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Maratona 8/8

- João -

Acordei com uma dor de cabeça do capeta. Levantei rápido, fui até a necessaire da Mariana e peguei um remédio. A noite de ontem tinha sido louca demais e nem eu pensava que ficaria tão louco daquele jeito.

Mariana e Laura estavam deitadas de conchinha na cama. Foi esquisito ver essa cena, mas na hora do nosso sexo a três eu não achei nada disso.

Resolvi não acordar ninguém e me enfiar logo debaixo de uma água gelada. Iríamos embora hoje e pra eu ter disposição de arrumar minha mala, só melhorando mesmo.

Escutei a porta do quarto se fechando, pelo que sabia da Mariana provavelmente ela tinha botado a mina pra ralar. Usou do corpo e já era.

— Vai demorar aí? — ela perguntou aparecendo na porta do banheiro.

— Não linda, só estou jogando uma água no corpo, minha cabeça tá estourando! — falei e ela assentiu voltando pro quarto.

Mariana não era exatamente do tipo de menina que ficava implorando sua atenção e correndo atrás de você. Pelo contrário, se você não forçasse um pouquinho pra estar perto dela esquece, porque vocês não iram ficar. Mas mesmo assim ela me fazia bem, porque mina carinhosa, pegajosa e desesperada eu estava beeem fora. E ela completava minha loucura, me divertia e nunca me cobrou nada.

Saí do chuveiro, me enxuguei e enrolei a toalha na cintura. Assim que vazei do banheiro, ela entrou atrás de mim e como eu já esperava, Laura estava fora. Me joguei na cama e fiquei esperando a dor de cabeça passar um pouco.

— Ontem foi demais, você é demais, obrigada por se divertir comigo! — Mariana disse sendo fofa pela primeira vez. Ela me deu um selinho e foi procurar uma roupa.

— Até que você sendo fofa não é tão ruim assim, gostei. — eu falei.

— De vez em nunca te faço esse agrado — ela falou me olhando com cara de pena.

— Quer dizer então que você vai durar na minha vida? — falei fingindo estar surpreso.

— Não enche! — ela falou nervosa. Eu ri vendo ela sendo Mariana novamente.

Levantei da cama, dei um selinho nela e sai do quarto de toalha mesmo. Eu tinha que arrumar minhas malas, senão todas as mulheres da casa iriam começar a surtar.

Os moleques estavam espalhados pelo quarto arrumando as coisas, e eu comecei a fazer o mesmo. Fomos descendo com as malas que estavam ficando prontas, terminamos de arrumar a bagunça que deixamos e pegamos as comidas que tinham sobrado pra levar pra casa. Nos dividimos em três carros e deu tudo certo. A viagem seria longa, pena eu tinha de quem ainda ia voltar pra São Paulo.

- Malu -

Um mês se passou depois da viagem de ano novo. Hoje seria meu primeiro dia de aula na faculdade e enquanto muitos estavam pensando no planejamento do carnaval, eu estava focada no primeiro período que eu não daria mole por nada. Muitas coisas aconteceram em apenas um mês, na minha vida era assim, as coisas aconteciam freneticamente.

João e Mariana não tiveram nenhum avanço durante esse mês, na verdade, sofreram foi um retrocesso. Até um pouco depois da viagem eles ainda passaram umas duas semanas conversando, não que deixassem de ficar com as pessoas, até porque o "relacionamento" deles sempre foi super aberto, mas se aproximaram mais no quesito de conversas. Só que João surtou depois que voltou da casa da mãe, estava sempre fora de casa, chegava bêbado (algumas vezes eu e os meninos tínhamos que salvar ele de brigas em boates e até fazer ele chegar vivo em casa) e de repente apareceu com uma mina, diz ele que ficando sério. Deu que... Mariana veio morar aqui, ele evita ela todas as vezes e ela finge não se importar.

Karine e Luan estavam apenas se conhecendo. Estavam mais pra lá do que pra cá e eu nem sabe a muito bem sobre eles dois. Luan dizia que era só um rolo e só Deus sabia se iria dar em alguma coisa, já ela dizia que não iria dar em nada mesmo porque Luan é muito amigo de todo mundo, passa pano pra tudo e ela não gosta disso. Mas eu sei que se essa garota de fato se apaixonar, não vai ter pano que deixe ela largar ele.

Bruno e Sarah estão aí... tentando alguma coisa. Acho legal o lance que eles tem, porém sei que se meu primo continuar da maneira que ele está vai foder tudo. Bruno por insegurança acaba cometendo muitos erros por não querer ser magoado primeiro, até agora não fez nada de grave, mas por comentários que ele faz quando não está com ela sabia que poderia dar merda. E é uma pena, pois sei que ele gosta dela e vise-versa.

— Quer carona? — Pedro perguntou pegando as chaves na bancada da cozinha.

— Não, Mariana vem me buscar. Mas obrigada! — eu disse meio sem jeito. Ele deu um sorriso fraco e saiu pela porta.

Suspirei me jogando no sofá. Entre eu e ele, tudo só não voltou ao normal de antes do ano novo porque já estava tudo acertado entre a gente sobre Porto, porque se não fosse por isso continuaríamos sem olhar na cara um do outro.

Depois que voltamos, ficamos uma única vez, que foi a noite que chegamos de Búzios, depois disso tudo começou a ficar estranho. Aliás, acho que partiu mais por mim, esse lance de nós morarmos juntos era demais pra minha cabeça problemática, estaríamos muito próximos, quase uma vida de casados. Zero preparada pra isso, chegar da faculdade, do trabalho, anywhere e ter alguém me "esperando" era barra demais.

— Faculdade hoje? — Bruno perguntou, eu assenti. — Vou sair agora pro trabalho, quer carona?

Eu assenti. Era mentira a história sobre Mariana, eu só não queria encarar uma viagem de carro sozinha com Pedro. Bruno só ia pra faculdade a noite, senão fosse isso eu teria carona todos os dias, até porque não era sempre que ele estava disposto mudar a rota só pra me deixar na facul.

Ele me deixou em frente da faculdade e seguiu seu caminho. Respirei fundo e entrei, a estácio era bem bonita, aparentemente seria confortável estudar por lá. Fui direto na secretaria pegar alguns documentos e certificar que a grade que eu tinha recebido estava realmente certa. A primeira aula era de história da cultura e da comunicação e em um corredor que me deixava mais perdida que cego em tiroteio.

— Quer ajuda? — Pedro disse surgindo em minha frente.

— Não precisa, eu me viro! — eu disse guardando os papéis na mochila.

— Tem certeza? — ele sorriu irônico ao perceber minha cara de perdida. — Eu conheço aqui, tenho certeza que posso te ajudar!

Eu não respondi, continuamos andando. Já era louco morar com ele, compartilhar faculdade era barra também. Mas eu decidi não me importar, se todas as vezes que eu parasse pra pensar o quão difícil ia ser essa convivência mais eu ia me complicar.

Não trocamos nenhuma palavra até minha sala, eu apenas agradeci e entrei.

— Cuida dela hein Marcão! — ele gritou da porta pro professor que estava organizando as coisas em sua mesa.

Meu rosto ficou vermelho, todo mundo pareceu me encarar, enquanto o professor só sorriu.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora