Sakura pov
— Bom... vou começar do início, eu e a Ino não temos um histórico muito bom com homens. — Desviei o olhar. — Enquanto ainda estávamos no Ensino médio muita coisa aconteceu, eu tive um namorado babaca e a Ino me consolou, como tantas outras vezes. — Eles me deixavam tão confortável que meu nervosismo estava aos poucos diminuindo. — Algumas semanas depois, eu fui dormir na casa dela e naquela madrugada, passamos horas conversando até que ela me perguntou se eu tinha curiosidade de beijar outra garota e bem... — Ri sem graça.
— Nos beijamos, ficou claro que era mais do que isso, mesmo assim escondemos nossos desejos de nós mesmas, a loira logo começou a namorar. — Respirei fundo e me deitei no tapete de bruços de frente para os dois. — Outro babaca. — Pousei a cabeça em minha mão. — Alguns anos depois, na nossa festa de formatura do ensino médio, que foi outro fracasso. — Revirei os olhos ao lembrar. — Ficamos chateadas pois não tivemos pares para nos levar, já que nós éramos as excluídas da escola.
— O que? — Kakashi arregalou os olhos. — Vocês são incríveis, como poderiam ser as excluídas?
— Eles não viam isso Kakashi, eles se importavam com carros caros, roupas de grife e celular de última geração. Apesar da gente também ser de famílias ricas nós não queríamos ser reconhecidas por isso. Resultado: não fomos para festa, acabamos ficando na minha casa bebendo e lamentando nossa adolescência traumática, a bebida fez com que nossos filtros nos deixassem, nos entregamos ao desejo e o que sentíamos a muito tempo, naquela noite transamos pela primeira vez. — As bocas deles formam um grande "o" e eu rio com suas reações. — Também foi o dia em que prometemos que nunca mais íamos namorar, parecia ser uma promessa sem sentido, afinal, tínhamos acabado de fazer 18 anos, mas com certeza não era. — Respirei fundo.
— Se tem algo que você... — Sacudi a mão em um sinal que estava tudo bem. É e sempre vai ser difícil entrar nesse assunto, nossa história, nossas descobertas e aceitações de nós mesmas, mas eu confio neles.
— Nossos pais não queriam deixar a gente vir sozinha 'pra Kagoshima tão novas, só deixariam quando fizéssemos 20 anos. Então, ficamos entediadas, procuramos algo para nos divertir. — Sorri de canto. — A gente saía para curtir a noite em baladas, bares e nossos encontros a três evoluíram para as festas que dávamos em absoluto sigilo nas mansões dos nossos pais.
— Festas? — Obito sentou no tapete interessado. — Por que em sigilo?
"Vai Sakura, agora você descobre se eles realmente aceitam você."
— Eram festas de sexo, Obito. Orgias, trocas de casais, ménages, voyerismo... entre outras práticas do sexo. — Vi os dois ficarem chocados sem reação e comecei a rir. Melhor o choque do que a cara de desprezo que já recebi tantas vezes. — Vocês sabem que festas assim existem no mundo inteiro, 'né? — Os dois sacodem a cabeça em negativo. — Em que mundo vocês vivem?
— Eu nunca procurei sobre... — Kakashi coçou a cabeça e eu soltei uma risada debochada.
— Quem é a pervertida agora? — Obito começou a rir do Hatake que vincou as sobrancelhas olhando para ele.
— Enfim... claro que tínhamos que firmar nosso pacto, uma tatuagem seria a melhor forma, já que a ideia da Ino era um pacto de sangue. Maluca. — Revirei os olhos. — Quando começamos a procurar o que tatuaríamos achamos a melhor explicação quanto aos nossos desejos. A deusa Afrodite resumia bem o que queríamos eternizar em nossa pele, já que ela representa o sexo, a afeição e a atração que une as pessoas.
— Já ouvi falar sobre Afrodite, ela casou com o irmão, né?
— Na verdade, ela casou com Hefesto, mas teve um caso com o irmão Ares, que era o deus da guerra. Além dos vários outros casos que ela teve. — Sorri para ele que sibila um "ah". — De acordo com a mitologia grega, Afrodite tinha um cinturão mágico que tinha poderes que a deixava irresistível.
