153

6.8K 623 164
                                    

Maratona 7/10

- Pedro -

Já estava quase na hora de se arrumar pra festa. Já estava começando a ouvir movimentação vindo do andar debaixo.

Maria Luiza estava dormindo feito pedra, roncando e tudo, enquanto eu não conseguia nem tirar um cochilo de leve. As coisas que ela tinha falado pra mim mexeram muito comigo.

Nunca parei pra pensar no lado da minha mãe, sempre admirei meu pai e que se foda, mas talvez isso seja resquícios de uma educação machista, como elas me dizem sempre.

Fiquei pensando em inúmeras possibilidade sobre coisas que se passavam dentro da minha mãe, mas eu nunca chegaria numa conclusão e numa certeza sem conversar com ela.

— Oi amor, já acordou? — Malu disse com a voz rouca virando pra mim e me dando um selinho.

— Nem dormi.. fiquei pensando no que você me falou — falei.

— E aí? — ela perguntou se sentando na cama e espreguiçando — Nossa, essa cama é maravilhosa mesmo, parece que minha coluna revigorou.

Eu ri.

— Acho que vou conversar com ela hoje! — contei.

— Sério? — ela perguntou surpresa e eu assenti rindo — Vai dar tudo certo!

Ela saiu indo pro banheiro. Dei uma enrolada na cama, mas logo fui procurar minha roupa do dia. Normalmente eu deixava minhas roupas engomadinhas aqui, justamente pra situações como essa.

Deixei ela tomando banho e fui pra outro banheiro tomar o meu. Tinha espaço o suficiente, mas eu e ela valorizávamos muito alguns momentos sozinhos, e eu queria ficar nesse.

Se eu descobrisse que meu pai batia nela, eu iria ficar muito puto, estava até cogitando em ter essa conversa depois, já que eu era capaz de acabar com a festa.

Voltei pro quarto e Maria Luiza ainda estava trancada no banheiro. Tinha fechado a persiana da banheira que dava pro vidro do quarto.

— Morreu aí? — gritei rindo vestindo minha roupa.

— Tô me produzindo, posso? — ela disse abrindo a porta e dando uma voltinha.

— É minha mesmo, Deus? — perguntei aos céus e puxei ela pela cintura.

Ela deu uma risada gostosa.

— Exagerei? — ela perguntou receosa.

— Não, tá perfeita! — falei dando um beijo nela — Me ajuda a colocar essa merda de gravata?

— A festa é nesse nível? — ela perguntou rindo.

Eu assenti e ela me ajudou.

Meu pai com seus contatos e suas festas de trabalho nunca deixava decepcionar. Era festa de alto nível mesmo, gente importante e festa disciplinada. Eu achava um saco, mas era isso.

Ela deitou na cama e pegou o celular disse ela que pra editar sua foto.

Ficamos fazendo hora até Janaína bater na porta e dizer que podíamos descer que já estava tudo pronto.

Ninguém tinha chegado. Apenas o pianista, os garçons e meus irmãos estavam na sala. Eu amava a cara deles de tédio quando meu pai fazia essas festas.

— Nossa, que norinha linda! — meu pai disse ajeitando a gravata.

Eu sorri dando um beijo na bochecha dela.

— Você que tá um arraso, todo chique — ela disse com aquele sorriso lindo dela no rosto.

— Aqui na nossa família é assim querida... vai se acostumando — minha mãe disse aparecendo atrás do meu pai.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora