138

7.1K 623 201
                                    

MARATONA 2/4

- João -

— Sai da minha casa! — gritei. Se não fosse pela Mariana me segurando eu já tinha enfiado a porrada nesse cara.

— Sua casa? Eu também paguei por essa casa, seu moleque! Agora vem Beatriz, você vem comigo — ele disse puxando ela pelo braço.

— Eu não quero, eu não vou — ela disse chorando.

O ódio que eu estava sentindo dentro de mim não cabia. Mariana continuou me segurando com a ajuda de Natália.

— Solta ela seu otário! — Natália gritou.

— Ela é minha mulher, pirralha. Ninguém mandou ela não se dar o respeito, onde já se viu mulher minha de calcinha e sutiã rebolando a bunda? Isso é coisa de vagabunda! — ela disse ainda segurando ela que se debatia.

Consegui enxergar minha mãe e Ben chegando por trás assustados. Mariana me soltou e deixou Natália tentando me acalmar.

— Olha aqui seu machista, ela não é sua, você não tem nenhum direito de tratá-la assim e decidir as coisas por ela. Estamos em família, dançando, ninguém aqui tá faltando respeito com ninguém, e mesmo que tivesse você não tem direito de machucar ela. Se põe no seu lugar e vira homem, porque o que você faz é coisa de moleque, um moleque ruim de caráter. Solta ela ou eu ligo pra polícia! — Mariana falou peitando ele.

— E quem é você? — ele perguntou soltando Beatriz e chegando mais próximo da Mari.

Me balancei pra me soltar, mas Ben tinha chegado pra me segurar também.

— Ela é a namorada do João, agora sai daqui Diogo! — minha mãe falou chegando próxima dele.

— Ah, namoradinha do babaca ali? — ele falou colocando a mão no rosto dela.

— Não encosta em mim! — ela disse dando um tapa na sua mão.

— Eu vou embora, mas isso não vai ficar assim, ouviu Beatriz? — ele falou olhando sério pra ela que continuou de cabeça baixa.

Fiz mais força ainda e consegui me soltar a tempo de avançar nele. Eu não conseguiria deixar ele ir embora sem ter socado a cara dele.

Puxei-o pela blusa e acertei um soco na sua cara. Ele colocou a mão na boca que sangrava e deu uma risada dando as costas e indo embora.

— Que ódio! — gritei.

— Ele chegou do nada? — Ben perguntou.

— Sim pai, estávamos dançando, tínhamos acabado de sair da piscina! — Natália contou.

— Filha, vamos dormir, eu te levo pra sua cama! — minha mãe disse abraçando Beatriz que se encolhia envergonhada.

— Dona Wânia? — Mari chamou — Me desculpa, eu não queria ter feito isso, me metido. Mas eu sou muito forte nessa luta de violência contra a mulher e eu não ia me aguentar ficar calada.

— Ah, Mari... você foi linda a defendendo. Já faz parte da família, eu que te peço desculpas — minha mãe falou dando um beijo na cabeça dela.

Ben subiu com Natália logo em seguida deixando eu e Mariana a sós.

Me sentei na beira da piscina pra pensar um pouco. Esse cara era o único cara que me deixava fora de mim, claro que já arrumei muitas brigas por aí, mas sempre foram de "brincadeirinha".

Mari me abraçou por trás e se sentou ao meu lado.

— Ele é um nojento, não merece o seu ódio por ele João! — ela falou encostando sua cabeça no meu ombro.

— Eu não consigo controlar! — falei.

— Pensa um pouco, vou tomar um banho! — ela disse me dando um beijo na testa e levantando.

Já estava cansado de pensar sobre esse assunto. O problema era que não adiantava o tamanho da briga e do sermão, ela sempre voltava pra ele. Eu não conseguia entender, não dava.

Levantei e fui pegar uma cerveja. Vesti um short seco que estava no varal e me joguei no sofá.

— Sabe o que eu estava pensando? — Mari disse sentando no chão e ficando de frente pra mim.

— O que?

— Vai parecer loucura, mas seria um boa pra relaxarmos...

— Qual é a sua invenção dessa vez? — perguntei desconfiado.

— E se oferecermos pra Natália um menage? — ela falou me fazendo sentar na hora de olho arregalado.

— Tá doida? — perguntei achando aquela ideia uma idiotice.

— Ué, por quê? Ela é doida por você e não custa nada fazer um favor pra ela, seria legal pra nós dois também, ainda mais depois dessa loucura.

— Aí não sei Mari, e se ela cismar com isso depois? Eu não gosto de te dividir! — falei confuso.

Ela me olhou rindo.

— Eu que deveria ficar com ciúme, João. E ela não vai cismar, vamos deixar as coisas as claras pra ela.

— E o Ben? E se ele descobrir?

— Você já foi melhor hein, que que é? Tá com medinho? — ela perguntou sentando em cima de mim me provocando.

— Você sabe que não, pareci com medo quando foi com a Laura? — perguntei me lembrando da maravilha que foi aquela noite na viagem de ano novo.

— Tá, e aí? Topa? — ela perguntou com um sorriso pervertido.

- Mariana -

Tirei um papo com Natália que quase berrou de alegria, mas como ela estava um pouquinho bêbada e João tinha dito que só faria isso com ela cem por cento sóbria, mandei ela tomar banho e avisei que esperava ela no quarto.

— Tá, eu estou nervoso! — João confessou.

— Se você acha errado eu posso falar com ela que não vai dar certo — falei.

— Não, a gente nunca se tratou como irmão e mesmo que nossos pais estejam juntos desde que eu era criança, nessa época não tínhamos contato porque ela morava com a mãe — ele contou.

Eu assenti. Ficamos nos beijando enquanto ela não chegava, também abrimos algumas cervejas.

— Posso entrar? — ela falou abrindo um pouco a porta.

— Seja bem-vinda! — falei batendo na cama pra ela se sentar.

Ela estava meio envergonhada, mas nada que eu não fosse resolver. Ficamos sentados na cama um encarando o outro, fiz o favor de tirar minha blusa primeiro pra começar as coisas.

— Eu não tenho muita experiência com isso! — ela falou com um sorriso envergonhado de lado.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora