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Os meninos estavam fazendo churrasco e algumas das meninas decidiram ir comigo comprar as bebidas. Tínhamos deixado pra comprar aqui junto do resto das comidas. Recolhemos dinheiro com o pessoal e fomos.

— Querem ir não? — perguntei pra Júlia e Laura que estavam fazendo a unha.

— Vamos demorar aqui, podem indo. Trás muita cerveja, pelo amor de Deus! — Laura falou e eu assenti. O pedido era uma ordem.

Mandei beijo para os meninos. Era esquisito olhar e ver todos eles juntos se dando bem, incluindo Victor e Pedro. E mais esquisto ainda a coincidência de Pedro e Guilherme serem amigos de infância. Mas minha vida era assim, só surpresas, ultimamente então...

— Doideira né? — Mariana disse fechando a porta do carro.

— O que?

— Guilherme e Pedro — ela disse e eu assenti.

— Eu nem faço parte das histórias, mas sinto como se eu fosse. Como foi pro seu coraçãozinho ao ver ele chegando do nada? — Sarah falou.

— Quando vocês vão entender que eu não sinto porra nenhuma por ele? Ao contrário de vocês que todas tem seu coraçãozinho entregue pra alguns dali. — eu disse tentando desviar o foco de mim.

Eu realmente estava conseguindo desviar meu foco do Pedro, eu tinha conseguido esquecer ele e toda nossa situação. Tanto que foquei em tentar me aproximar de algumas amizades e não ficar com esse medo de me aprofundar em relações. Mas ultimamente estava foda de me distanciar da nossa parada, principalmente agora com ele vindo passar dias comigo confinado sem ter pra onde correr. Já que todos estávamos aqui com um intuito, nos divertir em grupo.

— É? E o meu tá com quem que eu não sei? — Karine perguntou debochando.

— Também queria saber — Sarah completou.

— Vou nem entrar no assunto — falei e elas fizeram careta.

Ficamos horas na rua das pedras procurando um depósito, estávamos perdidinhas da Silva. A casa era em Geribá e mal sabíamos exatamente onde estávamos.

Compramos vinte engradados de cerveja, sem saber se era exagero. Dois espumantes, algumas vodcas e energéticos, whisky e alguns refrigerantes. Nem só de álcool se vive um jovem adulto.

— Caralho, foram fabricar as bebidas! — João disse cortando a carne na tábua.

— E pelo visto fabricaram exageradamente, quantos engradados tem aí? — Davi perguntou.

— Vinte! — Mariana disse.

— Pra mim isso não é exagero não, quero mais é encher a cara! — Pedro falou.

— Olha eleeee! — Lobão gritou e rimos.

Coloquei as cervejas pra gelar, conectei meu celular no som e coloquei o funk pra rolar. A noite seria longa, e seria mesmo pela animação da galera.

— Se eu engravidar a culpa é sua, não é minha, foi você que jogou na pepeca — eu cantei alto rebolando.

— Vou falar a verdade, vou contar pra minhas amigas que o Davi comeu minha tcheca — Júlia brincou fazendo a gente cair na gargalhada.

— Coeeee Julia — Magalhães falou rindo.

Ficamos beliscando as carnes e quando a cerveja gelou que começamos a nos divertir de verdade.

- Mariana -

— Se liga aí malvada no que agora vou mandar no som diferenciado que vai te fazer dançar — eu cantei rebolando.

— JS no comando vai mandar pra todas elas, ritmo contagiante vai entrar na mente delas — Karine cantou ao meu lado.

— Manda pras safadinhas! — Victor gritou imitando a voz da mulher.

— EVOLUIU! Ritmo agressivo, 150 fluiu, levando levadas que você nunca ouviu — Sarah continuou.

— Meu Deus, vocês se amarram em um brega funk, hein! — Luan disse com uma cara de nojo. Mandei língua.

Bruno não parava de olhar e era evidente que João estava percebendo. Fiquei mais sem graça do que nunca. A minha situação com os dois estava ficando cada vez mais complicada. Embora eu soubesse quem mexia mais comigo em quesito de vontade, eu não conseguia largar o outro.

Bruno se levantou da mesa e me deu um abraço quase nada disfarçado.

— Vamos lá dentro? — ele disse e eu assenti o seguindo. Evitei olhar pra trás, mas sabia que João poderia estar olhando, enquanto o resto só continuava a dançar.

— Acho que não devemos fazer isso na frente de todo mundo — eu falei.

— Fazer o que? — ele disse parando no meio da sala confuso.

— Sei lá, demonstrar que vamos nos pegar — eu disse e ele ficou mais confuso ainda.

— João? — ele disse dando um sorriso sarcástico. — Cara, se for por ele, manda logo teu papo, não vou ficar empatando nada.

— Não é isso, mas não sei até que ponto afeta ele — eu disse.

— O João é um dos meus amigos mais foda-se que existe, na minha opinião ele não tá nem aí, mas você quem sabe. — ele disse dando as costas.

— Você sabe que não sou eu que você tanto quer — eu disse e ele parou de andar.

— Do que você tá falando? — ele disse fingindo não estar entendendo.

— Sarah — eu fui direta. Não queria enrolar e estava certa daquilo.

Ele revirou os olhos.

— Mais uma com esse papo.

— Oi, atrapalho? Só quero pegar algumas coisas pra fazer caipirinha — Pedro perguntou e eu neguei deixando os dois sozinhos.

A galera continuava a dançar. João, Lobão e Magalhães dessa vez acompanhavam as meninas com as mesmas palhaçadas de porto.

— Ela é uma diaba, hoje eu só quero te ver pelo espelho pelada, não me importa a hora pode ser de madrugada, você sabe que me amarro na sua sentada — João cantou olhando pra Sarah.

Senti meu sangue ferver por alguns segundos. Eu não sabia se ele estava fazendo de propósito ou por que queria mesmo, só sei que senti.

Perdi a vontade de dançar e me sentei ao lado do Davi e do Luan que estavam conversando. Eu não estava prestando atenção em nada do que estavam falando, só sei que falavam sobre carros. Idiotas.

— Que que aconteceu, amiga? — Karine perguntou sentando ao meu lado.

— Nada! — falei seca.

— Você não está sabendo disfarçar — ela disse e eu comecei a me irritar mais ainda. Não queria dar um fora nela por nada, então resolvi permanecer calada.

— Ihh, ela está puta? — Luan perguntou pra Karine que deu de ombros e se levantou.

— Eu te conheço Mari, que que aconteceu? — Davi se intrometeu.

— Nada gente, relaxa! — eu disse respirando fundo. — Cadê Pedro com a caipirinha? — perguntei.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora