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Maratona 1/5

- Malu -

Antes de vir pra essa maldita festa eu tinha me decidido que conversaria com o Pedro. Passei a tarde inteira pensando e refletindo sobre minhas atitudes. Eu entendia que ele tinha os erros dele, pelo menos nessas últimas situações, mas eu não anulava o fato que eu também tinha e talvez muito maiores.

Coloquei na minha cabeça que pararia de me vitimizar tantas vezes quando na verdade eu que me coloco como culpada, e mesmo com essa merda que tinha acabado de acontecer eu sabia que eu tinha que mudar isso independente de qualquer coisa, agora conversar com ele é outros quinhentos.

Eu iria relevar as babaquices que ele falou ou fez indiretamente, mas agora, ver ele beijando Clara, é muita coisa pra eu poder passar pano, isso não dava.

Passei por todas as pessoas querendo chorar, me segurei porque durante o caminho até a área de fumantes fui parada várias vezes, pelas minas da minha turma ou por moleques querendo dar em cima de mim.

— Você fuma? — o segurança perguntou me barrando de entrar.

— Não, mas preciso de ar! — falei sendo bem idiota por sinal.

Ele me olhou sarcástico.

— Por favor, só quero sair um pouco daqui de dentro — insisti.

Ele deu de ombros e deu espaço pra eu passar. Não tinham tantas pessoas por lá, o que facilitava de eu ficar sozinha, e também pra eu não ser uma fumante passiva.

Me sentei em um banco e me escorei no vidro. Só queria sair um pouco de perto deles, não que eu não me sentisse bem, e sim porque essa noite em si pra mim estava horrorosa. E de uma certa forma, parecia que afetava em um todo. Já vi João mais animado, com certeza Karine também, e com mais certeza ainda Magalhães e Lobão.

— Não, eu só quero falar com ela! — vi Marcelo tentando convencer o segurança.

— A senhorita quer ser incomodada? — o homem perguntou com certa simpatia.

Dei um sorriso simpático assentindo fazendo ele dar espaço pro Marcelo entrar.

— Nunca foi tão difícil pra entrar em uma área de fumante, se pá eu tinha que dar até carteira de comprovação que eu fumo! — ele debochou.

— Não precisava vir aqui — falei.

— Queria saber se estava bem — ele disse.

— Eu tô, só queria ficar um pouco sozinha! — eu disse.

— Quer que eu saia? — ele perguntou ameaçando levantar.

— Pode ficar, não tem problema não! — menti. Eu queria ficar sozinha, mas já que ele tinha se dado ao trabalho de vir até aqui não mandaria ele ir embora.

— Eu vi o que aconteceu. Vocês se gostam, né? — ele perguntou interessado.

— Bom, pelo visto ele não — eu disse rindo, mas rindo de nervoso.

— Mas e você?

— Pelo visto sim — continuei rindo de nervoso. A verdade era que eu queria era chorar.

— Eu acho que ele gosta sim de você, parece que ele tá muito louco, sério. Eu nem o conheço de outras épocas, mas pelo que conheci do início, ele não me parece ser nem um pouco assim normalmente.

— É, mas não é mesmo. Tô meio surpresa também.

— De qualquer jeito, se ele não gosta, é um idiota. Você é linda! — ele elogiou se aproximando.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora