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MARATONA 1/4

- Mariana -

Vir pra casa do João tinha sido a melhor escolha que eu já tinha feito durante esse ano. Depois que ele me convidou, eu reagi bem, mas fiquei um pouco receosa por dentro e até pensei em negar, mas foi muito bom pra mim.

Era outra realidade. Apesar de não ter nada de humilde na sua casa, a sua família era, e muito e isso era muito bom pra mim. Fora que a atenciosidade e a simpatia das pessoas eram surreais e incapaz de se explicar.

Assim eu conseguia entender o porque da alegria contagiante que o João carregava e era assim que no fundo eu gostaria de ser.

Wânia tinha me levado pra conhecer vários lugareszinhos legais. Eu conseguia perceber que ela estava feliz, não só de me conhecer, mas por ver sua filha mais próxima sem o embuste. Tiramos várias fotos e eu fiz uma amizade maravilhosa com Beatriz.

— Tô de bucho chei — Ben falou batendo na barriga.

— Claro, tem uns quatro pratos aí na sua barriga! — brinquei dando um abraço de lado nele. Íntima toda a vida.

— É assim todo dia Mari, todo santo dia — Wânia falou sentando no sofá.

— Não reclama mãe, a senhora come pra caralho também que eu sei — João disse me puxando pra sentar do lado dele.

— Concordo com o João nessa, apesar dele não ter muito do que falar já que o prato dele da três do meu — Beatriz contou fazendo ele mandar língua.

— Presentes entregues, comida na pança, agora eu vou é dormir, isso de natal é muito chato! — Wânia disse bocejando.

— Chato pra vocês, pra nós a noite só está começando — Natália falou fazendo Beatriz fazer uma dancinha animada.

— Eu vou animar lá em cima com minha loira, boa noite pra vocês — Ben disse batendo na bunda da sogrinha.

— BEN! — os três gritaram me fazendo cair na gargalhada.

Aproveitei que os três foram guardar as comidas e pegar as bebidinhas fui pro meu insta.

Eles voltaram com um vinho e tequila pra dar ainda mais uma esquentada. Começamos com o vinho pra dar uma molhada no bico e ligamos o som.

Era engraçado porque eram apenas quatro pessoas resenhando, mas eu e João tínhamos potencial pra fazer uma boa festa até sendo só eu e ele.

Pra minha felicidade e pra boa convivência Natália tinha parado de provocar um pouco, as vezes soltava umas piadinhas, mas nada que me incomodava muito. Ela não tinha pedido desculpas, mas estava bem se policiando um pouco.

— Feliz demais, ainda bem que Diogo foi passar o natal com a mãe dele e não inventou de ficar comigo — Beatriz disse dançando sozinha.

— É só você largar esse babaca que não fica precisa ficar feliz só uma vez por ano. — João disse me fazendo dar um beliscão nele às escondidas — Aí, sua bruta!

— Você sabe que não é assim, João — ela disse tirando o sorriso do rosto.

— Vem cá, vamos parar de falar disso? Hoje a noite é pra dançarmos, brincarmos e rirmos, nada de conversas sérias sobre a vida cotidiana — interrompi os dois.

— É, tô junto com a Mariana! Quem vai? — Natalia disse levantando a tequila no alto.

— Passa isso pra cá! — Beatriz disse arrancando a garrafa da mão dela.

— Vai maninha, vai maninha — João puxou um canto.

Cada um virou uma dose, mas é claro que eu quis fazer graça e virei uma a mais.

— Que tal brincarmos um pouco? — eu sugeri.

— O que você sugere? — Natália perguntou.

— Eu sei uma boa! — João disse levantando o dedo — É assim, a gente faz uma roda, a pessoa que está sentada a sua direita é o seu nome, por exemplo, meu nome é Mariana porque é ela que está desse meu lado, aí eu falo "Mari não bebe, quem bebe é a Beatriz" e a pessoa que é o nome da Beatriz repete apontando outra pessoa. E assim vai.

— Eu sou Beatriz no caso? — Natália perguntou e João assentiu.

— Vamos fazer uma teste! — ele falou — Mari não bebe quem bebe é o João!

— João não bebe, quem bebe é a Natália — Beatriz continuou.

— Natália não bebe, quem bebe é a Beatriz — continuei.

— Beatriz não bebe quem bebe é o João — Natália passou a vez.

Beatriz demorou pra responder, logo bebeu.

Ficamos nesse jogo por um tempo até enjoarmos. Passamos pra pa pin pow, eu nunca e tudo que se tinha direito.

— Quem topa pular na piscina? — Natália sugeriu fazendo todo mundo se levantar animado.

— Tem piscina? — perguntei surpresa. Não tinha conhecido a casa toda.

— É claro, eu dava uma casa de respeito pra minha mamis ou eu não me chamava Beatriz Drummond!

— Vocês vão ficar aí conversando ou vão dar um mergulho? — João disse já tirando a camisa e correndo na nossa frente.

— Quem chegar por último é a mulher do padre! — gritei.

Nos tacamos quase colocando metade da água da piscina pra fora. O momento estava incrível, parecíamos crianças, mas eu me sentia feliz.

— Mari, posso conversar com você? — Natália perguntou mergulhando pro meu lado.

— Vai lá fazer companhia pra sua irmã, vai amor? — falei expulsando ele pra eu dar a atenção devida a garota.

Ele continuou parado do meu lado, mas dei um sorriso mostrando que estava tudo bem. Ele me deu um selinho e foi nadando até a irmã dele pra disputar qual dos dois pulava melhor.

— Eu só queria te pedir desculpas pelos primeiros dias, eu viajei, agora que tô bêbada posso falar já que sou muito orgulhosa e não consigo. Sendo bem sincera, eu gostei do João por muitos anos da minha vida, meu pai não sabe até hoje, mas eu sei que João já percebeu faz tempo. Sei que não tenho chances e nem quero mais porque eu de verdade gostei de você, me perdoa? — ela disse com os olhinhos brilhando.

No fundo no fundo, ela era só uma menininha com um amor impossível. Eu não tinha mais problemas nenhum com ela, na verdade eu me senti até um pouco triste por ter ameaçado-a daquela forma.

Não falei nada e puxei ela pra um abraço. Ela sorriu e voltamos nadando pros dois malucos.

— Quero dançar! — Beatriz disse.

— Seu pedido é uma ordem! — falei saindo da piscina.

Tiramos nossas roupas e ficamos só de calcinha e sutiã. Me sentia completamente à vontade, já que todo mundo era família.

João ligou o som em um volume consideravelmente pronto pra acordar qualquer um, mas ele e Beatriz juravam que os pais não ligavam e até gostavam porque podiam fazer a festa deles.

— Vamos de antiguidade!

— Ela só pensa em beijar, beijar, beijar...

— E vem comigo dançar, dançar, dançar, dançar..

— Se ela dança eu danço, falei com o dj pra fazer diferente, botar chapa quente pra gente dançar, me diz quem é a menina que dança e fascina que alucina querendo beijar...

Ficamos rebolando e parando pra tomar a cerveja, se fizéssemos os dois tomávamos um banho, no estágio que estávamos já tínhamos perdido a coordenação motora a muito tempo.

— Que palhaçada é essa aqui, Beatriz? Tá de sacanagem com a minha cara sua vagabunda? — um cara chegou abrindo a porta com força.

— Diogo, que que você tá fazendo aqui? — João perguntou já saindo fumaça pelo nariz.

CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora