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Maratona 4/8

- Pedro -

Pela primeira vez desde porto eu estava nervoso com alguma coisa relacionado a mulher. Quando tirei o papel e li o nome da Maria Luiza eu tive que disfarçar ao máximo pra não rir de nervoso e agora só de pensar que eu ainda tinha que falar sobre ela eu estava surtando.

— Vai Laura, sua vez! — Mari falou.

— Bom... — ela levantou com um papel na mão. Laura tinha sido a única que não tinha saído pra comprar nada, então eu não fazia ideia do que ela tinha feito. — a minha pessoa de primeiro momento tive a impressão que o gato tinha comido a língua dela — rimos — mas conhecendo melhor percebi que é uma pessoa animada, engraçada, você só tem que futucar um pouquinho mais. Tive o prazer de ser amiga, mas também experimentar outras coisinhas.

— Ué, tô na dúvida. Conheço dois que se encaixam muito bem nisso aí — Karine falou. Por dentro fiquei confuso, mas não fiz questão de demonstrar.

— Quem? Agora joga na rodinha, porque eu só conheço uma pessoa. Não conta Laura, desembucha Karine! — João falou.

— Posso? — ela olhou fixamente pra Malu.

— Ahhhhhhh — todos gritaram surpresos. Fiquei na minha, surpreso, mas quieto. Eu não tinha noção de que isso tinha acontecido.

Laura parecia estar se divertindo com a situação, mas Malu só sorria quieta. Envergonhada talvez.

— Tá, vou chutar Malu então... — Karine disse e Laura negou vindo me dar um abraço.

Levantei, ela me deu um selinho e entregou um papel escrito "vale night" e embaixo escrito entre parênteses (faço tudo que você quiser). Ri baixo, dobrei o papel e guardei no meu bolso.

— Tá achando o que? Vai ter que falar! — Lobão cobrou.

— Ai gente, é um vale night, o resto vocês não precisam saber — ela disse e todos fizeram "hmm".

Voltei pro meu lugar mais nervoso do que estava antes. Olhei pra Maria Luiza e ela não estava com uma cara tão boa assim, me deu até medo de falar o que eu ia falar. Maldita hora que eu fui tirar essa porra desse papel... só castigo.

— Vai Pedro!

— É até difícil falar dessa pessoa. Essa pessoa é um ser humano incrível, tive o prazer de conhecer de uma forma irresponsável, depois conheci mais ainda de uma forma meio louca e agora tô terminando de conhecer tentando me reaproximar aos poucos. Acho essa pessoa linda, engraçada no ponto certo, ela é complicada, mas foi isso que mais me chamou atenção nela. Se eu for parar pra deixar vocês tentarem adivinhar que é a Malu, não vou conseguir explicar o porque desse presente. — eu disse entregando pra ela. Todo mundo me olhava atentamente, mas eu não conseguia prestar atenção em ninguém. Eu nunca estive tão nervoso por algo tão banal. Minha vontade era mandar um "foda-se toma, feliz ano novo", mas eu comecei a falar sem parar e nem eu sabia mais o que estava fazendo. — Eu escolhi um diário porque sei que você tem problemas em compartilhar seus problemas e dores com os outros, compartilhar sua vida, então pensei que talvez escrevendo fosse mais fácil. E pode servir também pra você anotar sobre suas viagens que sei que quer tanto fazer. Enfim, usa pra o que quiser! — eu falei nervoso voltando a sentar.

Eu sentia que ela estava me encarando, mas a verdade era que nem conseguir olhar pra frente eu estava conseguindo.

— Bom... depois dessa... Sua vez, Malu — Luan disse rápido tentando mudar o foco da situação. Eu sabia que ele me entendia, como sempre esse moleque salvando todo mundo.

— Tirei uma pessoa doida, que gosta de loucuras, eu acho hilário apesar de saber que eu nunca faria algo do tipo, mas eu adoro essa pessoa porque além dela ser única na forma como se diverte, ela faz uma amiga feliz e completa as doideiras dela que eu nunca conseguiria completar — ela falou.

