalhos entregues para o intervalo do carnaval.

Estávamos indo buscar o pessoal no aeroporto e iríamos resenhar na nossa casa mesmo. Não era grande como a dos moleques, mas cabia todo mundo.

- Vamos sozinhas mesmo? - Karine perguntou pegando sua bolsa no cabide.

- Sim, eles não querem fazer serviço pro Caio - Mari disse rindo.

- Quero que eles se fodam! Vamos, já tô pronta - falei abrindo a porta.

- Tá sem falar com Pedro até hoje? - Ka perguntou.

Eu assenti.

Ela negou com a cabeça. Pegamos o carro, colocamos o endereço no gps e fomos buscar os queridíssimos.

Colocamos as divas pops da Disney no bluetooth e fomos cantando o caminho todo, nostalgia pura. Na volta ainda tínhamos que passar no mercado pra comprar bebida.

Mesmo que eu estivesse incomodada por dentro por todos esses dias sem falar com o Pedro, não ia me deixar levar por drama dele. Ele que viesse atrás de mim.

- Que saudade! - Laura gritou correndo na nossa direção.

Caímos com o impacto que seu corpo fez no nosso, e quando já estávamos no chão começamos a rir sem parar. Caio e Victor vieram nos ajudar e no embalo demos um abraço neles também.

- Nunca passei carnaval no Rio, deve ser massa - Caio disse pegando as malas.

- Vai ser foda! - Mari animou.

- Só quero ver, tô doido pra pegar umas carioquinhas - Victor disse esfregando uma mão na outra.

Rimos.

- Júlia e Davi não quiseram vir não? - perguntei.

- Nós que não chamamos, eles estão um grude que só muita paciência pra aguentar - Laura disse revirando os olhos. Fria toda vida.

- Aqui não é muito diferente... - Karine disse apontando pra mim e pra Mari.

Mandamos língua.

- Ué, e você? - Caio perguntei.

- Eu e Luan terminamos - ela contou.

Victor deu uma encarada firme pra ela no minuto que escutou, ela deu um riso disfarçado e continuou olhando pra frente.

Colocamos as malas no carro e fomos conversando o caminho todo sobre as expectativas deles pro carnaval. Eu esperava que superasse.

Passamos pra comprar umas cervejas no mercado e compramos umas pizzas de forno também. Os meninos não viriam pra se reunir com a gente, só o João, então poucas pizzas davam e sobravam.

- O apê de vocês é muito lindo, que isso! - Laura disse enquanto mostrávamos a casa.

- Irado mesmo! Quem decorou? - Caio perguntou.

- Quem? - perguntamos sarcásticas.

- Mariana! - Victor respondeu rindo e ela mandou um beijo no ombro.

- E onde que eu vou dormir? Quero conforto! - Victor disse fingindo autoritarismo.

- Tem um quarto sobrando no fim do corredor, vai dormir você e Caio lá - avisei.

Eles assentiram.

- E eu? - Laura perguntou.

- Você pode ficar no meu quarto, vou ficar na casa do João por esses dias! - Mari disse.

- Tá, agora que já está tudo pronto e organizado, podemos beber? - Karine perguntou.

- É claro cachaceira - eu disse fazendo uma reverência pra ela passar.

Fomos pra cozinha pegar os copos e abrir as cervejas. Colocamos umas músicas no YouTube da televisão e sentamos no sofá.

Tinha a varanda, mas não era tão grande e a sala era mais confortável.

- Os moleques não vão vir não? - Victor perguntou.

- Só o João - Mari respondeu se assustando com o barulho da campainha - Aí, deve ser ele!

Ela se levantou e correu até a porta com um sorriso no rosto. Se tem um casal que merecia meu respeito era João e Mariana, que quase nunca brigavam, e sempre estavam agindo como apaixonados, parecia que nunca se acostumavam.

- Ih, não é pra mim não, é pra você Malu - ela disse dando espaço pro Pedro entrar.

Ela fez uma careta pra mim disfarçadamente que eu ignorei.

- Oi!?

- Vim te ver, quero conversar - ele disse com a voz mansa olhando pro pessoal atrás de mim.

- Tá, vamos lá no quarto! - eu disse puxando ele.

Ele cumprimentou o pessoal no geral, sem dar muita trela. E o que eu nem tinha percebido, era que Laura teve diversas "histórias" com ele, me permiti pensar paranóias por um segundo, mas logo abstrai.

- Tá foda ficar sem falar com você, morena - ele disse se sentando na cama.

- Você que escolheu essa babaquice! - falei na lata me sentando de perna de chinês na sua frente.

- Eu sei, mas eu pensei melhor. Não acho que devemos brigar assim, porra, tivemos uma viagem foda a umas semanas atrás, tive mais certeza ainda que você é a mulher que eu quero pra minha vida, não vou perder isso por causa desse otário de merda - ele falou apontando pra porta.

Eu sorri aliviada. Odiava ficar brigada com ele, ainda mais por motivos que eu sabia que tinha como resolver.

- Que bom então.. fica aqui com a gente! - pedi dando um selinho nele.

- Vou ficar, mas escuta, pensei numa coisa aqui também, por que você não fica na minha casa enquanto ele está aqui? - ele perguntou esperançoso.

Revirei os olhos.

- Eu não vou deixar eles na minha casa sozinhos com a Karine, eles também são meus convidados e eu não vou largar tudo aqui - eu disse.

- Mariana vai pro João, né!? - eu assenti - Tá vendo? Só você quer ficar aqui, isso que eu não entendo.

- Pedro, eu vou ficar aqui porque é a minha casa, e pelo meu orgulho também, eu preciso que você confie em mim! - eu disse segurando a mão dele.

- Tá, mas quero que você saiba que eu não concordo com isso - ele disse sendo teimoso.

- Você não precisa concordar, mas sim respeitar minha decisão. Vamos estar todos os dias juntos, a questão é que vou dormir na minha casa, e você pode vir também se quiser - eu falei distribuindo alguns beijos pelo seu pescoço.

- Hum, tá bom. To aceitando. Mas tem uma condição! - ele disse me afastando dele. Eu revirei os olhos e continuei com minha cara de que já estava começando a se estressar - Que você me dê um beijo.

Eu ri empurrando o idiota que me puxou com força pela nuca. Começamos um beijo cheio de saudade, estávamos de verdade uns cinco dias sem se ver e isso era muito pra frequência que normalmente nos víamos.

Afastei ele de mim e o puxei pra porta. Queria beber com meus amigos e principalmente com meu namorado, um pré-carnaval já que amanhã seria o primeiro bloco.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora