Julgamentos

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Sakura Pov

— Bastou aparecer duas vagabundas 'pra vocês perderem completamente a noção. — Meu sangue ferveu como nunca e minha mão foi direto na cara do Sasuke.

— Você meça as palavras 'pra falar de mim ou da minha companheira. — Eu gritei a plenos pulmões. "Quem ele pensa que é? Nem me conhece." — Você tem muito o que aprender. — Subi a escada com pressa e assim que cruzei a porta do meu quarto as lágrimas deixaram meus olhos, eu não acredito que estou sendo julgada de novo, eu achei meu lugar, achei pessoas que me aceitam, minha família. Me encolhi no tapete encostando em minha cama e as inseguranças voltam a me assombrar.

— Sakura! — Ino entrou no quarto e eu abri os braços em um pedido por conforto. Ela me envolveu em um abraço. — Por favor, não fique assim.

— Tudo que eu... queria era ser... eu mesma. — As palavras saíam entre cortadas. Ela tentava secar meu rosto com os polegares, mas era em vão.

— E você tem que ser você! — Ino me deu um selinho. — Não fique desse jeito por causa do que ele falou, ele deve ser muito contido nos desejos dele para ser essa pessoa tão moralista.

— Eu não...

— Não! — Ela me interrompeu. — Você não vai desistir de tudo por causa disso. — A Yamanaka segurou minha mão. — Você gosta deles e nada te impede de estar com eles. — Fui tentando estabilizar minha respiração e voltando a mim aos poucos.

— Ino, a sociedade me impede de estar com eles, ninguém aceita isso. — Limpei minhas lágrimas com a palma das mãos. Ino levantou e colocou as mãos na cintura.

— Ninguém precisa aceitar isso além de você mesma! — Ela gritou comigo. — Foda-se a sociedade! Eles fazem você feliz e aceitam você, eles gostam de você, Sakura! — Olhei para porta e vejo os dois parados olhando a cena.

— Você e a sua mania de deixar a porta aberta. — Ino virou para trás e sorriu sem graça. Eles se entreolharam e adentraram o quarto.

— Ela tem razão, Sakura. — Kakashi se pronunciou primeiro.

— Você não tem que se importar com ninguém. Apenas com a gente. — Obito sorriu e o sorriso dele me passava tranquilidade. Eles se aproximaram de mim e se ajoelharam me abraçando. — Estamos juntos e não importa rótulos ou pessoas que não entendem. — Eu adoro o jeito carinhoso e empático do Obito, assim como gosto do jeito calado e a cara de tédio do Kakashi.

— Eu tive uma ideia. — Nós três encaramos a loira. — Já sei quem eu vou chamar para passar uns dias com a gente para lembrar que você não deve temer ser quem é. — Ela sorri daquele jeito que eu sei que vem merda por aí.

— Não me dê dor de cabeça, Ino. — Suspirei. Ela pegou o celular, apertou um botão e colocou no ouvido.

— Estão em Kagoshima? — Ela deu uma pausa, deveria estar ouvindo o que a outra pessoa estava falando e isso me deixa ansiosa. — Claro que sim, venham passar uns dias com a gente. — "Venham?" Ela se despede e desliga o telefone.

— Está tudo bem por aqui? — Itachi apareceu na porta.

— Sim Ita, um casal de amigos vem passar uns dias com a gente, tudo bem para você?

— Claro, sem problemas. — Ele sorri e deu um beijo em Ino. — Você tá bem, Sakura? — Balancei a cabeça. — Não ligue 'pro que o Sasuke disse, já conversei com ele. Me desculpe.

— Está tudo bem, eu tenho dois homens que estão aqui por mim. — Olhei para eles e sorri de canto. — Além da minha loira.

— O que me faz lembrar... — Kakashi deu uma pausa. — Companheira? — Engoli em seco e olhei para Ino.

— Ajoelhou tem que rezar, meu bem. — "Eu vou te matar, porca." — Nós somos... Temos? — Ela colocou a mão no queixo pensativa.

— Nós somos... namoradas?

— Mas... — Itachi gagueja. — Você me disse que...

— Eu sei o que eu disse. — Suspirei. — Falei que não éramos namoradas por que esse não é o termo correto, você não entenderia que temos um relacionamento livre.

— Relaxa, Ita. — Ela abraçou Itachi. — Nós estamos juntas, mas somos livres para nós apaixonar e viver relacionamentos com outras pessoas. Sempre respeitando uma a outra e deixando claro para os nossos parceiros. Bom, eu não tinha falado nada 'pra você pois, não sabia exatamente o que tínhamos.

— Meu deus, tenham DR só vocês dois, por favor. — Revirei os olhos. — Vão para o seu quarto, Ino. — Gesticulei com a mão a mandando sair. Eles deixaram o quarto e encarei os dois. — Me desculpem se não deixei as coisas claras. Eu... realmente gosto de vocês. — Eles sorriram.

— Eu também gosto de você, Sakura. — Obito me deu um beijo.

— Não se esqueça de mim. — Kakashi me deu um beijo.

— Esse é o seu jeito de dizer que gosta de mim? — Encarei o prateado que balançou a cabeça afirmando com os olhos curvados. — Quem diria, o cafajeste Kakashi Hatake gostando de alguém. — Eu e Obito gargalhamos e Kakashi franziu o cenho, mas logo desfez, rindo com a gente. Nos abraçamos e eu só consigo pensar que namorei com tantos babacas na minha adolescência e agora arrumei não um, mas dois homens incríveis para estarem comigo.

— Estamos em um relacionamento? — O Hatake perguntou curioso.

— Vocês querem? Mas... — Mordi o lábio.

— O que? — Obito questiona.

— Temos que definir algumas regras 'pra ninguém machucar ninguém. — Depois de tanto discutir o que seria aceitável ou não no nosso relacionamento, transamos juntos pela segunda vez e posso dizer que o ritmo que encontramos é perfeito. Kakashi e Obito são incríveis, quem diria que acharia não um, mas dois homens.

Nos dias que passavam eles me ajudavam a passar por cima do julgamento do Sasuke, a cara dele de desprezo para mim em todos as refeições me deixavam incomodada, toda a minha confiança ia se esvaindo pouco a pouco. Acordei cedo com os dois homens maravilhosos na minha cama, fui até o jardim com minha xicara de café pensando em como tudo que aconteceu na semana passada me afetou, contudo, isso me deu forças. A raiva estava começando a tomar o lugar da tristeza que me dominava e isso me ajudou a perceber que não importa quem seja, não importa quem me julgue, eu vou seguir com minha cabeça erguida, porque meus sentimentos são mais importantes do que o olhar de desprezo dos outros. Ino tem razão, e nada vai me fazer desistir deles, eu estou feliz e ninguém vai estragar isso.

Talvez a festa de hoje me tire um pouco desse peso que sinto nos ombros, sempre me divirto nas festas da república e dançar é uma coisa que me anima. Senti a brisa que passava pelos meus cabelos e tocava meu rosto, fechei os olhos respirando fundo, bebi um gole do meu café e escutei a campainha, levantei e percorri o corredor até a porta de entrada, girei a maçaneta e a visão de uma kombi colorida cheia de sapos desenhados, um homem com cabelos compridos branco e um cachimbo na boca me deixou perplexa, ele acena e acelera, foco meu olhar na varanda.

— Minha flor de cerejeira! — Sou puxada para um abraço duplo.

— Que saudade! 

República da Folha - ReescrevendoOnde histórias criam vida. Descubra agora