Shikamaru pov
Sou acordado com o sol entrando pela fresta da cortina, coloquei meu braço na frente do feixe de luz para conseguir enxergar, passei a outra mão pela cama e não senti a Temari ao meu lado. Eu não queria descer sozinho, estava realmente preocupado que alguém pudesse ter ouvido a gente de madrugada.
— Bom dia. — Temari saiu do banheiro. — Dormiu bem? Por que eu dormi perfeitamente bem. — Ela me deu um selinho.
— Por favor, me diga que não precisamos descer para tomar café. — Suspirei.
— Como assim, Shika? — Ela me olhou com o cenho franzido.
— Será que eles...
— Ah, não, todo mundo transa Shikamaru. — A loira me interrompeu. — E ninguém ouviu. Vista-se e vamos. — Com muito esforço e reclamação levantei, escovei meus dentes e descemos a escada. Todos estavam sentados à mesa. — Bom dia.
— Bom dia. — Sento à mesa com Temari e posso jurar que Gaara vai me matar.
"Será que ele ouviu?"
— Filha, nós temos um compromisso hoje, deixo você no comando. — Rasa piscou cumplice para Tema que assente com a cabeça. "Por deus, é hoje que vou morrer." Rasa e a esposa deixaram a casa e ficamos arrumando a cozinha em um total silêncio.
— Se divertiu ontem, Irmãzinha?
"Puta que pariu, eu falei que o Gaara tinha ouvido."
— Do que você 'tá falando Gaara? — Kankuru questionou.
— Calem a boca vocês dois! — A loira ralhou com eles jogando o pano de prato em Gaara. Isso vai ser problemático. — Nunca transaram? — Arregalei os olhos, ela não precisava ter exposto isso. Cocei a cabeça sem graça. Gaara começou a rir. — Seu idiota! — Tema desfere tapas no ruivo e ele continua rindo, claro que não estão brigando de verdade.
— Aí, mandou bem Shikamaru! — Gaara piscou para mim enquanto se defendia da Temari andando pela cozinha. "É sério o que eu acabei de ver?" Kankuru se encostou na bancada e soltou uma risada.
— Não podemos ser hipócritas e dizer que nossa irmã não é gostosa. — Temari virou para o moreno com um olhar que me deu arrepios.
— Repete! — Ela para no meio da cozinha com a mão na cintura. — Repete Kankuru, que eu te quebro os dentes! — Os dois só faziam rir e eu acabei entrando na pilha, o meu erro foi esse. — Você tá rindo? Quando eu fizer greve de sexo vamos ver quem vai rir. — Ela passa por mim pisando duro e sobe a escada.
— Foi mal, mano. — O ruivo sentou na banqueta. — Quer uma cerveja? — Afirmei com a cabeça e me sentei na banqueta ao lado dele.
Nós três ficamos conversando e bebendo até a hora do almoço, parecia que o Gaara não era tão ruim assim, ele só era na dele, assim como eu. Acabei me divertindo bastante com eles nos dias que passaram, Rasa é o típico pai que tenta agradar os filhos e a esposa. Apesar da pose de durão, ele era carinhoso com todos e me aceitou bem como namorado da filha, me arrisco a dizer que gostou de mim. Meu nervosismo já tinha me deixado e eu estava curtindo os momentos em família, Kankuru era engraçado e fazia piada com tudo, Gaara mesmo parecendo calado a primeira impressão, ele se soltou e agora conversava sobre tudo comigo, o cara era super inteligente.
[...]
Hoje é o dia que vamos seguir a nossa viagem, levantei e a Temari não estava no quarto, desci a escada e encontrei Rasa na cozinha, que me disse que tinha pedido para os três filhos irem comprar algumas coisas para o almoço, até aí tudo bem, o que me deixou ansioso foi ele me chamar para conversar no jardim.
— Então Shikamaru, queria contar uma história 'pra você. — Sentamos nas cadeiras próximo a macieira que tem no jardim. — Eu e a mãe da Temari não tivemos um relacionamento muito saudável, sabe? — Eu só balancei a cabeça e o aguardo falar. — Eu cometi muitos erros com a mãe dela, erros esses que me arrependo muito pois sei que não prejudiquei só o meu casamento, mas também fiz a Temari passar por muito sofrimento ainda criança. — Ele suspirou. — Eu era jovem e estúpido, traí minha esposa por um capricho, acabei machucando minha filha no processo e isso me dói muito. — Rasa encarou o chão tentando buscar as palavras.
— Sempre fiquei com medo dela nunca conseguir se relacionar com ninguém pelo exemplo que ela teve, mas fiquei feliz quando ela me disse que o namorado viria junto nessas férias, e fiquei mais feliz ainda que ela tenha encontrado um rapaz como você. — Ele colocou a mão no meu ombro. — Peço que cuide dela com carinho, eu a amo imensamente e sei que você também, dá 'pra perceber pelo jeito que vocês se olham. — Ele sorriu. — O amor de vocês é verdadeiro meu jovem. — Jamais imaginaria que o pai da Tema fosse tão sensível e preocupado com ela a ponto de se abrir comigo.
— Obrigada, Rasa. — Curvei os lábios. — Eu cuidarei bem da Tema, ela é importante 'pra mim e eu a amo.
— Ei, o que vocês dois estão fazendo aí? — Virei vendo Temari parada na porta.
— Estamos apenas conversando, minha filha. — Ele piscou para mim e levantou em seguida. A loira passou por ele que deu um beijo em sua bochecha, ela sentou à minha frente e selou nossos lábios.
— Meu pai estava te interrogando? — Ela perguntou preocupada.
— Não, estávamos apenas passando o tempo, 'tá tudo bem. — Sorri para ela.
— Então 'tá bom, vamos preparar o almoço! — Ela levantou me puxando pela mão. A Temari nunca se abriu para contar sobre sua família, sobre os pais dela terem se divorciado com ela tão pequena e muito menos sobre a traição do pai dela. Agora algumas coisas fazem sentido na minha cabeça, eu vou deixá-la segura sempre que for necessário, eu a amo e eu nunca vou deixar que ela duvide disso.
[...]
— Foi muito bom ter vocês aqui com a gente, cuidem-se na estrada. — Rasa me abraçou. — Tema, não exagere mocinha.
— Pode deixar, pai. — Eles se abraçaram carinhosamente. Temari abraçou os irmãos. — Se cuidem seus cabeças de vento. — Eles reviraram os olhos e se despediram de mim, Kankuru com um abraço e o Gaara com um aperto de mão.
— Cuide da nossa irmã! — Segunda vez que escuto isso só hoje.
— Voltem quando quiserem. — Rasa sorri acenando. Subimos na moto, colocamos o capacete e acenamos antes da Tema acelerar. Já fazia algumas horas que estávamos na estrada, decidimos ir para uma praia perto de Kagoshima, porém, um indesejável contra tempo.
— Eu não acredito que a moto foi dar problema agora! — Tema gritou no meio da estrada e chutou o pneu. Eu a encarrei e suspirei coçando a testa.
— Vamos ter que voltar pra casa.
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República da Folha - Reescrevendo
FanfictionUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...