Sasuke pov
A sensação que eu tinha quando beijava o Naruto era completamente diferente de tudo, parecia me preencher por completo. Não que não gostasse de ficar com mulheres, eu gosto bastante, mas para mim ainda continuava sendo errado me sentir tão fodidamente apaixonado por alguém do mesmo sexo. Foi por ele que tive minha primeira paixão ardente que me dominava e me tirava completamente do eixo, na escola nos encontrávamos escondidos, o loiro também mantinha o segredo, e isso me deixava confortável em manter um relacionamento com ele.
Tive um relacionamento, que durou alguns meses com o Uzumaki, até um grupo de meninos pegar a gente aos beijos na escada de incêndio da biblioteca, além de nos xingar e dizer o quanto éramos anormais, nos deram uma surra , desde aí, passei a achar duplamente errado e ao invés de me entender como alguém que poderia me relacionar com ambos os sexos, me senti aprisionado ao moralismo da sociedade.
Seguir o padrão, me auto colocar na "linha" e não procurar dar mais desgosto ainda ao meu pai, que já me tratava de forma indiferente há anos, tendo um filho tão perfeito quanto o Itachi, tudo era motivo de comparação. Me atentei a enterrar o que sentia dentro do meu peito e a tentar reafirmar minha heterossexualidade a todo momento ficando com várias garotas, contudo, o pior mesmo, era tentar reafirmar para mim mesmo.
Quando me formei no ensino médio e entrei na faculdade, procurei me manter longe de qualquer paixão avassaladora quanto foi com o Naruto, no entanto, foi impossível quando em uma noite em um bar qualquer de Tóquio conheci um homem incrível, senti aquela sensação que revirava o meu estomago, fazia meu peito tremer de tanto que meu coração ficava acelerado. Sai era um cara de poucas expressões, mas o olhar que jogava sobre mim era instigante, o jeito que mexia seu corpo para chegar mais próximo de mim era o sinal de que ele queria algo a mais.
Começamos a sair juntos, nos encontrávamos depois das aulas já que estudávamos na mesma faculdade. Quando nosso relacionamento estava se encaminhando para algo mais sério eu fugi, não me sentia seguro de me assumir e nem sabia se poderia. Algo sempre acionava em minha mente dizendo o quanto aquilo era errado, o quanto eu não poderia me envolver dessa forma, meu pai queria um filho que casasse, que desse netos a ele e claro, ele jamais aceitaria um filho bissexual.
Não, eu não poderia me entregar a isso.
Mais uma vez meus sentimentos foram enterrados em meu peito, não aguentava mais a tortura que era me olhar no espelho e odiar a mim mesmo pelo que estava fazendo. Tudo que acontecia e aconteceu me deixaram amargo, me deixaram um completo babaca, eu sei disso. Sempre me envolvia em brigas por que achava que descontaria minha frustração, julgava as pessoas que fugiam do padrão, da mesma forma que faziam comigo.
Quem eu estava me tornando?
Eu não era mais eu mesmo, vivia alheio, vivia tentando esconder algo de todos e o pior, escondendo de mim mesmo. Negando a existência de algo que era completamente real. Nada justifica o meu comportamento, nada justifica o jeito que tratei a Sakura, ela não merece nenhuma das palavras que disse a ela, muito pelo contrário, eu deveria ter pedido ajuda a ela, entretanto, eu não sei o que é isso, nunca fui ensinado a pedir ajuda para ninguém. Sempre fui ensinado a ser forte, ser independente, engolir o choro caso algo acontecesse e foi isso que eu fiz, esse foi o meu fim para me tornar essa pessoa amargurada.
Eu não podia ter tratado a Haruno dessa forma, sinto vergonha, sinto repulsa de mim mesmo, me tornei as pessoas que deram uma surra em mim e em Naruto à anos atrás por que estávamos apenas sendo nós mesmos, nos entregando aos nossos sentimentos e ao que sentíamos um pelo outro.
Eu o amei.
Me assumir na frente de todos foi um completo impulso, Sakura estava com raiva de mim, estava ferida por mim, aquilo me rasgou o peito por completo e as palavras apenas saíram da minha boca com toda a força, com todo o peso que mantive em meu peito durante anos e sentir ela me abraçar, me acolher, a pessoa com a qual eu fui um completo idiota, me aceitou e amparou em meio à confusão que estava dentro de mim.
Ela foi compreensível, foi doce comigo, me disse coisas que me fez pensar no quanto eu me contive por um mero preconceito criado pela sociedade. Quem somos nós humanos se não nos aceitar por completo, se não aceitarmos nossos desejos e sentimentos.
Eu a agradeci, não poderia estar mais envergonhado por tê-la tratado tão mal.
Quando vi meu irmão surgir na porta um arrepio percorreu a minha espinha, sim, depois de anos me assumi na frente dele sem ao menos estar olhando em seus olhos. Ele caminhou até mim depois da Sakura ter deixado o quarto e sentou ao meu lado colocando a mão sobre meu ombro.
— Eu amo você, Sasuke. — Lágrimas se formaram em meus olhos novamente. — Você poderia ter conversado comigo, eu sou seu irmão, vou te apoiar não importa o que aconteça. — Itachi me abraçou e me deixei chorar, me desmanchei em seus braços. — Nunca mais passe por algo sozinho, eu vou estar ao seu lado, sempre.
— Me... desculpe, Itachi. Eu... não sabia... o que fazer. — Minha voz sai falhada devido aos soluços do meu choro. — Eu... amo você, irmão. — Me afastei dele tentando recuperar minha respiração e sessar o choro. — Me desculpe ter sido um babaca, eu sei que nada justifica o que eu fiz... eu sei. — Abaixei a cabeça. Ele deu um sorriso singelo e passamos mais alguns minutos abraçados.
— Eu... quero descer. — Itachi assentiu com a cabeça e saímos do quarto em direção a cozinha. Quando chegamos todos estavam espalhados pelo espaço. Eu pigarreei chamando a atenção deles.
— Queria pedir desculpas a todos vocês pelo meu comportamento. — Todos me olharam incrédulos. — Sei que nada justifica o jeito que tratei a Sakura ou o Obito, você principalmente primo, durante anos fui um idiota, me perdoe. — Ele assentiu com a cabeça esboçando uma expressão de acolhimento. Sinto meus olhos marejarem e abaixei a cabeça, senti uma mão segurar a minha e olhei para o lado vendo a Sakura me olhando com um sorriso. — Me perdoem.
— Acho que uma festa seria uma ótima ideia! — Ino levantou animada da banqueta. — Bem vindo a República da Folha, Sasuke. A nossa família. — Todos sorriram e me senti bem como nunca me senti. Parece que um peso saiu das minhas costas, me sinto aliviado de todas as formas e o meu coração parece estar em paz.
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República da Folha - Reescrevendo
Fiksi PenggemarUm mundo altamente alternativo, no qual as pessoas precisam se esconder para serem aceitas, mas quando se tem a coragem de ser você mesmo, aceitando seus próprios desejos, não tem mais volta. Principalmente quando se livra de preconceitos e condutas...