Perdão

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Shikamaru pov

Depois daquele dia eu não conseguia parar de pensar nas palavras que a Temari falou "ouvir isso da pessoa que ama", ela me ama. Amar. O que é amar? Tudo isso é tão novo para mim. Eu fui um idiota, eu não queria ter dito aquilo, não em uma discussão como aquela, na verdade... eu não deveria dizer isso em ocasião nenhuma. É o jeito dela, é a personalidade dela e eu a amo desse jeito. Amo? Definitivamente eu preciso fazer algo. Saio do meu quarto vendo Itachi e Ino sentados na mesa de jantar tomando café.

— Bom dia! — Eles dizem em coro.

— Bom dia. — Após alguns minutos Ino levantou dizendo que ia voltar a dormir já que não tem aula e vi a oportunidade perfeita de falar com Itachi. Quando ele vai se levantar. — Itachi. — Ele olhou para mim e eu cocei a cabeça. — Eu... quero fazer algo 'pra Temari.

— Como assim... algo? — O Uchiha me encarou confuso e sentou na cadeira novamente.

— É, quero pedir desculpas 'pra ela. — Desviei o olhar para o chão. — Quero fazer algo especial, você... poderia me dar alguma dica?

— Nossa mano, você sabe que nunca namorei, não tenho muitas ideias românticas. — Ele ri sem graça. — Mas talvez um jantar?

— Pensei nisso, mas queria fazer algo diferente. — Senti minhas bochechas arderem. — Ela é muito importante para mim, quero mostrar isso a ela.

— Olha, eu acho que só de você saber que é assim que você se sente é o suficiente. Tenho certeza que você vai pensar em algo. — Itachi levantou. — Você é inteligente, Shikamaru.

Ele tem razão, talvez seja o suficiente para pensar em algo. Me arrumei e saí de casa para aula, Temari não estava se sentindo muito bem e ficou em casa, o que vai me dar tempo de ficar sozinho e raciocinar. Passei a aula inteira tentando matutar uma surpresa para Temari, quando eu preciso que meu cérebro funcione ele não coopera. O sinal soou comunicando o intervalo, segui o corredor perdido em pensamentos, resolvi ir até o jardim para fumar um cigarro, passados alguns minutos sou abordado por Obito.

— Shikamaru! — Ele gritou enquanto vinha em minha direção.

— Oi, Obito

— Preciso de um favor. — Bufei. — Calma, você não vai precisar se esforçar. — Ele riu com humor. — Só quero o número da Sakura.

— Será que posso te dar? — Arqueei a sobrancelha.

— Por que não poderia? — Peguei o celular em meu bolso. Acho que não tem problema, caso ela ache estranho ela pode apenas bloquear ele. — Muito obrigada. — Obito virou de costas e começou a se distanciar.

— Ei. — Ele vira para mim. — Se você fosse fazer algo por alguém que você se importa, tipo, uma surpresa, o que faria? — Ele me olhou confuso, mas pareceu logo entender.

— Você quer fazer algo 'pra Tema? — Ele sorriu sugestivo. — Shikamaru, você é inteligente. Você vai pensar em algo. — Obito piscou para mim me dando as costas. "Que saco, por que todo mundo me diz isso?" Rolei os olhos. Enquanto estou no ônibus indo para casa, ouvindo uma das minhas músicas preferidas me vem uma ideia.

— É isso — murmurei para mim mesmo.

[...]

Temari pov

Acordei me sentindo mal, ser mulher as vezes me enche o saco, por que a gente tem que sofrer tanto em uma TPM? Já acordei com dor de cabeça e cada músculo do meu corpo dói. — Ninguém merece. — Shikamaru trouxe comida para mim de manhã e passei o dia inteiro no quarto sofrendo, em algum momento a tarde acabei por dormir novamente e quando acordei já era de noite. — Com certeza eu preciso comer. — Meu estomago reclamava pedindo comida.

Levantei devagar, pelo menos a dor de cabeça passou, me restava a dor no corpo e a cólica. Desci a escada lentamente e vi todas as luzes apagadas. — Ué, cadê todo mundo? — Segui para cozinha e percebi um clarão amarelo vindo da sala de jantar. Caminho até lá e vejo algumas velas na porta para o jardim. — Que merda é essa? — Avanço mais e vejo um caminho com velas até uma mesa que estava centralizada no jardim, em cima dela vejo taças e pratos. Dou passos lentos saindo da casa, caminho entre as velas até chegar à frente da mesa onde tem um papel dentro do prato escrito "Temari". — O que 'tá acontecendo? — pego o papel e abro.

Temari,

Eu não poderia deixar de pensar no quanto te magoei, em todos esses dois anos nunca a vi chorar e vê-la tão frágil me machucou. Passei dias pensando o que poderia fazer para te recompensar, pedir desculpas não me pareceu ser o suficiente, mesmo assim, espero que me perdoe. Pois como você falou "não é legal ouvir algo assim de quem se ama" e com certeza eu não poderia viver sem receber o perdão de quem eu amo.

Shikamaru.

Minha mão imediatamente cobriu minha boca, meus olhos estavam marejados, ouvi um barulho e me virei vendo Shikamaru parado a poucos metros de mim vestindo uma calça jeans preta, uma camisa branca com mangas dobradas até o cotovelo e um buquê de rosas brancas em sua mão. Um sorriso brotou em meus lábios, caminhei até ele e o abracei.

— Me desculpe se tudo isso for muito clichê. — Mirei seus olhos.

— Está tudo lindo, Shikamaru. — Encostei meus lábios nos dele e o abracei novamente. — Obrigada. — A gente se afastou, ele acariciou meu rosto com seu polegar e depositou um beijo em minha testa. — Vamos comer? — Afirmei com a cabeça. Ele me entregou o buquê, eu jamais achei que poderia ganhar flores e ficar feliz com isso. Ele puxou a cadeira para mim.

— Por deus, você está lindo e eu estou de pijama. — Bufei em reclamação.

— Você é linda de qualquer forma. — Ele segurou meu queixo com os dedos e selou nossos lábios. Ele contornou a mesa e sentou à minha frente, abriu a bandeja que escondia o nosso jantar, minha comida favorita, sopa de kenchin, ao lado camarões fritos e algumas batatas gratinadas. Ele nos serviu um pouco de vinho e ergueu a taça. — A nós. — Ergo a minha taça e brindamos.

— Você expulsou todo mundo de casa?

— Perguntei se eles poderiam ficar em seus quartos por algum tempo, queria fazer algo especial 'pra você. — O moreno sorri e que sorriso, Shikamaru tem esse poder sobre mim, ele consegue me tirar de qualquer mal humor ao apenas sorrir para mim. Ele não faz isso com tanta frequência, mas quando está comigo, ele sorri bastante e isso me deixa feliz. — Você ainda não respondeu minha pergunta.

— Que pergunta? — O mirei confusa.

— Se você me perdoa. — Ele coçou a cabeça sem graça.

— É claro que eu te perdoo Shikamaru, eu te amo. — Ele estendeu a mão sobre a mesa e eu a peguei acariciando-a.

— Eu te amo, Tema. 

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