Nós dois

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Shikamaru pov

Toda semana visitávamos o Kakashi no hospital e não estava sendo nada fácil, principalmente para o Obito e a Sakura, eu também não ficaria nada bem se eu tivesse que ver a Tema no hospital durante tanto tempo. Nós tentávamos dar o máximo de apoio que podíamos aos dois e uns aos outros. Já fazia três meses desde o acidente e nós tentávamos aos poucos voltar para a nossa rotina, mesmo que a angústia ainda tomasse o coração de todos, precisávamos seguir adiante. As aulas estavam ajudando a nos manter ocupados, eu acreditava que mente ocupada é o melhor remédio nessas situações, já que o sentimento de impotência nos assombrava a todo momento.

As aulas na UK sempre foram dignas de tirar a sanidade de qualquer um, tendo em vista que era a melhor universidade da região com um currículo extenso e complexo — seja lá qual for o curso — porém a semana de provas era um caso à parte. O campus parecia um inferno, os estudantes passavam o dia inteiro na universidade, para ser mais específico, na biblioteca.

Eu, por outra lado, sempre preferia estudar em casa, pegava os livros que precisava e me trancava no quarto para poder me concentrar, mas com a Temari lendo na mesma cama que eu, deitada de bruços com uma camiseta minha e nada além de uma calcinha minúscula que mal cobre qualquer coisa, com aquela bunda gostosa na minha frente, estava difícil de me manter focado. Confesso que a cada parágrafo que eu lia, eu me perdia alguns minutos analisando as suas curvas umedecendo os lábios, já que a minha energia não estava mais em estudar.

— Shikamaru? — Vi o estalar de dedos a frente dos meus olhos.

— Oi. — Acordei dos meus pensamentos um tanto quanto indecentes.

— Estou pensando em pedir uma pizza. — Ela encarou a tela do celular e virou o corpo deitando a cabeça em minha perna.

— Pede, Tema. Também estou com fome.

"Não era bem pizza que eu tinha em mente."

— Pode ser de calabresa? — Assenti voltando a leitura que eu estava tentando, com muito esforço, fazer a segundos atrás.

Passei mais algum tempo tentando ler as páginas do livro sobre comércio exterior e não demorou para eu ouvir a campainha, me levantei para atender a porta, caminhei toda a extensão do corredor e girei a maçaneta dando de cara com Itachi e Ino. Arqueei a sobrancelha meio confuso e eles só disseram que esqueceram as chaves passando por mim com rapidez para dentro da casa. A sorte é que o entregador chegou — eu realmente não queria ter que levantar novamente — fiz o pagamento e recebi a grande caixa quadrada, passei na cozinha em busca de guardanapos e refrigerante antes de voltar ao quarto.

[...]

— Você acha que o Kakashi pode acordar esse mês? — Temari me olhou levando a segunda fatia de pizza a boca.

— Não sei, Tema. — Dei um gole no refrigerante. — Mas eu espero que sim.

Antes ficávamos pensando se o Kakashi iria acordar naquela semana, depois se passou para aquele mês. "Quando foi que chegamos a isso?" Não é segredo para ninguém que a energia da República não era mais a mesma, todos andavam tristes pelos cantos, as refeições em silêncio e as festas que já não aconteciam mais, mal nos falávamos quando passávamos uns pelos outros. Viramos praticamente robôs tentando seguir uma vida que quase não fazia mais sentido sem ter o Hatake junto a nós. Tudo que queríamos era acordar desse pesadelo que parecia não ter fim. "Será que algum dia ele vai acordar?" essa pergunta sempre passa pela minha mente.

[...]

Sentei no banco de sempre depois da prova e respirei fundo sentindo o vento que corria entre as árvores em meu rosto. Já estávamos no inverno, em breve estaríamos de férias novamente e parecia que ninguém tinha sequer motivos para comemorar o fim de mais um ano letivo. Vi a Sakura vindo em minha direção e sorri para ela, que me retribuiu e sentou ao meu lado em seguida.

— Cadê a Tema?

— Ainda não saiu da prova. Cadê o Obito?

— Também não saiu. — Ela pegou o celular. Nem sei a quanto tempo eu não tenho uma conversa decente com ela.

— Você 'tá bem, Sakura?

— Ah... — a rosada largou o celular no colo e torceu os lábios —, tentando viver, Shika.

— Espero que esse pesadelo acabe logo. — Ela desviou os olhos ao chão e se manteve calada. Sinto saudades da Sakura sorridente e pervertida de sempre, mas claro que ela não seria a mesma sem o Kakashi.

— Shikamaru! — Olhei para frente e vi Temari correndo em nossa direção. — Você viu?

— O que?

— Nós passamos! — Ela gritou sorrindo.

— Nós? — Ela balançou a cabeça em positivo animada. Me levantei a abraçando e a girei. — Eu não posso acreditar!

— Gente, o que houve? — Sakura perguntou confusa.

— A gente passou na prova para o estágio no consulado. — Temari sorriu largo. Sakura levantou sorrindo e a abraçou.

— Parabéns! — Ela me abraçou em seguida. — Para vocês dois.

— Sakura! — Viramos os três para trás vendo Obito. — Vamos. — Ele acenou.

— Preciso ir, vamos visitar o Kakashi. — Ela saiu em disparada e eu e a Tema sentamos no banco e continuamos conversando sobre o estágio.

Queríamos a tanto tempo entrar para o consulado, ficamos nervosos durante semanas esperando o resultado e pelo menos recebemos uma notícia boa depois desses meses conturbados. Ano que vem vamos começar estagiando em um lugar que será muito importante para abrir as portas para a nossa carreira e isso me deixa muito feliz, afinal, não estamos ficando mais novos. Ver a Tema feliz depois de tanto tempo me aquece o coração.

— O que acha de comemorarmos? — Ela me olhou sorrindo.

— O que você tem em mente? — A loira entrelaçou nossos dedos.

— Jantar no restaurante novo que você queria. — Temari beijou meus lábios e acariciou a minha bochecha. — Nada vai estragar esse momento que é tão nosso, Shika.

— Como assim, Tema?

— Não quero pensar em nada além de nós dois hoje. Nos dedicamos demais para esse concurso, temos que comemorar e depois do jantar eu pensei em... — Ela mordeu o lábio. Estacionei a mão em sua coxa, subi devagar acariciando suas costelas e cheguei a sua nuca a puxando para um beijo, minha língua procurou a dela com certa urgência, já que a semana de provas foi longa e cansativa, mal tivemos tempo de nos dar a devida atenção que merecemos. Desci os beijos para seu pescoço e ouvi um gemido abafado perto do meu ouvido. — Esquece o jantar, vamos logo 'pro hotel.

— Como você quiser. — Sorri sacana recebendo um olhar cheio de luxúria. Essa noite será longa e eu não poderia querer comemorar de outra forma.

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