— Claramente, você é irresistível. — Kakashi soltou um riso sacana e me deu um selinho.
— Não seja tão cafajeste, Hatake. — Dei um tapa em seu braço e nós rimos. — Eu e a Ino percebemos que tínhamos coisas em comum, claro que nossas festas não eram nada parecidas com os rituais que eram feitos para a deusa Afrodite, pois eram rituais regado a sexo que duravam dias e até meses. Bom, nossas festas as vezes duravam dias, mas nunca meses.
— Dias? — O moreno exclamou assustado.
— Sim, mas claro que tinham pausas ao contrário dos rituais. Por fim, eu e a Ino resolvemos tatuar um dos símbolos da Afrodite, a flor de vênus, que representa a perfeição e o equilíbrio, assim como a forma mais elevada do amor. — Me sentei e respirei forte. — Eu contei um pouco da história e de como nos inspiramos para fazer a tatuagem, mas o verdadeiro significado dela para nós e em que nós duas acreditamos é que o ser humano sempre busca a perfeição, mas claro que é em vão, já que tudo precisa de um equilíbrio, nada é perfeito e para nós duas, a forma mais elevada do amor seria ele andar junto com a liberdade de escolha e a livre aceitação dos desejos humanos. — Sorrio ao concluir.
— Eu estou... Sem palavras. — O prateado ficou embasbacado.
— Você sem palavras duas vezes no mesmo dia, Kakashi? — Ri de leve.
— É realmente incrível a história da tatuagem e de como vocês se descobriram juntas.
"Obito sempre tão cheio de tato para falar sobre as coisas."
— Bom, onde eu quero chegar com tudo isso. — Os dois me olharam em expectativa. — Hoje confiei em vocês para me entregar, confiei também para contar uma das histórias mais importantes da minha vida e que guardo com a Ino a sete chaves. Sempre sou muito sincera e honesta com quem me relaciono e quero deixar claro que não é só sexo para mim. — Vejo o rosto deles com um pequeno sorriso em seus lábios.
— Obrigada por compartilhar com a gente, Sakura. — A mão do Obito estaciona na minha coxa.
— Obrigada, rosada.
— Que fique entre nós. — Eles concordaram balançando a cabeça em positivo. Me deitei ao lado deles novamente e eu não poderia estar me sentindo melhor, estou com os dois homens que estão me fazendo feliz e honestamente, dane-se todo mundo. — Eu gosto de vocês... dois. Tem problema? — Olhei para eles apreensiva e eles se entreolharam.
— Por mim... não. —Obito esboçou um pequeno sorriso.
— O que pode ser mais fora do usual do que o que fizemos hoje? — O Hatake riu.
— Você quer que eu responda a essa pergunta? — Sorri sapeca.
— Não, não precisa. — Ele sacodiu rápido a cabeça em negativo e começamos a rir. Me aconchego entre os dois e posso jurar que não tem outro lugar onde eu queira estar agora.
[...]
Claro, não é normal eu e o Hatake chegarmos juntos às cinco horas da manhã de uma quarta-feira. Temos aula daqui a três horas, no entanto tudo que consigo pensar é nessa noite maravilhosa que tive. Saímos do carro, Kakashi foi indo em direção a varanda, mas ele percebe que eu continuei parada e olhou para trás.
— O que houve? — Eu poderia dizer para ele que estou insegura? Que tenho medo do que mal começamos acabar? "Não, eu não posso sentimentalizar isso, toda vez eu fico arrasada. O pacto, Sakura."
— Nada. — Sorri e segui caminho para dentro da casa com ele. Subimos a escada, ele me deu um selinho e entrou em seu quarto e eu no meu. Suspirei. Será que isso é uma boa ideia? Estou sentindo que estou me envolvendo além do que deveria me permitir, eu gosto deles... — Merda! — comprimi os olhos e me joguei na cama.
"Você não pode Sakura, não pode."
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República da Folha - Reescrevendo
FanfictionUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...