— João! João! João! — todo mundo começou a gritar e eu acompanhei. Queria voltar ao normal.

— Ué, e eu não ganho presente? — ele falou decepcionado vendo ela sem nada nas mãos.

— Ganha sim, mas ele é grande, vou buscar lá em cima! — ela avisou. Todo mundo ficou curioso, mas eu só conseguia pensar o quão otário eu fui a poucos minutos atrás.

- Karine -

Ela desceu com uma boneca inflável ruiva. Começamos a gargalhar sem parar. Com certeza Maria Luiza tinha vencido essa batalha, acho que ninguém mais superaria ela.

— Pra vocês usarem durante a foda de vocês. Não gostam de uma coisa a três? Então, tornei isso mais diferente pra vocês! — ela disse entregando na mão dele que estava de queixo caído.

— Querem continuar? Porque olha... ninguém supera essa — Sarah falou.

— Tá Malu, vai ter volta! — João ameaçou. — Continuando, a minha pessoa pagou vela a viagem de porto inteira e o meu presente pra ele vai ser essas dez velas que vamos segurar na frente dele em uma foto que ele vai estar beijando a Sarah. Pega sua polaroide aí, Mari.

— Eu sou o presente então? — Sarah perguntou e ele assentiu.

Nos juntamos todos, batemos a foto e ele entregou pro Lobão.

— Gostei de ter conhecido a minha pessoa, e por eu gostar dela eu quero o seu bem e por isso Sarah te entrego essa tequila pra você se soltar mais — Lobão disse dando um selinho nela. Bruno pigarreou e ela pareceu engolir a seco.

— Bruno, é você! — Sarah disse seca entregando o presentão pra ele. — Você sabe que te adoro, sabe também o que acho de você, não preciso expor. Te dei esse kit de panelas que você tanto queria pra fazer seus deliciosos pratos, espero que goste.

Ela voltou a se sentar. O amigo oculto divertido estava ficando mais pra constrangedor.

— Então, conheço essa pessoa desde que eu era pequeno. Foi sim meu primeiro amor, apesar de não admitir por muito tempo. Hoje estamos grandinhos, mesmo que tenha rolado uns remember mais velhos, estamos bem e eu superei. — ele disse brindando com a cerveja pro alto e tomando um golão — Toma, um caderno de desenhos pra você criar seus vestidos, futura estilista.

— Obrigada, Bruno. Agora senta aí que é a minha vez! Bom... sei que esse amigo oculto de uma hora pra outra virou uma loucura. E talvez o meu presente será uma loucura também. — Mariana disse rindo de nervoso — A maior surpresa não está em quem tirei, que no caso é minha maravilhosa amiga Karine. E sim no que vou dar.

Me animei. Honestamente, jamais alguém ganharia de Mariana no quesito presentear uma pessoa. A filha da puta conseguia rastrear cada pedacinho dos seus desejos e saber o que te faria mais feliz.

— Na verdade, não é só um presente pra ela. E sim pra nós três. — ela disse olhando pra Malu também. Franzimos o cenho. — Estava esperando um momento pra contar pra vocês e quando tirei Karine vi a oportunidade perfeita. Essa é a chave do nosso mais novo apê! — ela disse levantando a chave.

Arregalei os olhos e corri pra abraça-la juntamente com Malu.

— Pera, como vamos aceitar isso? Como assim Mariana? — eu disse.

— Nem comecem... desde que meu pai decidiu por si só que ele pagaria minha faculdade nova no RJ eu juntei todo meu dinheiro que ganho com internet pra investir no apê dos nossos sonhos desde pequenas. Vocês vão aceitar, porque eu pensei em vocês em cada segundo, isso é pra gente! — ela falou e nós voltamos a abraça-la.

Ela realmente era demais!

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora