Sakura pov
Tem dias que eu só quero ficar sozinha, curtir minha própria companhia e nesses dias, depois das aulas eu acabo ficando no jardim da faculdade, apenas lendo um bom livro ou escutando música e apreciando o tempo. Fiz o caminho de sempre até meu lugar favorito, me sentei em baixo da grande árvore, ali era bem menos movimentado do que em qualquer outro lugar na universidade. Peguei o livro na minha bolsa e me pus a ler, o clima estava agradável, senti o vento passando pelos meus cabelos, parecia que o outono estava chegando.
— Sakura? — Levantei a cabeça devagar e nossa, que homem é esse? — Obito, amigo do Kakashi. — Ele apontou para si. Eu lembrei vagamente dele na festa, claro que não iria prestar atenção nele naquele dia, eu estava mais ocupada secando o Hatake.
— Oi, Obito, desculpe, estava distraída lendo.
"E agora distraída com sua beleza."
— Eu... posso sentar ao seu lado?
"Caso eu diga onde quero sentar, você nem vai acreditar."
— Claro. — Tirei minha bolsa e ele sentou ao meu lado.
Acabei por fechar o livro e o deixar em cima da minha bolsa. Começamos a conversar e não pude deixar de reparar em seus lábios carnudos e bem desenhados, devo confessar que ele era interessante, era inteligente e sabia ser divertido. Meus olhos seguiam o analisando e percebi que seus olhos são tão pretos e penetrantes quanto os do Kakashi, e senti de novo essa sensação. Seu nariz afilado quase que apontando para cima, sobrancelhas mais curvadas que o normal, dando um aspecto ousado as suas feições, adoro esse tipo. A calça jeans rasgada que veste o deixa descolado e com um ar de bad boy junto com a jaqueta preta arregaçada até os cotovelos, deixando amostra tatuagens em seu antebraço. Nem sei por quanto tempo ficamos conversando, mas notei os tons de laranja começarem a tomar o céu.
— Eu preciso ir. — Vou guardando minhas coisas dentro da bolsa.
— Me desculpe ter atrapalhado sua leitura. — Tão educado.
— Claro que não, foi ótimo conversar com você. — Dou um sorriso largo para ele, que retribui. Nos despedimos e segui para o estacionamento, entrei no carro e meu telefone tocou.
— Diz, porca
— Vem 'pra casa, agora!
— O que houve?
— Eu falei com ele.
— Você não quer fazer isso agora, né?
— Não! Eu quero contar 'pra você, vem logo
— Chego em 15 minutos
Encostei minha cabeça no volante e suspirei, talvez eu precise de novos ares, um novo passa tempo. Levantei a cabeça e vi Obito passando pela frente do carro e buzinei. — Talvez eu demore mais. Desculpa, loira — murmurei para mim mesma. Ele olhou para mim, eu abaixei o vidro do lado do passageiro e ele aproximou-se do carro. — Quer carona?
— Não vai ficar contra mão 'pra você?
— Não. Entra aí. — Gesticulei a mão para ele entrar.
— Você nem sabe onde eu moro — Ele riu com humor.
— Espertinho você, não? — Nós rimos e ele entrou no carro.
Minha atenção é dividida entre a estrada e ele, que estava bem confortável no banco ao meu lado, com o espaço que nos separava reduzido, o ar condicionado ligado e os vidros fechados, conseguia sentir seu perfume, pois se tem uma coisa que me atrai, é o cheiro que as pessoas exalam. Inspiro o ar e sinto algo como whisky de boa qualidade, o que me desperta um certo interesse em buscar a fragrância mais a fundo, tentei inalar seu cheiro novamente, era forte e conseguiu dominar meu carro, posso apreciar uma nota que me lembra o cheiro de madeira recém cortada.
— É aqui. — Ele apontou para casa com uma cerca branca me acordando das minhas constatações. Estacionei o carro. — Obrigada pela carona. — Eu sorrio de canto. "Eu sou muito safada, eu estou realmente esperando alguma coisa?". — É... — Ele passa a mão na perna. Ele também está e me parece nervoso, eu adoro deixar homens nervosos.
Tirei o cinto e me inclinei diretamente até ele olhando nos olhos tão pretos quanto a noite, a poucos centímetros do rosto dele desviei o caminho e meu braço alcançou seu pescoço, encaixei minha cabeça em seu ombro em um abraço e finalmente consigui sentir seu cheiro por completo, a mistura perfeita do seu perfume com o que acredito ser o shampoo que usa. Hortelã. Me afastei e sorri para ele, que está completamente sem graça. Ele saiu do carro.
— Parece que tenho um novo alvo. — Sorri sacana enquanto ele entrava na casa.
[...]
Entrei em meu quarto e fui recebida pelos gritos da Ino.
— Por que demorou? Você disse 15 minutos! — Ela gritava impaciente no meio do quarto.
— Tenha calma e pare de gritar. — Sentei na cama tirando meus tênis. — Eu achei um novo alvo para mim. — Sorri de canto.
— Eu sabia que você ia voltar ao que era. — Ela pulou na cama de joelhos. — Quem é? Conta! — Soltei uma risada.
— Obito.
— O amigo do Hatake? — A Yamanaka arregalou os olhos. — Amiga, isso vai dar merda.
— Por que daria? — Levantei da cama, tirei minha blusa e abri a cômoda para pegar roupas confortáveis. — Não foi você que disse "vamos só viver Haruno". — Tento imitar a voz dela fazendo aspas com as mãos. — Pois, estou vivendo. — Dou de ombros.
— Eu não falo assim. — Ela cruzou os braços fazendo bico e eu soltei um riso.
— Eu não tenho nada com o Hatake, assim como você não tem nada com o Itachi. Lembre-se. — Apontei para a tatuagem em minha costela.
— Eu sei, relaxa. — Ela se acomodou na cama. — Deixa eu contar o que interessa. — Ela riu malicioso.
— Vai conta, estou curiosa 'pra saber o que o senhor certinho disse.
— Ei! Você deu apelido 'pra ele? — Comprimi meus olhos em uma risada e sentei no tapete. —Bom, a primeira reação dele foi ficar em choque. Foi engraçado
— Eu sabia...
— Deixa eu terminar. — Ela me interrompeu. — Mas ele topou.
— Oi? — Arqueei a sobrancelha.
— Bom, quase isso... — Ino se levantou sentando na cama. — Ele disse que nunca tinha feito um ménage e ficou com receio.
— Você não disse nada 'pra ele sobre...
— Não, fica tranquila. — A loira me corta. — Mas eu disse que nós já tínhamos feito. — Ela apoiou a cabeça em sua mão. — Ele disse que ia pensar.
— Bom, enquanto ele pensa... — Levantei do chão rumando o banheiro —, eu vou me divertir, não espero por homem nenhum.
— Ele 'tá receoso, amiga, eu entendo. Talvez ele ache que não dê conta de nós duas. — Ela ri.
— Talvez ele não dê mesmo... — Pisquei para ela e entrei no banheiro fechando a porta. Nesse momento quero focar em outra coisa e ele se chama: Obito. — Não sei se estão prontos 'pra conhecer a verdadeira Sakura, mas essa fênix acaba de renascer das cinzas. — Sorrio para o meu reflexo no espelho acima da pia.
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República da Folha - Reescrevendo
FanfictionUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...