República da Folha - Reescrevendo

Perguntas precisam ser feitas

Sakura pov

Eu sempre ficava feliz com a volta às aulas, afinal, fazia o que eu amava e — para mim — isso não é sacrifício nenhum, entretanto, dessa vez tem algo que me preocupa: Kakashi. Ele ainda estava em coma e isso tem tirado minhas noites de sono, meu apetite e minha vontade de fazer muitas das coisas que me davam prazer em fazer, voltar as aulas é uma delas. Acordei de manhã com Obito fazendo carinho em meu braço e ele estava sendo a cor dos meus dias, já que desde que recebi a notícia que Kakashi estava em coma, tudo parece cinza e não do jeito que eu gostaria.

Obito entrou no carro comigo e partimos para a UK, fomos em um total silêncio o caminho inteiro, nem o som eu liguei, eu não estava com animação para isso e parecia até injusto com o Uchiha, ele estava bem ali ao meu lado. Ele era tão importante quanto o Hatake, eu os amava e se fosse os dois no hospital eu nem sei o que seria de mim e era por isso que eu ainda estava de pé, vivendo e aguentando essa barra, por quê tinha Obito e a Ino ao meu lado.

Deixei ele no prédio de artes e segui para o prédio da saúde, estacionei o carro e rumei a minha sala, sentei na cadeira de sempre e tentei ao máximo prestar atenção na aula, por mais difícil que fosse, eu sabia que Kakashi iria querer que a gente ao menos tentasse seguir a diante. Após soar o sinal andei tranquilamente até o nosso banco de costume, Ino já estava lá sentada com um copo de café em mãos e outro copo apoiado no banco ao seu lado, que quando ela me viu fez o favor de pegá-lo e me entregar quando me aproximei.

— Nem te vi de manhã. — Sentei ao seu lado.

— Eu saí cedo, Obito tinha algumas coisas para resolver. — Dei um gole no café. — Ele ia avisar a direção do mestrado a situação do Kakashi. — Suspirei.

— Amiga, vai ficar tudo bem. — Ela acariciou a minha coxa. — Ele vai acordar logo, você vai ver.

— Não sei, Ino. Assim como pode levar dias, podem levar semanas ou até meses. — Desviei o olhar ao chão me recostando no banco. — Ele pode até não acordar.

— Nem fale isso! — Ela vincou as sobrancelhas me encarando. — Você tá perdendo a esperança depois de duas semanas? Por favor, me diga que não.

— Estou sendo realista, Ino.

Eu tentava o tempo inteiro parecer durona, que eu estava aceitando bem tudo que está acontecendo, porém a realidade é bem diferente. Eu estava quebrada por dentro, nem eu sabia o quanto eu amava esses dois e que era capaz de fazer qualquer coisa por eles. Eu sentia tanto a falta dele que chegava a doer.

— Pare com essa baboseira de "estou sendo realista" — Ela fez aspas com as mãos. — Eu te conheço melhor que ninguém, Saky.

— Quanto mais rápido eu aceitar, menos eu vou sofrer.

— Sakura! — Ela me repreendeu e me deu um tapa no ombro. — Você está sendo insensível.

— Eu só não aguento mais a vida me ferrando no quesito amor — gritei. — Toda vez que eu amo alguém, eu sofro, Ino. Isso não é justo! — Mordi meu lábio inferior e uma lágrima rolou em meu rosto. Senti o polegar de Ino acariciar meu rosto captando a gota salgada.

— Tudo acontece por um motivo, por mais que a gente sofra, que a gente se magoe, tudo tem explicação, Saky.

— Me diz qual a explicação do Kakashi e do Obito terem sofrido um aciden... espera aí. — Olhei para ela com o cenho franzido. — Você tem razão.

— Como assim? — Ela me mirou confusa.

— Por que eles saíram para comprar cerveja? — Ino deu de ombros. — Preciso perguntar para o Obito o que aconteceu para eles terem deixado aquela maldita festa.

Me despedi da Ino com um selinho e saí dali direto para o meu carro, olhei a hora no celular e enviei uma mensagem para o Obito dizendo onde iria o esperar. Caminhei em direção ao estacionamento enquanto mexia na minha bolsa a procura das chaves do carro.

— Sakura. — Olhei para trás dando de cara com o Neji.

— Neji, agora não. — Virei e continuei andando.

— Espera, eu quero falar com você. — Ele vem atrás de mim.

— O que você tem 'pra falar comigo? — Virei o encarando irritada fazendo ele parar de supetão. — Eu não tenho nada 'pra falar com você, Neji. Inclusive, não sei nem o que você está fazendo tão longe do seu setor de aulas. — Dei as costas seguindo o meu caminho.

— Eu só... — Parei ainda de costas. "Ele perdendo as palavras, essa é novidade." — Me desculpe. — Encarei o chão por alguns segundos e suspirei, eu não quero ter que lidar com isso agora, essa conversa demoraria no mínimo algumas horas.

— Depois conversamos, estou atrasada. — Entrei no carro e vi a expressão de culpa que dominava o seu rosto através do para-brisa, virei a chave dando a partida saindo dali.

Estacionei em frente ao prédio de Artes, peguei o meu celular de dentro da bolsa para passar o tempo, afinal, a aula do Obito ainda levaria quinze minutos para acabar, comecei a fazer qualquer coisa e findei por abrir a galeria de fotos e o que mais tinha eram fotos de nós três. Sorrindo, deitados na cama assistindo qualquer coisa, jogados no tapete do estúdio, na casa de praia, no carro e em tantos outros lugares que costumávamos frequentar, juntos. Apoiei a cabeça no volante encarando a tela do celular em meu colo e só reparei que estava chorando quando vi a lágrima atingir o rosto de Kakashi na foto.

— Merda! — Joguei o celular com força no banco de trás.

— Sakura? — Olhei para o lado e vi Obito me encarando através do vidro, ele abre a porta e senta no banco do passageiro. — Você está bem? — Balancei em negativo a cabeça mordendo meu lábio e escondi meu rosto em seu peito. — O que houve? — Me afastei dele o encarando.

— Eu não sei... se vou conseguir lidar com isso... — Ele secou minhas lágrimas com os polegares. — Preciso de vocês dois comigo... eu... amo vocês. — O Uchiha me olhou surpreso e esboçou um pequeno sorriso me puxando para o seu abraço novamente.

— Também amo você, Sakura.

Quando chegamos em casa nos pegamos feito loucos, subimos a escada correndo para ninguém nos ver entrando e querer puxar assunto. Após o sexo, que não fazíamos a um bom tempo já que ele estava cirurgiado, seguíamos deitados na cama encarando o teto de mãos dadas.

— Lembrei de uma coisa. — Virei de bruços e olhei em seus olhos negros. — Sei que não é o melhor momento, mas acho que nunca vai ter um melhor momento.

— Você tá me deixando nervoso, diz logo. — Ele se sentou no colchão.

— Por que você e o Kakashi saíram da festa para comprar cerveja? — Eu vi o seu semblante mudar completamente me fazendo vincar as sobrancelhas. — Desembucha, Obito.

— Eu acho que é melhor...

— Também acho, é melhor você me dizer. — O interrompi e também me sentei cruzando os braços. Ele abaixou a cabeça e mordeu o lábio.

— Eu e o Kakashi ouvimos a Ino conversando com o primo da Hinata e... bom... — arregalei os olhos. —, ele não foi só um cara que você transou, né Sakura?